Não é aquele alimento caído do
céu que alimentou o povo de Deus (Israelitas) no deserto. Não. Mas é o cereal
que um dos maiores produtores do mundo, se não o maior, alimenta a maior parte
do Planeta. Não estamos nos tempos bíblicos, mas muitas vezes como que
pretendemos invocar esses momentos.
O trigo da Ucrânia, este país
martirizado por uma potência diabolizada, como largas vezes referimos, está a
dificultar-nos a chegada desse maná.
Se nos reportarmos à Bíblia, numa
das suas narrativas, perante a fome verificada em todo o lado exceto no país do
Faraó, Jacob envia os filhos ao Egipto para aí comprarem trigo e poderem viver
(Gn. 42). Assim aconteceu e ali foram recebidos pelo seu irmão José que, por ter
interpretado os sonhos do Faraó e propiciado uma gestão adequada do cereal
recolhido nos anos de grande produção, fora elevado á categoria de chefe e
governador do Egipto. A ele pertencia, por isso, conforme refere António
Salvado Morgada, in A Guarda, a gestão do comércio do trigo procurado
pelos povos vizinhos.
Agora, como também o mesmo
refere, “o problema do comércio do trigo não se encontra na seca, mas na
guerra. O trigo já terá entrado noutras guerras. Noutros lugares e templos.
Sempre que há guerra, o trigo, como outros cereais, entra na guerra. Até pela
sua ausência.”
Pois bem, o trigo entrando agora
na guerra, tornou-se uma arma beligerante. Faz subir os preços nas padarias,
chegando obviamente às nossas casas.
Esta maldita e evitável guerra da
Rússia contra a Ucrânia, destrói as searas, arrasa a economia dos povos que
neste cereal encontram uma das principais fontes de matar a fome.
Pena é que os senhores geradores
desta guerra não sintam a falta do trigo às suas mesas e que lhes façam
metralhar nos seus estômagos esta carência.
De facto, o trigo – este maná dos
tempos de hoje, e de sempre – entrando na guerra, tornou-se arma de guerra.
Inadmissível!
A guerra do trigo e dos cereais,
acompanhando a guerra das armas, é uma guerra da fome e de outros nomes para a morte.
E é assim que já estamos numa escassez
de produtos, prestes a bater às nossas portas com os industriais de panificação
a sentirem os elevadíssimos preços deste cereal.
O espetro da fome paira sobre os
mais pobres. Como irão ficar os países africanos?
Nesta presumível crise mundial
dos cereais prenuncia uma “guerra mundial do pão”.
João de Jesus Nunes
(In “Notícias da Covilhã”,
digital, de 07-07-2022)
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