Com a chegada do mês de setembro temos o fim do período de férias para a
generalidade dos Portugueses. O seu início está relacionado com a reabertura ou
reentrada. O mesmo que dizer: o regresso às atividades consideradas normais do
dia a dia.
As fortes trovoadas e chuvas que se têm feito sentir nestes últimos
dias assinalam que estamos mesmo muito
perto do outono, altura em que este número d’O Combatente da Estrela
chegará às mãos dos nossos estimados Associados e Leitores. Certamente já no
amarelar e início da queda das folhas das árvores. Todavia esperemos que a
lamentável conduta dos CTT, na parte que diz respeito à distribuição do correio,
não leve à situação que criaram com o número anterior que chegou atrasadíssimo
aos Leitores. Uma morosidade de que este Núcleo da Liga dos Combatentes não
teve a mínima responsabilidade.
Setembro é também o mês, este ano, de eleições autárquicas, a acontecerem
no dia 26 de setembro. Os dias que antecedem o ato eleitoral serão, certamente,
muito agitados, uma vez que há que contar espingardas para o maior
número possível de votos.
O orçamento do Estado para 2022 já está na mira dos políticos de todos os
quadrantes preocupados com o destino que vai ser dado aos dinheiros da “bazuca”
A propósito de eleições, também o Núcleo da Covilhã da Liga dos
Combatentes viu, finalmente, solucionada a formação do seu elenco diretivo,
ocorrido no dia 11 e com tomada de posse para o dia 21, a saber: Presidente da
Direção – João Cruz Azevedo; Secretário – António José Barbosa Gouveia Franco;
Tesoureiro – José Manuel Vicente Matias; 1º. Vogal – José Santos Cassiano; 2.º
Vogal – Carlos Alberto Fiadeiro; 1º. Suplente – José Santos Varandas; 2º
Suplente – José João Sutre. Na Assembleia Geral e Conselho Fiscal, continuam,
respetivamente, o Dr. Afonso Conceição de Mesquita e o Dr. João José Barata
Gomes.
Setembro foi ainda o mês em que se comemoraram 20 anos do famigerado
ataque às Torres Gémeas – aquela história trágica do World Trade Center. Eram
dois enormes arranha-céus idênticos que ganharam o título de edifícios mais
altos do mundo quando foram construídos, em Nova Iorque. A 11 de setembro de
2001 um devastador ataque terrorista roubou milhares de vidas e destruiu estes
edifícios emblemáticos.
Também neste mesmo mês assistimos à retirada definitiva dos americanos e
de outras forças estrangeiras do Afeganistão passando a ficar um país
mergulhado num caos com os talibãs. O retrocesso civilizacional está em marcha
neste país, apesar dos protestos de mulheres nas ruas, enquanto os Estados
Unidos continuam a medir as palavras e a China a encorajar o novo poder. Não há
lugar para as mulheres, exceto em casa.
“Vinte anos depois, é possível aceitar que o estado do mundo se agravou
nestas décadas inaugurais do século XXI. O ataque a Nova Iorque, a invasão e
retirada desastrosa do Afeganistão, a destruição da Síria e a afirmação do
Estado Islâmico no Médio Oriente ou sua presença no interior da Europa são
sintomas de uma ameaça difusa, sem rosto, traiçoeira e imprevisível, bem
diferente do ameaçador mas apesar de tudo entendível ‘equilíbrio de terror’ da
Guerra Fria. A dificuldade e o fracasso do ocidente na resposta a esta ameaça agravaram
a situação não apenas pela pressão que as migrações estão a causar nas
sociedades europeias, mas também pelo sentimento de impotência que perturba a
relação entre os cidadãos e os seus representantes políticos”, nas palavras de
Manuel Carvalho, in Público.
Ainda este setembro fica marcado fortemente pela morte do antigo
Presidente da República, Jorge Sampaio. Foi ele o autor do slogan “25 de
Abril, sempre”. Um Homem sem medo e corajoso. Como secretário-geral do PS
candidatou-se à Câmara Municipal de Lisboa à revelia do partido, conquistando a
mesma em 1989. Como principal adversário, Jorge Sampaio teve Marcelo Rebelo de
Sousa. Da campanha ficaram as imagens de Marcelo a tomar banho no Tejo, a guiar
um táxi e a limpar a estátua de Eça de Queirós. Sampaio viria então a
desagradar à esquerda por ter admitido a solução proposta por Durão Barroso de
ir para presidente da Comissão Europeia. Mas por fim dissolve o Parlamento em
30 de novembro de 2004, demitindo Santana Lopes de primeiro-ministro, pondo fim
ao XVI Governo Constitucional.
Algumas frases marcaram a vida de Jorge Sampaio: “Não há economia, nem
mercado, nem política, nem democracia sem esse cimento de base, a confiança.
Não há paz duradoura se a desconfiança minar as relações entre comunidades, povos
e nações, se o pacto social for rompido” – Público – 14-11-2016. “Não
deixa de ser – e peço desculpa pela expressão – anedótico, não fora o terrível
drama humano subjacente, constatar a cacofonia europeia gerada em torno do
acolhimento de escassíssimos 40 mil refugiados, agora acrescidos de 120 mil, no
universo populacional de 500 milhões de habitantes.” – 09-09-2015. “A crise
atual que as sociedades europeias enfrentam não é só financeira, nem económica,
nem política, mas é também uma crise de valores, de cultura e de civilização.”
– Lusa, 01-06-2012. “Há mais vida para além do orçamento. A economia é mais do
que finanças públicas”, discurso na cerimónia comemorativa do 25 de Abril de
2003. “Não há maiorias presidenciais. Serei o Presidente de todos os
portugueses. De todos, sem exceção”, discurso da posse, 09 março 1996.
Depois do amanhecer daquela sexta-feira, 10 de setembro, com a notícias
da morte de Jorge Sampaio, a comunicação social encheu-se de notícias sobre
esta grande Figura, desde “o construtor de pontes em política, um homem feliz
com lágrimas”, na pena da jornalista Leonete Botelho, do Público; assim
como “Tinha a ousadia de dar respostas inesperadas a perguntas incómodas. As
suas palavras eram assertivas, mesmo quando já estava muito debilitado”,
segundo Rosália Amorim, do Diário de Notícias.
O que é certo é que Jorge Sampaio nunca se reformou: depois dos holofotes
se apagarem sobre si, dedicou-se a causas humanitárias internacionais, primeiro
a luta contra a tuberculose, depois combatendo o extremismo na Aliança das
Civilizações e desde 2013 presidindo à Plataforma Global para os Estudantes
Sírios, de que foi fundador. Na véspera de ser internado com debilidades de
saúde que ditaram o seu fim lançava o apelo à solidariedade, desta vez para
promover a vida académica das jovens afegãs.
(In "O Combatente da Estrela", nº. 124, OUT/2021)
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