Esta extinta instituição que
depois adotou o nome de Associação Protectora da Infância da Covilhã, mais
conhecida por “Asilo”, encontra ainda o seu edifício aparentemente em bom
estado, mas desocupado, há anos, onde funcionou um asilo (de duração efémera),
fundado em 25 de julho de 1871, e depois uma escola e a primeira biblioteca
covilhanense, já lá vão 150 anos. Situa-se na Rua Combatentes da Grande Guerra.
Este edifício que ainda
ostenta uma placa no exterior do edifício com a designação da instituição e até
uma haste onde se hasteava a bandeira nacional, bem se pode lamentar, e envergonhar,
do ostracismo a que tem sido votado por quem de direito.
Foi a minha escola primária,
onde entrei, pela primeira vez, em 7 de outubro de 1955, e o meu último
professor foi o inspetor Tendeiro que ainda hoje é um grande amigo e ambos
colaboramos culturalmente.
Esta instituição, antes da
criação da biblioteca municipal que abriu ao público em 1917, tinha numa das
suas dependências uma importante biblioteca com a designação de “Biblioteca Heitor
Pinto”, tendo sido inaugurada em 1882. Chegou a ser, na altura, uma das mais
importantes bibliotecas do País, a seguir a Lisboa, Porto e Coimbra.
Destinava-se a servir o público, e por isso se encontrava aberta às
quintas-feiras e aos sábados durante todo o dia. Possuía então, nas suas
estantes, cerca de três mil volumes, na sua maioria, encadernados. Encontram-se
atualmente na Biblioteca Municipal.
O principal fundador desta
Associação foi Francisco Joaquim da Silva Campos Mello, Visconde da Coriscada,
mas também teve em José Maria Veiga da Silva Campos Melo outro dinâmico
fundador não só da Associação Protetora da Infância Desvalida como da
Biblioteca Heitor Pinto.
Por razões que desconheço, o
valioso recheio para além dos livros que se encontram na Biblioteca Municipal,
e que era constituído por documentação, fotografias, e grandes quadros
retratando as figuras dos seus fundadores, além de outro material, como o
mobiliário da escola, foi atribuído judicialmente à Paróquia de Nossa Senhora
da Conceição. Encontrava-se então naquele espaço do conhecido “Asilo” até abril
de 2014, após o que, com base num evento cultural ali efetuado, a(s)
proprietária(s) do imóvel deu(deram) imediatas ordens à paróquia para que até
final do mês fosse retirado todo o material do recheio que não lhes pertencia.
Recordando esse evento, o
último na vida daquele imóvel que chora de abandono, foi o facto de no dia 19
de abril de 2014 a paróquia nos ter emprestado a chave para ali podermos tão só
fazer uma visita para memorizarmos os tempos da nossa escola primária, com uma
minha pequena palestra, onde se encontrava o antigo aluno, fadista, Nuno da
Câmara Pereira, a cujo convívio dei destaque nas páginas da comunicação social.
Alguns dos antigos alunos
presentes nesse convívio de saudade já não se encontram no mundo dos vivos.
Entretanto, por desejo de quem
é proprietário do imóvel, esta atitude nobre ali realizada foi transformada num
ato vociferante de despejo do recheio que, felizmente, o acolheu a Santa Casa
da Misericórdia da Covilhã.
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