Depois da Lua, agora é Marte. A
disputa, em plena Guerra Fria, fazia-se sentir entre a União Soviética (URSS) e
os Estados Unidos da América (EUA). Segundo Paulo Sousa Pinto, da Antena 2, “a
corrida ao espaço era o aspeto mais visível, e sobretudo mais utilizado pela
propaganda de ambos os lados, de uma realidade entre duas realidades
antagónicas, dois blocos políticos militares e dois modelos de sociedade. Cada
sucesso no lançamento de foguetes e satélites e, mais tarde, na corrida à Lua,
era largamente divulgado pela imprensa e tinha um enorme eco em toda a opinião
pública mundial”. O impacto dá-se com o lançamento do foguete que transportava
o 1º satélite artificial da História, pela URSS, chamado Sputnik, em 4 de
outubro de 1957, no Cazaquistão, ao ter entrado em órbitra após atingir a
altura de 223 Kms. Entretanto o aparelho foi consumido ao entrar na atmosfera
terrestre em 4 de janeiro de 1958. Constituiu um notável progresso na época,
por ter inaugurado a era espacial e desencadeado a corrida ao espaço entre a URSS
e os EUA. Um mês depois deste lançamento, em 3 de novembro de 1957, era lançado
o Sputnik 2, que levava a bordo o primeiro ser vivo, a famosa cadela Laika, a
qual viria a morrer de hipertermia depois de ter estado poucas horas em
órbitra.
Os americanos começaram mal a
corrida ao espaço já que o primeiro foguete, o Vanguard, lançado em dezembro de
1957, explodiu a dois metros do solo.
Havia razões mais profundas para
a competição. Envolviam armamento nuclear e o aperfeiçoamento de mísseis de
longo alcance. A corrida ao espaço teve o seu apogeu ao longo da década de 1960,
mas subsistiu até ao colapso da União Soviética, em 1989. Os EUA lançaram em 31
de janeiro de 1958 o Explorer 1, começando a corrida espacial. A visão sobre o
espaço vai além do medo das investidas bélicas dos EUA e da URSS. Passa a ser
um grande campo interessante e inexplorado, um enorme laboratório científico. O
Explorer 1 deixou de transmitir dados em 23 de maio de 1958, quando uma das
baterias se esgotou. O satélite permaneceu em órbitra por mais 12 anos e
reentrou na atmosfera, sobre o Oceano Pacífico, em 31 de março de 1970. Foram
então os EUA que se embrenharam em colocar o homem na Lua, através do Programa
Apollo, por via de um conjunto de missões espaciais coordenadas pela NASA
(agência espacial dos Estados Unidos), cujo objetivo de explorar a Lua foi
abandonado em dezembro de 1972. Entretanto, em 2005, a NASA anunciou planos
para a retomada das viagens à Lua. O projeto do Programa Apollo teve o seu
momento mais emblemático com o pouso da Apollo 11 no solo lunar em 20 de julho
de 1969.
Apenas 12 astronautas já pisaram
a Lua. O primeiro “pequeno passo para o homem, um salto gigante para a
humanidade”, conforme se referiu ao caminhar na Lua, foi dado por Neil
Armstrong, em 1969. O último, foi Harrison Schmitt, em 1972.
Agora, voltados para Marte, o
planeta vermelho. Esta exploração tem sido feita através de diversas sondas enviados
a Marte, pela NASA, norte-americana; JAXA, japonesa, ESA, agência espacial
europeia; Agência Espacial de Aviação Russa e ISRO, indiana.
Tal como se passou com a Lua, caberia
à URSS ser a primeira com o lançamento da sonda em 10 de outubro de 1960, mas
sem sucesso. Daí até aos dias de hoje, foram muitas as missões para Marte, de
ambos os lados. Nesta corrida espacial outras duas sondas chegaram recentemente
à órbitra de Marte (a Tianwen-1, da China, e a missão Hope, dos Emirados Árabes
Unidos), mas a Perseverance é indubitavelmente o mais complexo e ambicioso
projeto entre os três. Nesta maior missão a Marte da história, o “Perseverance”
pousou no planeta vermelho e marcou sucesso na NASA, tendo como tarefa buscar
vestígios de vida numa cratera onde se acredita que já houve um lago.
Recordemos a ficção no sonho de
atingir a Lua naquela ambição humana antiga, por muitos autores, como Júlio
Verne, no seu livro “De la Terre à la Lune”, de 1865; ou na ideia de uma
civilização marciana que passou para a imaginação popular, de H.G. Wells no seu
livro “A Guerra dos Mundos”, em 1898, em que a Terra seria invadida por
marcianos. Em 1938, Orson Welles fez uma adaptação do conto para a rádio, o que
causou algum pânico generalizado.
Florbela Costa, diplomada em
Engenharia Aeronáutica pela Universidade da Beira Interior (UBI), participou no
desenvolvimento do helicóptero Ingenuity, um dos equipamentos que acompanha a
robô da NASA Perseverance, que já se encontra em Marte.
O título saiu neste periódico com o nome "A corrida a Marte"
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