15 de maio de 2020

PELA PRIMEIRA VEZ, UMA EFEMÉRIDE EM TEMPO INSÓLITO

Nunca tinha acontecido no tempo das nossas vidas, um contexto de pandemia que nos obrigasse a condicionarmo-nos entre todos nós, remetidos numa primeira fase nas nossas casas, e depois um pouco mais aliviados mas sempre atentos à perigosidade latente e permanente entre todos os humanos.
Tudo se viu constrangido a uma revolução que muitos tiveram que inventar, mas na generalidade facilitada face aos meios tecnológicos que a modernidade nos trouxe e foi a forma de todo o mundo se poder adaptar à continuidade do desenvolvimento das suas atividades. Do natural passaria então ao virtual e ao digital.
Também o jornalismo teve de se fazer inventar, não deixando para trás quem já se habituara à leitura diária, semanal, quinzenal ou de outra periodicidade, em papel, a forma mais aceite para uma certa classe de longevidade.
Mas a tal modernidade que nos facultou os meios tecnológicos ao nosso alcance, quase para todos os gostos, veio também dizer-nos que a nossa adaptabilidade a uma nova vida terá de ser um facto a assinalar, terá se ser uma realidade.
No ano de 1963 nascia este jornal algarvio – O Olhanense – pela pena, coragem e persistência de Homens de rija têmpera, possivelmente aguentando algumas situações mórbidas na crítica próprias de um trabalho em movimento, mas de certeza muitos mais na contemplação positiva das páginas deste periódico, ao longo dos seus já 57 anos de existência.
Muitos jornais já nasceram e morreram durante este período. O Jornal O Olhanense tem perdurado na envolvência do amor votado ao Clube da sua Terra, e que é a base da sua génese, mas também para além do desporto, pois singra por uma veia cultural que irradia pela zona algarvia e outras abrangências.
Quem gosta de cultura e não é da zona onde o jornal tem os seus mais fervorosos leitores nota melhor as linhas direcionais que lhe incutem um cunho de satisfação para o periódico de uma região.
Por isso mesmo é de louvar a tenacidade de quem é resiliente e nalguma disrupção consegue manter o mar em águas tranquilas. Assim os que estão nas margens podem com O Olhanense desfrutar da sua leitura, ou ainda que seja do folhear das suas páginas quinzenais.
Um periódico tem muito trabalho, e muitos talvez não imaginem, mas quando o jornal tem no seu seio um Homem que se multiplica por várias vertentes do jornalismo, desde os artigos de opinião, memórias interessantes dos tempos d’outrora, entrevistas, o assim dizer “faz tudo”, é demasiado árduo para quem faz de três em um, ou até de mais. Já aqui referi em tempos que gostaria de ver também a colaboração feminina, como já tinha visto e gostado.
Da Beira Baixa e Serra da Estrela para o Algarve, em redor de Olhão, tive o privilégio de poder trazer algumas linhas do que vou escrevendo há mais de meio século,  e no Olhanense já lá vão mais de 25 anos, fruto de Personalidades que me souberam acolher na sua generosidade, numa ocasião em que escrevia a história do clube da minha Terra – a Covilhã, no contacto com a pesquisa de atletas que jogaram nos dois clubes (o mais popular Cabrita). Muito fiquei a dever na sua estima a uma figura que comigo colaborou telefonicamente, que nunca conheci, que já não está no mundo dos vivos, mas por ele tenho o maior respeito – Augusto Ramos Teixeira.
Depois viria Herculano Valente e, quando do seu falecimento pensei ver terminada a minha colaboração neste periódico, outra mão de imediato se estendeu, a do atual Diretor Adjunto, Mário Proença, por quem a minha consideração é enorme face ao que verifico nas suas tarefas em prol do Jornal. É obra!
A afabilidade do seu Diretor, José Isidoro Sousa, é para mim de incentivo a poder dar o meu modesto contributo para uma das páginas deste periódico, a quem desejo o maior sucesso, não só n’O Olhanense, jornal, mas mormente no Olhanense, clube do coração dos olhanenses, por quem tenho grande simpatia desde miúdo, quando o via deslocar-se à Covilhã para jogar nos idos tempos da I Divisão Nacional. Lembro-me de Filhó, Reina, Parra e outros. Saudades!
Os meus parabéns para o Jornal O Olhanense, e seus Obreiros, e que todos os anos possa acender a velinha do seu aniversário, mesmo que virtual, na continuidade de bem servir as gentes algarvias através dos conteúdos das suas páginas.

João de Jesus Nunes
jjnunes6200@gmail.com

(In Jornal "O Olhanense", de 15-05-2020)

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