Chegámos a mais uma etapa das
nossas vidas neste planeta, atingindo o último mês do ano. Certamente que os
prezados leitores quando lerem este editorial já terão deixado o equinócio do
outono e passado para o solstício de inverno. É sinal de que estamos muito
perto do Natal, período muito familiar de todos nós.
É também ensejo de se fazer uma
retrospetiva do que se passou durante o ano que agora finda. Numa altura em que
se vira mais uma página da nossa vivência na desejada direção de podermos
contar mais 365 dias.
Depois de uma pandemia, que ainda
ameaça persistindo com outras variantes, veio o terror beligerante da Rússia a
invadir a Ucrânia, um país independente, qual lobo esfaimado.
Pelo caminho tivemos eleições na
Itália e no Brasil, com efervescência nas hostes de cada país, paradoxalmente com
o sentido de governar entre duas personalidades de campos opostos.
A rainha Isabel II terminou a sua
longevidade de monarca e o mundo assistiu a vários dias de luto britânico e dos
Reinos da Comunidade de Nações.
E talvez o Brexit tenha sido uma
má aposta, com a demissão de Boris Johnson a provocar uma aceleração de
sucessores, com Liz Truss (a quem Isabel II ainda deu posse) a governar apenas
49 dias, passando o testemunho a Rishi Sunak.
No retângulo à beira-mar plantado
sopram ventos de alguma indefinição na maioria absoluta de António Costa, com
Marcelo Rebelo de Sousa a querer equilibrar as forças, tentando algumas vezes
querer agradar a Deus e ao Diabo.
E, como a banda vai passar, viajo
para outro capítulo.
Na revista Combatente, de
setembro de 2022, Joaquim Chito Rodrigues, Tenente-general e Presidente da Liga
dos Combatentes desenvolve uma narrativa sob o título “Quando Viajar Significa
Trabalhar”, respeitante a algumas críticas nas redes sociais sobre um convite a
respeito de uma sua viagem a Timor-Leste, sendo que, no referido texto, também
diz “Não esquecemos África, onde as ‘viagens’ de elementos da DC, à Guiné,
Angola, Moçambique, Cabo Verde e S. Tomé significa, percorrer picadas,
descobrir campas, levantar e lavar ossadas de camaradas caídos durante a
guerra, dignificar áreas cemiteriais, construir ossários, trasladar restos
mortais a pedido das famílias e lutar pela conservação do trabalho feito”. E
termina: “Enfim, vividos num exigente período da Vida de Portugal que a
História não vai esquecer”.
Não contesto as palavras do
Presidente da Liga dos Combatentes, e de todos os elementos da Direção Central,
e dos Núcleos, que viajam em prol das tarefas de apoio aos antigos combatentes
e familiares, numa ação humanitária digna de alto registo. Mas não posso omitir
estar ao lado daqueles que, tendo sido
obrigados a deixar as suas famílias (a mãe do sócio nº 1 deste Núcleo faleceu
ao despedir-se do filho que foi mobilizado para S. Tomé e Príncipe), fizeram as
suas viagens, de longas horas, de muitos dias, quantas em situações
deploráveis, também para Cabo Verde e Timor, esta de 50 dias de ida, e outros
tantos de regresso, como me relataram antigos camaradas, e serem excluídos da
qualidade de “Combatentes” por força do famigerado artigo 2º do Estatuto do
Antigo Combatente. Nestas então designadas Províncias Ultramarinas, hoje
Colónias, em muitas lugares não havia nada, mas havia a grande saudade e
ausência das famílias, cujas viagens eram impossíveis de efetuar para uma breve
visita durante as férias.. E, em algumas das colónias de Angola, Moçambique, e
mesmo Guiné, alguns Combatentes tiveram a dita de não sair das cidades
(geralmente as mais importantes ou capitais), ou dos gabinetes dos Comandos.
A minha dúvida subsiste em se foi
feito algum esforço no sentido de se fazer justiça, ou julgar por manter uma
aparente injustiça, com o Estatuto do Antigo Combatente inalterável.
Deixo este assunto à reflexão de
quem de direito.
Votos de um
Feliz Natal e um Próspero Ano Novo.
João de Jesus Nunes
(In “O Combatente da Estrela”, nº.
129, de DEZ/2022)
Sem comentários:
Enviar um comentário