9 de abril de 2021

CONTE-NOS A SUA HISTÓRIA - MANUEL VAZ RODRIGUES

 Covilhanense de gema, radicado há muitos anos em Lisboa, ele é, atualmente, de há vários anos, o Presidente da Direção da Casa da Covilhã em Lisboa.

Não foi com facilidade que conseguimos obter a sua colaboração para este número, já que os seus dois netinhos (problema de muita gente) o têm ocupado, por força da sua filha e genro, médicos, com frequência se encontram impossibilitados de se ocupar totalmente dos filhos.

Figura amante do desporto, que ainda hoje pratica, esteve e continua ligado ao associativismo. Nasceu na freguesia de São Martinho e não esquece o Oriental, nem o Sporting da Covilhã que chegou a vestir a sua camisola nas camadas jovens. Sou uma das testemunhas da sua grande força em prol dos interesses do Concelho da Covilhã, em Lisboa, pronto para colaborar. Várias ações culturais se desenvolveram já na Casa da Covilhã, em Lisboa, não esquecendo a réplica da Feira de S. Miguel, que a pandemia veio interromper.

Se considerarmos que quem foi obrigatoriamente mobilizado para Timor foi bafejado pela sorte, temos que considerar que só o facto de se estar longe da família, em terras tão distantes, é já um problema, mas, neste caso, a sorte esteve do lado de Manuel Vaz.

Corria o ano de 1970 quando o mancebo Manuel entrou pela primeira vez numa unidade militar, por obrigação, neste caso o Batalhão de Caçadores 6, em Castelo Branco, onde fez a recruta e depois seguiu para as terras do Lis, onde tirou a especialidade de escriturário, no RAL 4. Daqui foi colocado em Abrantes, onde descreve a sua vida até ser mobilizado:

REESCREVER A HISTÓRIA OU COMPREENDÊ-LA

Como qualquer cidadão aprendi a História de Portugal nos livros oficiais do nosso ensino. Ainda na escola primária, no livro de história, recordo uma foto de Mouzinho de Albuquerque prendendo Gungunhana. A foto revelava a força do militar português contra a impotência do rei da Gaza que liderava a luta contra o colonizador português. Com o tempo, compreendi melhor o significado daquela foto…

Hoje, como naquela época, continuo a considerar Mouzinho de Albuquerque um grande militar português e convivo muito bem com o facto de Gungunhana ser um herói, um símbolo da luta pela independência para os moçambicanos.

Estávamos em julho de 1970. Cumpria o serviço militar em Abrantes (RI 8). Era uma quinta-feira. Recebo a informação verbal: “Foste mobilizado, vais para Timor”. Naquela época, mais cedo ou mais tarde todos aguardavam uma notícia daquelas. Bom, pensei, é melhor do que ir para a Guiné, onde, pelo que se sabe, a guerra estava bem “acesa”. No dia seguinte, segunda-feira, eu e um companheiro covilhanense, mobilizado para a Guiné, viajámos para a Covilhã para passar o fim de semana. Marcámos o retorno à Unidade para o domingo à noite, mas o meu amigo não apareceu… Alguns dias depois, recebi a informação de que ele tinha telefonado. Estava em França. Tenho para mim que, ao contrário de algumas respeitáveis opiniões, o ato de renúncia à guerra do Ultramar era, acima de tudo, um ato de muita coragem!... A 14 de fevereiro de 1971, meio ano após a mobilização embarquei no navio Timor que zarpou do cais de Alcântara. Em Timor comemorei 22 anos em pleno oceano Índico. A chegada ao Porto de Dili foi a 1 de abril, após 46 dias de viagem.

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O militar covilhanense, Manuel Vaz, por lá passou todo o tempo, no Quartel-General, cumprindo a sua missão, regressando à Covilhã em 10 de maio de 1973.

(In "O Combatente da Estrela", N.º 122, de abril de 2021)


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