Tarde de segunda-feira, 21 de
janeiro. No Café do Celso há amenas conversas. Os petiscos, para todos os
gostos, vão-se distribuindo pelas mesas. Conforme os apetites. Ao lado do José
Augusto está uma mesa com um simpático senhor, também com o seu petisco, que, a
pouco e pouco se vai integrando no nosso diálogo.
Diz-nos então que aos onze anos
começou a amassar pão à mão. Os filhos não quiseram continuar os estudos e
preferiram seguir as pisadas do pai, no intuito de ganharem dinheiro por conta
própria. Tinham grande ambição. Também muito dinamismo. Como o pai.
Desconhecíamos aquele senhor,
ainda que sejamos covilhanenses de gema. Mas logo o Celso nos lembra que se
trata do senhor António Dias Santos, ilustre empresário de panificação.
E o entusiasmo do Sr. António em
contar a sua história raia-lhe os olhos. Dá gosto ouvi-lo. Setenta e seis anos
já conta no seu tempo de vida. Natural de S. Vicente da Beira.
Chegou a ter cinco patrões num
mês. Face à sua garra, mudou facilmente de emprego, no âmbito da mesma
atividade – a panificação. Mas também trabalhou de sol a sol, in illo tempore.
Em S. Vicente da Beira acaba por
ficar quase sozinho a trabalhar, aos 15 anos, somente com o patrão e um
aprendiz. Já toma conta da padaria.
Dali vem para a Covilhã,
exatamente no dia em que completa 18 anos de idade. Chega ao Manuel dos vinhos
que se situavam por detrás das antigas instalações da PSP, a S. Silvestre, mas
aqui para trabalhar na construção civil a fim de se preparar a abertura daquela
casa. Foram dois meses.
Conhecedor das suas excelentes
tarefas na panificação, o Sr. António Tavares chama-o para a firma Tavares &
Matias (padaria) durante um ano, então sediada em S. Martinho, perto do
Oriental. Surge-lhe, entretanto, uma formação em S. Pedro de Sintra, a cargo do
Estado. António Dias Santos diz-nos que “vim de lá um homem”.
Mas a sua vontade em fazer mais e
mais, leva-o a empregar-se na padaria de João da Fonseca Mimoso (Marroca), onde
está durante 22 anos, como encarregado de fabrico.
É presidente do Sindicato de
Panificação durante 12 anos, sendo que, no dia 25 de Abril de 1974 está a
negociar um Contrato de Trabalho no então Ministério das Corporações e
Indústria.
Pensa então em trabalhar de conta
própria, seguindo a vida empresarial. Em 1982 adquire a Padaria Abreu. O Sr.
António Dias ao tomar esta decisão é devido ao facto de os filhos terem
chumbado nos estudos e quererem ir estudar à noite para irem trabalhar. O pai faz-lhes
a vontade. O trabalho e estudo deles acaba porque passam a trabalhar com o pai,
na empresa que, entretanto, criam, com muito trabalho e alma, sempre a
progredir.
Nesta altura, possui a Padaria
Dias & Pereira, Lda, no Parque Industrial do Tortosendo, sendo constituída
por cinco sócios, todos familiares (O Sr. Dias, a esposa e os três filhos) e
tem já 40 trabalhadores.
Participam em vários programas
televisivos (TVI, CMTV, SIC e RTP), por via de terem ganho vários prémios,
conforme a comunicação social, incluindo a regional, deu conta.
Ganham os seguintes prémios
nacionais do “Melhor Pão Natural de Portugal”:
- 2017 – 1.º lugar: Regueifa
Tradicional da Beira Baixa;
- 2018 – 1.º lugar: Centeio
Natural Crocante.
Na categoria de “O Melhor
Bolo-Rei de Portugal” ganham em 2018, o 1.º lugar, com o “Bolo Rainha”, Medalha
de Ouro.
Também ganham prémios com “O Bolo
Rei” (normal) e “Bolo-Rei Escangalhado”.
Um empresário de sucesso, como
exemplo para os tempos que correm.
António Dias Santos pensa abrir
uma nova casa na Covilhã.
(In "Notícias da Covilhã", de 28-02-2019)
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