12 de dezembro de 2022

CONTE-NOS A SUA HISTÓRIA JOÃO JOSÉ DE JESUS PEREIRA

 






Neste número trazemos as memórias do antigo combatente na Guiné, covilhanense sobejamente conhecido, que estudou na Escola Industrial e Comercial Campos Melo (EICCM), onde tirou o Curso Geral do Comércio e depois os complementares, tendo aí desempenhado funções docentes como professor de grafias e datilografia. Era então o tempo em que ainda não existiam os computadores nem a Internet mas tornava-se imperativo para certos domínios, nomeadamente nas empresas, no âmbito das contabilidades, os conhecimentos da utilização das letras francesa, inglesa, a cursiva (e alguns chegavam ainda à letra gótica).

Nasceu em 5 de dezembro do ano da graça de 1948. É casado, tem três filhos e quatro netos.

Iniciou o serviço militar com a sua incorporação no dia 14 de julho de 1969, no Curso de Sargentos Milicianos (CSM), por obrigação, na Escola Prática de Artilharia (EPA) em Vendas Novas, onde fez a recruta, e a especialidade de Atirador. Terminada a especialidade, e consequentemente o CSM, seguiu para o RAL 5, em Penafiel, no dia 5 de janeiro de 1970. Aqui, já como 1º Cabo Miliciano, foi mobilizado para a Guiné, tendo embarcado em Lisboa, no Uíge, em 18 de julho de 1970, tendo então já sido promovido a Furriel Miliciano.

Chegou a Bissau onde desembarcou, tendo ficado mais de um mês em Comuré (perto de Bissau) conjuntamente com mais companhias que, entretanto, se juntavam. Seguiu depois para Geba onde fez a sua comissão. Aqui os pelotões iam rodando pelos vários destacamentos, que distavam entre si, de 15 a 20 quilómetros da sede da Companhia – Geba. O Furriel Miliciano João Pereira logo foi destacado para Sarebanda onde esteve dois meses, regressando por imposição do Comando à sede da companhia a fim de substituir o vagomestre que não desempenhou bem o seu cargo, tendo sido punido e passado a atirador. Daqui beneficiou João Pereira desta substituição, que veio a desempenhar o cargo, para o qual não estava inicialmente indicado, com toda a competência e honestidade.

Sendo certo que a zona onde se encontrava (bastava referir-se à Guiné) era toda perigosa, várias vezes ia fazer reabastecimentos, mormente a Bafatá. Teve ainda a sorte de o primeiro ataque que o inimigo (IN) fez à sede da Companhia, em Geba, se encontrar no gozo férias na Metrópole, ou seja na sua Terra – a Covilhã.

Face às funções que então lhe haviam sido atribuídas, passando a não sair da sede da Companhia para o mato, teve, no entanto, o ataque do IN a um destacamento da mesma, necessitando de se socorrerem os seus camaradas. Os que iam em socorro, pelo caminho foram emboscados, a meio do percurso, tendo sofrido seis mortes e vários feridos graves. Nesta altura, o Furriel João Pereira encontrava-se na sede da Companhia.

Cumpriria o seu tempo de serviço militar obrigatório, regressando à Metrópole em 23 de junho de 1972, com passagem à disponibilidade em 16 de julho do mesmo ano.

Na sua situação de vida civil, regressou à E.I.C.C.M, na Covilhã para continuar a sua atividade docente, mas, após o 25 de Abril de 1974 seria colocado em várias escolas, nomeadamente Amora, Lisboa e Alverca. Em Lisboa, na Escola Ferreira Borges, encontrou-se com o seu antigo professor de grafias da EICCM, Joaquim Passas, passando a desempenhar a mesma função, agora como colegas. Por volta do ano 1980 deixou o ensino, regressou à Covilhã, ingressando no Instituto dos Têxteis. Com a sua extinção, ingressou na Universidade da Beira Interior (UBI), onde se aposentou.

 

 

(In “O Combatente da Estrela”, nº. 129, DEZ/2022)

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