16 de dezembro de 2022

FIGURAS MEDIÁTICAS DOS PROGRAMAS TELEVISIVOS








 


Neste final do ano da graça de 2022, trago aos prezados Leitores do quinzenário “O Olhanense”, e não só, figuras que foram e continuam a ser mediáticas, ao longo do ano que agora finda, prazerosas para uns, contestadas por outros. 

Algumas delas têm proximidades das suas origens nas Beiras. Esta teimosia de me alongar demasiado reverte-se no prazer que dedico às páginas desta prestigiosa publicação, ao longo de um quarto de século. Por isso as minhas desculpas para todos quantos se sentirem lesados com a minha pertinácia, sem olvidar o precioso espaço que ocupo neste Jornal.

Poderia ter escolhido outro tema, mas não era a mesma coisa. Assim, vamos ao assunto em título:

Ricardo Artur Araújo Pereira: - Nasceu em Lisboa em 28 de abril de 1974, é um humorista, jornalista e comentador político. O seu percurso escolar e académico foi inteiramente realizado em instituições ligadas à Igreja Católica – fez o ensino básico e secundário em colégios de freiras vicentinas e padres franciscanos e jesuítas. Licenciou-se em Comunicação Social e Cultural, na Universidade Católica Portuguesa. Antes do jornalismo, já revelava o seu gosto pela escrita e, particularmente, pela escrita para humor. No final do ano 1990 foi descoberto por Nuno Artur Silva e chamado a colaborar com este na Produções Fictícias, de onde saíram os textos para programas de Herman José. Por volta de 2003, depois das primeiras aparições na televisão, designadamente no programa de humor stand-up comedy, Levanta-te e ri, na SIC, Ricardo Araújo Pereira começa a fazer, junto de Zé Diogo Quintela, Tiago Dores e Miguel Góis, várias rubricas no programa de Fernando Alvim e Nuno Markl, O Perfeito Anormal, na SIC Radical. Seria a partir dessa experiência que davam arranque para o projeto Gato Fedorento, na SIC Radical e na RTP1. Também na RTP1 apresentou Diz Que É Uma Espécie de Magazine em 2007. Escreveu semanalmente no jornal A Bola e atualmente na revista Visão. Na TSF, depois na TVI24 e atualmente na SIC, integra o painel de debate Governo Sombra, apresentado por Carlos Vaz Marques e os comentadores Pedro Mexia e João Miguel Tavares.

Catarina Cardoso Garcia da Fonseca Furtado: - Nasceu em Lisboa em 25 de agosto de 1972, é apresentadora de televisão e atriz. Como apresentadora, já trabalhou no canal SIC e na RTP. Ao longo da sua carreira tem abraçado diversos projetos como atriz. Desde 2000 exerce a função de Embaixadora de Boa Vontade do Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA). É fundadora e Presidente da Associação Corações com Coroa. É filha do conhecido jornalista Joaquim Furtado (Joaquim da Silva Furtado), natural da Beira Baixa (Penamacor), que foi diretor de programação da RTP na década de 1990. No Rádio Clube, onde Joaquim Furtado regressou ao fim de três anos, lá se encontrava na madrugada do golpe de 25 de Abril de 1974. Com a ocupação da estação pelos militares do Movimento das Forças Armadas, seria a Joaquim Furtado que caberia a leitura do primeiro comunicado oficial do movimento. Casado com Maria Helena Cardoso Garcia da Fonseca, natural da Beira Alta, Souto, freguesia do concelho do Sabugal.

Catarina Furtado, a convite de Maria Elisa, mudou-se para SIC, em 1992. Em 1993 foi convidada para apresentar “Chuva de Estrelas”, programa que se tornou um fenómeno de popularidade, tornando a SIC em líder de audiências pela primeira vez. Passou a ser um dos rostos mais populares da televisão portuguesa e ganhou o epíteto de “namoradinha de Portugal”. Efetuou outros programas, assim como apresentou algumas galas daquela estação como os “Globos de Ouro”. Voltou à RTP em 2003, para apresentar o programa “Operação Triunfo”. Além de variados programas, em 2014 foi a apresentadora do programa “The Voice Portugal”, tendo em 2015 e 2016, com Vasco Palmeirim, apresentado novas edições deste programa. Em 2018 apresenta o Festival Eurovisão da Canção juntamente com Daniela Ruah, Filomena Cautela e Sílvia Alberto.

Em 2010 foi convidada pelo Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, para participar como Oradora na Cimeira do Milénio em Nova Iorque enquanto “Campeã dos ODM” e na Abertura Oficial do Ano Internacional da Juventude. Desde essa altura tem sido oradora convidada na Apresentação Pública do Relatório sobre o Estado da População Mundial, na Assembleia da República e no Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Do namoro com o músico e compositor João Gil, natural da Covilhã, nasceram algumas letras de canções. Essa colaboração ficou registada em vários álbuns e projetos do músico, como a Ala dos Namorados e Filarmónica Gil. Foi também editado o álbum Perdidamente – As Melhores do João Gil.

Cristina Maria Jorge Ferreira: - Nasceu na Malveira em 9 de setembro de 1977, é apresentadora de televisão e empresária.

Como acabou por não ficar na RTP, entrou no curso de apresentação lecionado por Emídio Rangel na Universidade Independente. Nos 6 meses de formação teve Manuel Luís Goucha e Júlia Pinheiro como seus professores. No final do curso fez castings e foi selecionada para o Extra, o programa diário do Big Brother, onde fez os seus primeiros diretos na televisão. Com menos de um ano de experiência na TV, foi convidada por Júlia Pinheiro e José Eduardo Moniz para apresentar, em conjunto com Manuel Luís Goucha, o programa Você na TV, talk show matinal transmitido pela TVI desde 2004 e que entre 2007 e 2019 foi o programa líder de audiências no seu horário de emissão. Em 2006 participou como concorrente no programa Canta Por Mim. Em 2009 teve uma pequena participação na novela da TVI Sentimentos, fazendo de si própria. Apresentou em 2011, também em conjunto com Manuel Luís Goucha, a 4ª edição do talent show Uma Canção para Ti. Em abril de 2011 foi considerada a melhor apresentadora da televisão do ano, na II Gala Troféus TV7Dias, sucedendo assim a Júlia Pinheiro que tinha sido a vencedora da 1.ª edição. Em 2012 voltou a apresentar um programa de horário nobre a um domingo, o talent show A Tua Cara Não Me é Estranha, ao lado de Manuel Luís Goucha, o mesmo acontecendo em 2013. Neste ano estreou-se a solo num programa de entretenimento ao domingo e em horário nobre na TVI, intitulado de Dança com as Estrelas, que decorreu durante o verão. De 1 de dezembro de 2013 até 2018, Cristina Ferreira foi Diretora de Conteúdos Não Informativos na TVI, em acumulação com o seu trabalho de apresentadora. A partir de março de 2017, passou a apresentar o concurso Apanha Se Puderes, que chegou a destronar o programa que era líder de audiências naquele horário (19h), O Preço Certo (RTP1). A 22 de agosto de 2018 é anunciada a mudança de Cristina Ferreira da TVI para a SIC. Após 16 anos na estação de Queluz de Baixo, a apresentadora mudou-se para a rival SIC, onde assume o comando do novo programa das manhãs e o cargo de Consultora Executiva da Direção-Geral de Entretenimento. Esta terá sido a contratação televisiva mais mediática da década de 2010 em Portugal. Assim, em agosto de 2018 Cristina Ferreira deixa de apresentar o “Você na TVI”. A 7 de janeiro de 2019, estreia na SIC “O Programa Cristina”, o primeiro programa apresentado por si desde a sua saída da TVI. Contudo, até dia 22 de fevereiro de 2019 ainda foram emitidos episódios de “Apanha Se Puderes” apresentados por Cristina Ferreira, criando assim uma situação pouco comum na TV portuguesa (em que uma personalidade televisiva de destaque aparece regularmente em dois canais rivais de TV, neste caso a SIC e a TVI). Tal situação prende-se com o facto de terem sido gravados vários episódios do concurso antes do anúncio da saída de Cristina Ferreira da TVI. Em 2019 também apresentou a Gala de premiação dos Globos de Ouro de 2019 no qual foi vencedora de uma das categorias a de “Personalidade do ano” na área de entretenimento. Durante a década de 2010, Cristina Ferreira passou a ser uma das figuras públicas mais mediáticas de Portugal. À data de 2017, Cristina Ferreira já era a profissional de apresentação de televisão mais bem paga em Portugal, mantendo esse mesmo estatuto aquando da mudança para a SIC, onde passou a receber um salário ainda maior.

A 17 de julho de 2020, Cristina Ferreira abandonou a SIC para voltar à TVI de onde saiu em agosto de 2018. Regressa à estação de Queluz de Baixo como diretora de entretenimento e ficção e como acionista da Média Capital, a detentora da TVI. A SIC pediu a Cristina Ferreira 20.202.501,21 euros pelo incumprimento do contrato de forma unilateral que vigorava até dezembro de 2022. No verão de 2021, Cristina Ferreira pôs fim à relação com António Casinhas. No mesmo ano foi considerada pelo Correio da Manhã através de uma votação feita pelo público, a mulher mais sexy de Portugal.






Filomena José Dias Fernandes Cautela: - Nasceu em Lisboa em 16 de dezembro de 1984, é atriz e apresentadora. Tem no currículo a participação em diversas telenovelas portuguesas e ainda a apresentação de programas de relevo na MTV Portugal e nos canais da RTP. Em 2003 participou na série infantil/juvenil “Morangos com Açúcar”. Participou no cinema e na televisão. Em 2005, vence o projeto MTV VJ Casting, lançado em junho com o objetivo de escolher o novo apresentador da MTV Portugal.

Após várias participações em programas e festivais, apresenta novamente o talk-show da RTP1, 5 Para a Meia-Noite, de 2015 a 2020. Em 2020 apresenta na RTP1 o concurso “Quem Quer Ser Milionário? – Alta Pressão”. Em 2021, apresenta na RTP1, um novo talk-show semanal com o nome “Programa Cautelar”. Este programa de 45 minutos junta informação com humor, bem como cada um dos seus episódios, abordando, com factos e análise, um tema importante do momento.

Sílvia Alberto: - Nasceu em Lisboa em 18 de maio de 1981. É apresentadora. Iniciou-se em televisão em 2000 como apresentadora do programa Clube Disney na RTP1, seguindo-se Clube da Europa na RTP2, em 2001. Simultaneamente apresenta o Programa da Manhã, na Mix FM, até 2002. Nesse ano, muda de estação e torna-se repórter da SIC. Popularizou-se como apresentadora do concurso musical Ídolos. Ainda na SIC, apresentou as edições de 2004 e 2005 dos Globos de Ouro com Herman José e Fátima Lopes. Regressou à RTP1 em 2006 com Dança Comigo. Entre outros programas de entretenimento esteve na apresentação de formatos como Operação Triunfo (2007/2008 e 2010/2011), Masterchef (2011), entre outros, bem como apresentou várias edições do Festival RTP da Canção. Desde 2015 até final de 2018 conduziu as entrevistas da Sociedade Recreativa. Apresentou o programa de talentos Got Talent Portugal na RTP 1.

Marco Paulo: - Nome artístico de João Simão da Silva, nasceu no Alentejo, em Mourão, no dia 21 de janeiro de 1945. É um dos mais populares cantores portugueses. Recebeu até hoje 140 galardões de platina, ouro e prata – e até um de diamante – por vender mais de um milhão de cópias, um recorde em Portugal. Marco é um dos músicos recordistas de vendas em Portugal, com vendas superiores a 5 milhões de cópias. Ficou em terceiro lugar no Festival da Canção da Figueira da Foz. Em 1967 participa no Festival RTP da Canção com “Sou Tão Feliz”. Foi depois para a Madeira cantar com Madalena Iglésias. A partir daí passou a profissional. É chamado para a tropa tendo ido para a Guiné-Bissau onde foi escriturário. No ano de 1972 fica em quarto lugar no concurso Rei da Rádio desse ano. O single “Eu Tenho Dois Amores”, editado em 1980 torna-se no seu maior êxito. Em 1981 é editado o single “Mais e Mais Amor” que atinge um disco de prata e dois de ouro, com 130 mil discos vendido. Em 1982 regressa ao Festival RTP da Canção com “Se Este Amor Acabar é o Fim do Mundo”. Disco de Ouro para o single “Anita”. Também é editada a coletânea “O Disco de Ouro” com os maiores êxitos dos primeiros 15 anos de carreira. O álbum vende mais de 140 mil exemplares (4 discos de ouro). Participou no Festival OIT com “Rosa Morena”. Na continuidade do seu sucesso, em 1990 é editado o álbum “De Todo o Coração”, com o grande sucesso desse disco nas canções “Um Amor Em Cada Porto”, “Ai Ai Meu Amor” e “O Amor é tudo”. Com o single “Taras e Manias”, de 1991, obtém cinco discos de platina (160 mil discos vendidos). É ainda lançada a coletânea “Maravilhoso Coração” com 25 sucessos. Em janeiro de 1993 é editado o álbum “Amor Total” que se torna em mais um campeão de vendas. A partir de abril de 1994 apresenta na RTP o programa de televisão “Eu Tenho Dois Amores” com grande sucesso. Desde 5 de junho de 2021 o artista tem um programa semanal na SIC, “Alô Marco Paulo”, apresentado por si e por Ana Marques.

Tânia Ribas Dias de Oliveira: - Nasceu em 18 de junho de 1976, em Lisboa. É apresentadora de televisão. É casada pela Igreja desde 25 de julho de 2009, sendo católica praticante. O seu primeiro trabalho televisivo foi como repórter de exteriores da Sport TV, no ano 2000. Estagiou na RTP em 2002-2003, canal onde se encontra atualmente no programa Bom Dia Portugal, como repórter de exteriores na Volta a Portugal em Bicicleta, na Operação Triunfo, no programa Praça da Alegria. Além de outros, desde o dia 17 de setembro de 2007 até janeiro de 2013 apresentou o programa “Portugal no Coração” (talk show da tarde), com João Baião, e depois sozinha. Apresentou também Fatura da Sorte, e desde 22 de setembro de 2014, “Agora Nós”, também na RTP. Em 2018 apresentou juntamente com Sónia Araújo, a segunda semifinal do Festival da RTP da Canção 2018. O novo programa das tardes da RTP, talk show “A Nossa Tarde”, apresentado por Tânia Ribas de Oliveira que se estreou em 22 de abril de 2019, substituiu o “Agora Nós”. Foi pensado a partir da essência da apresentadora. Tem, por isso, um lado mais emocional, com base em histórias com final feliz, e um lado muito divertido, ou não fosse a nossa Tânia uma pessoa que gosta de dar umas belas e sonoras gargalhadas.

Mental Samurai: - É um concurso de televisão apresentado por Pedro Teixeira e transmitido nas noites de sábado na TVI. Até final da 3ª. temporada, apenas 1 concorrente arrecadou o primeiro lugar, tendo respondido acertadamente a 20 perguntas e vencido os 50.000 euros. O episódio ocorreu na 2.ª temporada, no dia 18 de janeiro de 2020, no momento em que Beatriz Albergaria se tornou a primeira Mental Samurai de Portugal.

Circulatura do Quadrado: - É um programa de televisão, emitido na TVI24 por volta das 23 horas de quinta-feira, que anteriormente passava na SIC Notícias com o nome de Quadratura do Círculo, que se dedica a comentar questões de caráter político, social e económico. O programa esteve no ar na SIC entre 2004 e janeiro de 2019, e na TVI24 desde 2019. Desde 2020, o elenco é o historiador José Pacheco Pereira, Ana Catarina Mendes e o advogado e gestor de empresas António Lobo Xavier, com a moderação do jornalista Carlos Andrade. Na sua última versão antes de mudar de canal fazia parte do elenco o gestor de empresas e ex-ministro Jorge Coelho, entretanto falecido. O programa é retomado na T&VI24, a 7 de fevereiro de 2019, mas comn outro nome, “Circulatura do Quadrado”. Entretanto, ainda antes de falecer, o comentador Jorge Coelho foi substituído por Ana Catarina Mendes.

Geometria Variável – Antena 1 e RTP Play: - É um programa matinal, diário, da jornalista Maria Flor Pedroso, com Nuno Severiano Teixeira e Carlos Coelho. Geometria variável, um nome que encerra um conceito: pode ter convidados e emissões especiais.

 

João de Jesus Nunes

jjnunes6200@gmail.com

(In “O Olhanense”, de 01-12-2022 e 15-12-2022)


14 de dezembro de 2022

QUANDO O MENINO SUCEDEU AO SOL

 


Aproximamo-nos da Quadra Natalícia, este ano, da tarde do sábado de 24 de dezembro até à tarde de quinta-feira, 5 de janeiro de 2023, nesta sucessão de datas comemorativas que acontecem no final do ano e início do ano gregoriano. Engloba quatro cerimónias importantes na maioria das igrejas cristãs, sendo os eventos que ocorrem nesta época, o dia de Natal (25 de dezembro), Ano Novo (31 de dezembro), Paz (1º de janeiro), a Epifania do Senhor/Dias de Reis (6 de janeiro). O Natal, a Paz e a Epifania do Senhor são duma forma geral cerimónias cristãs, sendo que as restantes são de comemoração coletiva, quer nos crentes católicos quer noutros não crentes. É assim que a junção destas quatro cerimónias dão origem À Quadra Festiva ou Quadra Natalícia.

Poderia vir falar de variadíssimos temas de que o ano 2022 foi rico, mas direcionei-me para a vertente natalícia, tão desejoso do encontro de perspetivas de paz, de que este período é favorável.

Conforme refere Helena Neves num artigo no Público, de há dúzia e meia de anos, antes do Menino foi o Sol, esta estrela que é fonte e símbolo de vida que, ciclicamente desaparecia cada vez mais cedo no horizonte e tardava cada vez mais a nascer. O mistério das noites tornadas mais longas inquietava os povos como ameaça à vida. Havia sempre a esperança de que o sol crescendo de novo, sucedesse a esse tempo de trevas teimosas que os romanos denominariam de solstício – do latim sol e de stare, parar – de inverno, mas também o temor de que assim não fosse. Daí os rituais de todos os lugares, desde o período do Neolítico. Apelando a um outro ciclo de luz, porque luz é, por excelência, o símbolo da vida. Em todas as manifestações cósmicas, a luz sucede às trevas. Por isso, o parto é designado como “dar á luz” a vida que vem do interior, sombrio e húmido, do corpo da mulher. Em contraste, as trevas, associadas à morte, representam um universo misterioso, temível. É na noite que despertam os nossos medos. É neste contexto de medos e de esperança, de ultrapassagem da terra nua e sombria para a terra prometida, que nasce o Natal. Enraizando-se nos cultos mais remotos, depois da Igreja instituída ter compreendido que somente integrando o simbolismo inerente aos rituais do solstício de inverno, transformando-o num sentido cristão, poderia neutralizar toda a energia pagã e utilizá-la na expansão do cristianismo favorecida por condições políticas e sociais específicas: a conversão do imperador Constantino, consagrando-o como religião do Estado, o desenvolvimento do comércio entre os povos e o proselitismo dos missionários, essencialmente a partir dos séculos XV e XVI, com as descobertas e o início da colonização europeia.

Tornada impulso estratégico neste processo, a celebração do Natal como nascimento de Cristo ultrapassaria as fronteiras originárias pagãs e religiosas, impondo-se como uma festa universal.

A míngua dos dias levava os povos a temerem as noites do solstício de inverno e a ascenderem fogueiras e madeiros, chamas vivas de luz, apelando à aurora. E, finalmente, quando passava a noite mais longa e a manhã nascia, os povos saudavam o sol. Para os judeus, era a Festa das Luzes, e os fenícios chamavam-lhe o “Despertar de Hércules”. Em Roma celebravam-se as saturnais, festas em honra de Saturno, deus das sementeiras. As festas celebravam-se de 19 de dezembro a 1 de janeiro assinalando 12 dias e 14 noites, intervalados entre ciclos opostos da lua. A pressão dos cultos pagãos e de correntes no seio da Igreja levaria, no entanto, a Igreja a assumir como celebração o nascimento de Cristo no mundo. Mas como datá-lo? Os textos evangélicos que o referem, os Evangelhos de S. Lucas e de S. Mateus são omissos. S. Lucas fala dos pastores e dos seus rebanhos vindo saudar o Menino (S. Lucas,II.8), o que obviamente se enquadra na primavera. E, efetivamente, foram fixados o dia 25 de março, equinócio da primavera e até o dia 20 de maio. O que não resolvia a continuidade dos rituais ancestrais. Daí que a Igreja se aproprie de datas de interiorizado simbolismo no imaginário popular, escolhendo-as para assinalar o nascimento de Jesus, que passa a ser festejado a partir do século IV, depois de o cristianismo ser declarado religião oficial do Estado pelo convertido imperador Constantino. Todavia não se verificará unanimidade no universo cristão que se divide em duas datas. A Igreja do Oriente escolhe para nascimento e simultaneamente para adoração dos Reis Magos e batismo de Jesus, o 6 de janeiro, Dia da Epifania. A Igreja do Ocidente escolhe o 25 de dezembro, nascimento de Cristo, dia fixado definitivamente em 354 pelo calendário fitocaliano, e, a partir de 379, imposto por Roma a todo o Império. O Sol cede assim o lugar ao Menino. Santo Agostinho, admitindo, implicitamente, a origem pagã da data natalícia, exorta os cristãos a festejarem a 25 de dezembro não o Sol, mas aquele que criou o Sol.

Aproveito esta oportunidade para desejar ao Fórum Covilhã as maiores felicidades para a continuidade do seu sucesso editorial, após os seus onze anos de vida, celebração ocorrida em 29 de novembro.

Votos de um Feliz Natal para todos os prezados Leitores do Jornal Fórum Covilhã, Diretor e todos os seus Obreiros e Familiares.

João de Jesus Nunes

jjnunes6200@gmail.com

 

(In “Jornal Fórum Covilhã”, de 14-12-2022)

             

12 de dezembro de 2022

CONTE-NOS A SUA HISTÓRIA JOÃO JOSÉ DE JESUS PEREIRA

 






Neste número trazemos as memórias do antigo combatente na Guiné, covilhanense sobejamente conhecido, que estudou na Escola Industrial e Comercial Campos Melo (EICCM), onde tirou o Curso Geral do Comércio e depois os complementares, tendo aí desempenhado funções docentes como professor de grafias e datilografia. Era então o tempo em que ainda não existiam os computadores nem a Internet mas tornava-se imperativo para certos domínios, nomeadamente nas empresas, no âmbito das contabilidades, os conhecimentos da utilização das letras francesa, inglesa, a cursiva (e alguns chegavam ainda à letra gótica).

Nasceu em 5 de dezembro do ano da graça de 1948. É casado, tem três filhos e quatro netos.

Iniciou o serviço militar com a sua incorporação no dia 14 de julho de 1969, no Curso de Sargentos Milicianos (CSM), por obrigação, na Escola Prática de Artilharia (EPA) em Vendas Novas, onde fez a recruta, e a especialidade de Atirador. Terminada a especialidade, e consequentemente o CSM, seguiu para o RAL 5, em Penafiel, no dia 5 de janeiro de 1970. Aqui, já como 1º Cabo Miliciano, foi mobilizado para a Guiné, tendo embarcado em Lisboa, no Uíge, em 18 de julho de 1970, tendo então já sido promovido a Furriel Miliciano.

Chegou a Bissau onde desembarcou, tendo ficado mais de um mês em Comuré (perto de Bissau) conjuntamente com mais companhias que, entretanto, se juntavam. Seguiu depois para Geba onde fez a sua comissão. Aqui os pelotões iam rodando pelos vários destacamentos, que distavam entre si, de 15 a 20 quilómetros da sede da Companhia – Geba. O Furriel Miliciano João Pereira logo foi destacado para Sarebanda onde esteve dois meses, regressando por imposição do Comando à sede da companhia a fim de substituir o vagomestre que não desempenhou bem o seu cargo, tendo sido punido e passado a atirador. Daqui beneficiou João Pereira desta substituição, que veio a desempenhar o cargo, para o qual não estava inicialmente indicado, com toda a competência e honestidade.

Sendo certo que a zona onde se encontrava (bastava referir-se à Guiné) era toda perigosa, várias vezes ia fazer reabastecimentos, mormente a Bafatá. Teve ainda a sorte de o primeiro ataque que o inimigo (IN) fez à sede da Companhia, em Geba, se encontrar no gozo férias na Metrópole, ou seja na sua Terra – a Covilhã.

Face às funções que então lhe haviam sido atribuídas, passando a não sair da sede da Companhia para o mato, teve, no entanto, o ataque do IN a um destacamento da mesma, necessitando de se socorrerem os seus camaradas. Os que iam em socorro, pelo caminho foram emboscados, a meio do percurso, tendo sofrido seis mortes e vários feridos graves. Nesta altura, o Furriel João Pereira encontrava-se na sede da Companhia.

Cumpriria o seu tempo de serviço militar obrigatório, regressando à Metrópole em 23 de junho de 1972, com passagem à disponibilidade em 16 de julho do mesmo ano.

Na sua situação de vida civil, regressou à E.I.C.C.M, na Covilhã para continuar a sua atividade docente, mas, após o 25 de Abril de 1974 seria colocado em várias escolas, nomeadamente Amora, Lisboa e Alverca. Em Lisboa, na Escola Ferreira Borges, encontrou-se com o seu antigo professor de grafias da EICCM, Joaquim Passas, passando a desempenhar a mesma função, agora como colegas. Por volta do ano 1980 deixou o ensino, regressou à Covilhã, ingressando no Instituto dos Têxteis. Com a sua extinção, ingressou na Universidade da Beira Interior (UBI), onde se aposentou.

 

 

(In “O Combatente da Estrela”, nº. 129, DEZ/2022)

DO MEU PONTO DE VISTA

 

Chegámos a mais uma etapa das nossas vidas neste planeta, atingindo o último mês do ano. Certamente que os prezados leitores quando lerem este editorial já terão deixado o equinócio do outono e passado para o solstício de inverno. É sinal de que estamos muito perto do Natal, período muito familiar de todos nós.

É também ensejo de se fazer uma retrospetiva do que se passou durante o ano que agora finda. Numa altura em que se vira mais uma página da nossa vivência na desejada direção de podermos contar mais 365 dias.

Depois de uma pandemia, que ainda ameaça persistindo com outras variantes, veio o terror beligerante da Rússia a invadir a Ucrânia, um país independente, qual lobo esfaimado.

Pelo caminho tivemos eleições na Itália e no Brasil, com efervescência nas hostes de cada país, paradoxalmente com o sentido de governar entre duas personalidades de campos opostos.

A rainha Isabel II terminou a sua longevidade de monarca e o mundo assistiu a vários dias de luto britânico e dos Reinos da Comunidade de Nações.

E talvez o Brexit tenha sido uma má aposta, com a demissão de Boris Johnson a provocar uma aceleração de sucessores, com Liz Truss (a quem Isabel II ainda deu posse) a governar apenas 49 dias, passando o testemunho a Rishi Sunak.

No retângulo à beira-mar plantado sopram ventos de alguma indefinição na maioria absoluta de António Costa, com Marcelo Rebelo de Sousa a querer equilibrar as forças, tentando algumas vezes querer agradar a Deus e ao Diabo.

E, como a banda vai passar, viajo para outro capítulo.

Na revista Combatente, de setembro de 2022, Joaquim Chito Rodrigues, Tenente-general e Presidente da Liga dos Combatentes desenvolve uma narrativa sob o título “Quando Viajar Significa Trabalhar”, respeitante a algumas críticas nas redes sociais sobre um convite a respeito de uma sua viagem a Timor-Leste, sendo que, no referido texto, também diz “Não esquecemos África, onde as ‘viagens’ de elementos da DC, à Guiné, Angola, Moçambique, Cabo Verde e S. Tomé significa, percorrer picadas, descobrir campas, levantar e lavar ossadas de camaradas caídos durante a guerra, dignificar áreas cemiteriais, construir ossários, trasladar restos mortais a pedido das famílias e lutar pela conservação do trabalho feito”. E termina: “Enfim, vividos num exigente período da Vida de Portugal que a História não vai esquecer”.

Não contesto as palavras do Presidente da Liga dos Combatentes, e de todos os elementos da Direção Central, e dos Núcleos, que viajam em prol das tarefas de apoio aos antigos combatentes e familiares, numa ação humanitária digna de alto registo. Mas não posso omitir  estar ao lado daqueles que, tendo sido obrigados a deixar as suas famílias (a mãe do sócio nº 1 deste Núcleo faleceu ao despedir-se do filho que foi mobilizado para S. Tomé e Príncipe), fizeram as suas viagens, de longas horas, de muitos dias, quantas em situações deploráveis, também para Cabo Verde e Timor, esta de 50 dias de ida, e outros tantos de regresso, como me relataram antigos camaradas, e serem excluídos da qualidade de “Combatentes” por força do famigerado artigo 2º do Estatuto do Antigo Combatente. Nestas então designadas Províncias Ultramarinas, hoje Colónias, em muitas lugares não havia nada, mas havia a grande saudade e ausência das famílias, cujas viagens eram impossíveis de efetuar para uma breve visita durante as férias.. E, em algumas das colónias de Angola, Moçambique, e mesmo Guiné, alguns Combatentes tiveram a dita de não sair das cidades (geralmente as mais importantes ou capitais), ou dos gabinetes dos Comandos.

A minha dúvida subsiste em se foi feito algum esforço no sentido de se fazer justiça, ou julgar por manter uma aparente injustiça, com o Estatuto do Antigo Combatente inalterável.

Deixo este assunto à reflexão de quem de direito.

Votos de um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo.                 

 

João de Jesus Nunes

jjnunes6200@gmail.com

 

(In “O Combatente da Estrela”, nº. 129, de DEZ/2022)

4 de dezembro de 2022

A PADROEIRA DA COVILHÃ (Já publicado no “Notícias da Covilhã”, em 27-10-2016)



 

“Qual a razão de Nossa Senhora da Conceição ser a padroeira da Covilhã, ou seja, qual a justificação histórica, religiosa, cultural ou outra que levou a essa atribuição específica à nossa cidade?” É uma pergunta que me foi colocada por um covilhanense, radicado em Lisboa.

Não é fácil encontrar essa razão, duma forma particular para a Covilhã, porque as fontes consultadas são escassas e não conduzem a uma clareza, mas antes a uma suposição, sendo que também era nosso desiderato conhecer verdadeiramente a sua génese, assim como a da Paróquia da Conceição, considerada padroeira Nossa Senhora da Conceição mas cujo patrono é S. Francisco de Assis, e, por isso, a Igreja é mais conhecida por Igreja de S. Francisco.

 Várias têm sido as festas e peregrinações de Nossa Senhora (sem especificar o título, mas mais referenciadas com o de Fátima), que passaram pela Covilhã, com pompa e circunstância, nas décadas de 40, 50 e 60 do século passado, a que já fiz referência em artigos publicados no Notícias da Covilhã, em 2004, 2008 e 2012, relacionados mais com o Monumento a Nossa Senhora da Conceição. Já no atual século surgiram duas peregrinações de Nossa Senhora no Arciprestado da Covilhã: 4 de janeiro a 1 de fevereiro e 2009; e no dia 9 de outubro de 2015.

A devoção a Nossa Senhora é uma história secular e glorificante que arrancou logo nos primórdios da Nacionalidade. Sedimentou-se e alargou sobretudo com a Restauração no século XVII. A maior parte das catedrais, como a da diocese da Guarda, criada em 1203, e grande número de igrejas paroquias, tomaram a Virgem Maria para padroeira das suas catedrais. Já o Conde D. Henrique e D. Teresa, a 12 de abril de 1120, doaram o couto de Braga “à Virgem Maria, em cuja honra estava fundada, na cidade de Braga, a igreja metropolitana”. D. Afonso Henriques, ao tomar as rédeas do governo, elegeria Santa Maria de Braga para padroeira e rainha de Portugal nascente. D. João I que tinha grande devoção à Virgem Maria, particularmente à sua Assunção, cuja vigília coincidia com a da grande vitória de Aljubarrota, fez a promessa, que cumpriu, quando da batalha de Aljubarrota, de ir a “pé a Santa Maria da Oliveira, que era na vila de Guimarães”.
Todas as catedrais portuguesas foram dedicadas, em 1394, ao mistério da Assunção, por bula de Bonifácio IX. Este ambiente assuncionista levou os fiéis a tomarem a Senhora da Assunção como sua protetora e padroeira de Portugal. O Santo Condestável Nuno Álvares Pereira, como grande devoto da Virgem, ia haurir forças para os combates diante da sua imagem, andando a peregrinar de igreja em igreja, às vezes a “pé e descalço em romaria a Santa Maria”. Conquistada Ceuta, a 21 de agosto de 1415, o Infante D. Henrique enviou uma imagem de Santa Maria, mandando-lhe pôr o nome de Santa Maria de África. Assim como mandou levantar no Restelo, na margem direita do Tejo, um templo a Santa Maria de Belém. Antes de embarcarem para a viagem da descoberta do caminho marítimo para a Índia, Vasco da Gama e outros capitães passaram em vigília, nesta capela do Restelo, a noite de 7 para 8 de julho de 1497.

Encontrando na Virgem uma proteção sempre pronta, os portugueses foram levados a considerá-la como padroeira da Nação. Este padroado, embora não se conheça proclamação oficial anterior à de D. João IV em 1646, já era reconhecido desde o século XIV, pelo menos, como o demonstram vários documentos.

Mas porque também à Covilhã diz respeito, a Virgem Maria foi ainda chamada Santa Maria de Agosto, em vez de Assunção, como o fizera D. Afonso III, ao fixar, em 1260, a feira da Covilhã.
O século XIX foi também um século marcadamente mariano, e o patrocínio de Maria, nas horas amargas da descristianização de muitos, e desânimo de tantos, aparecia como uma tábua de auxílio e salvação.

Mas se Portugal tinha já uma especial e oficial devoção e crença na Imaculada Conceição (provisão do rei D. João IV, de 25/3/1646), elas ampliaram-se com a definição desse dogma (8/12/1854).

Quanto à Covilhã, enquanto que em 13 de maio de 1946 era coroada a imagem de Nossa Senhora de Fátima, da Capelinha das Aparições (coroa oferecida pelas mulheres portuguesas); em 13 de maio do ano seguinte, o pároco de S. Pedro da Covilhã, padre José Domingues Carreto, impulsionava com grande entusiasmo a coroação da imagem de Nossa Senhora de Fátima da freguesia de São Pedro, com a coroa em ouro, objeto de oferta voluntária de senhoras daquela freguesia, cujas cerimónias, com grande brilhantismo, tiveram lugar no Pelourinho.

Mas já antes, no dia 10 de outubro de 1904, era inaugurado na Covilhã o monumento a Nossa Senhora da Conceição (imagem que, tendo sido mandada construir em França, veio vestida de Nossa Senhora de Lourdes, por lapso dos franceses), fruto duma comissão de pessoas gradas da Covilhã que resolveu consagrar a Cidade a Nossa Senhora, nas comemorações das bodas de ouro da proclamação dogmática da Imaculada Conceição de Maria. Dessa comissão faziam parte, entre outros, os padres João Rodrigues Mouta, Gregório Lopes Arroz, José Costa Tavares e Oliveira Pinto. Para além da Câmara Municipal da Covilhã também integrou a comissão o 1.º Conde da Covilhã, Cândido Calheiros; o Dr. João Ferraz de Carvalho Megre e Gregório Baltazar.

Não conseguimos encontrar qualquer referência concreta à origem de Padroeira da Covilhã. No entanto, na parte final da ata n.º 19 da Reunião Ordinária da Câmara Municipal da Covilhã, de 12 de maio de 1943, o Vereador Dr. António Pereira Espiga Júnior “falou acerca do grande êxito espiritual que foi a Solene Consagração do Concelho da Covilhã a Nossa Senhora da Conceição, realizada por promoção da municipalidade, no passado dia 9. A romagem ao Monumento à Virgem foi impressionante de beleza e de fé e nela se incorporaram perto de dez mil pessoas. A consagração escrita pelo Senhor Presidente (Dr. Luís Victor Tavares Batista) e lida por ele, estando rodeado de todas as Juntas de Freguesia do Concelho, é um belo documento cristão (…)”.

No “Notícias da Covilhã” de 16 de maio de 1943 fazia grande referência à “Consagração do Concelho da Covilhã ao Imaculado Coração de Maria”: “Na Colina Sagrada do nosso Monumento à Imaculada Padroeira de Portugal, tem este lugar sido teatro de atos religiosos e patrióticos da maior grandeza e solenidade; desde a sua inauguração em 1904 têm-se ali juntado milhares de pessoas implorando a proteção da augusta Padroeira da nossa Terra. Julgamos porém poder afirmar que a romagem do passado domingo foi a mais importante de todas pela sua projeção nacional e pelos efeitos que deve ter em benefício da Covilhã. A resolução corajosa do Exm.º Presidente da Câmara de consagrar o concelho ao Imaculado Coração de Maria transcende, na ordem moral todos os empreendimentos que o seu consulado camarário tem realizado e está realizando no progresso material da Covilhã. (…) Ora, o Senhor Presidente da Câmara da Covilhã (…) quis ter a nobreza de, antecipando-se a outras regiões do país, seguir atrás do Santo Padre Pio XII e dos Venerandos Prelados Portugueses, entregando-nos e confiando-nos à proteção daquela que sendo Mãe de Deus é, tem sido e será a amada Padroeira de Portugal. (…) Com as nossas felicitações ao Senhor Presidente da Câmara, só nos resta fazer votos por que a Virgem Imaculada se tenha benigna e maternalmente dignado receber os destinos do nosso Concelho”.

A única vez que se falou no termo “Padroeira” foi aquela acima, “Padroeira da nossa Terra”, pelo que é natural que, de todos estes eventos solenes, saísse, de forma intrínseca, o reconhecimento de que Nossa Senhora passara a ser também designada Padroeira da Covilhã, como já o era do país, e de tantas outras cidades, com as várias denominações: Fátima, Assunção ou Conceição.

Seja como for, ainda que de forma consuetudinária, Nossa Senhora jamais deixará de ser a Padroeira da Covilhã e da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, na fé de todos os Covilhanenses.

João de Jesus Nunes

jjnunes6200@gmail.com

(In “Notícias da Covilhã”, de 27/10/2016)