Muitos dos meus sonhos se realizaram, no caminhar dos anos que vão remanescendo
da minha vida. Alguns pularam e avançaram no tempo. Dou graças a Deus por isso.
Com assustadora frequência, vou tendo notícias de antigos colegas e amigos, com
quem partilhámos convívios, estudos, trabalhos e amizades, que vão partindo.
Por isso, dos ventos e marés que também aconteceram nos nossos caminhos, não me
interessa recordar as partes intempestivas, que pretendo sejam esgotadas no véu
do esquecimento.
Foi no êxtase da minha vida profissional, em Lisboa, ano da graça de
2003, já com três décadas de profissão do mesmo âmbito, num tempo em que estávamos
a passar com os meus companheiros de jornada as “passas do Algarve”, numa
multinacional dum grupo suíço que já foi à vida, hiperbolicamente falando, e
uns quantos oportunistas de má memória, que encontrámos uma Figura portuguesa desconhecida,
mas, paradoxalmente, de relevo mundial, simpática, que nos vinha liderar sob a
batuta duma multinacional americana.
Como os meus Colegas não avançavam expondo as preocupações do momento,
sou eu próprio que assumo a responsabilidade de me dirigir a essa Figura incontornável,
e de a ter interpelado sobre “as novas” para a novel empresa que se apresentava
revestida de enorme fulgor. Encontrávamo-nos no salão nobre do hotel em Lisboa,
de pé, apinhado de gentes da nossa gente – centenas de antigos Colegas do País,
ávidos de saber algo do destino que nos cabia duma atividade dinâmica e altamente
concorrencial. Daí que, o grande líder da multinacional que passaria a ser o
CEO e Presidente da Liberty Seguros em Portugal – Dr. José António de Sousa, sentiu,
na atitude por mim tomada, que vínhamos dum ceticismo latente da empresa
anterior, e que, por isso, as promessas que faria naquele momento seriam de
enorme responsabilidade. Passada a ocasião e formulada a promessa para a data
anunciada, logo de vários pontos do País, nessa mesmíssima data, alguns Colegas
me telefonaram para saberem se o cumprimento da palavra da dita pessoa,
ainda quase um desconhecido, se confirmara,
visitando-me na Covilhã, e, desta forma, poderem ainda “tirar nabos da púcara”.
Na confirmação daquele escrupuloso cumprimento, foi um volte-face nos
descontentes. Considerou o Dr. José António de Sousa que aquele 13 de junho de 2003,
na sua visita às instalações da Covilhã, então sob a minha responsabilidade, seria
traduzido num ato histórico para a Seguradora em Portugal.
Ficou o compromisso verbal de todos os anos ser celebrado entre nós, e o
grupo de trabalho direto, um almoço comemorativo neste dia e mês.
Então várias ações se desenvolveram em prol da Covilhã e da Região, sem
esquecer o patrocínio das três empresas tecnológicas em 2008, na criação do programa
CRIAR 08.
Conhecedor da minha veia na escrita, não deixou de colaborar no patrocínio
de todas as minhas obras, com saliência para a História dos Bombeiros da
Covilhã e História do Sporting da Covilhã, entre outras. Mas o seu desafio neste
domínio foi solicitar-me para escrever a História dos Seguros em Portugal, a
qual já consta de muitos autores consagrados. Foi um aturado trabalho,
incutindo-lhe um cunho inédito, para além de lhe inserir a história desde a sua
génese no mundo a.C e d.C., saindo um ensaio sob o título “O Documento Antigo –
Uma outra forma de ver os Seguros”. Pouco depois, ainda viria a lume “Da
Montanha ao Vale”.
Mas, afinal, quem é José António de Sousa, com quem convivo mais um grupo
de entusiastas da profissão, geralmente ainda no ativo, no periódico “Almoço
dos Amigos”?
Da Revista Executiva, de 3 de janeiro de 2023, onde colabora, extraio
alguns dados onde se vê a parte humana e íntegra deste Homem fantástico.
O gestor que liderou várias multinacionais na área dos seguros homenageia
as mulheres que mais marcaram (e marcam) a sua existência. “Fizeram de mim o
que sou. Um homem agradecido, de bem com a vida, e profundamente feliz”,
afirma.
José António de Sousa acumula 42 anos de experiência de gestão de topo e
de liderança (Geschäftsführer, Country Manager, Regional Manager, CEO,
Presidente) em 3 multinacionais seguradoras e resseguradoras (Gerling-Konzern,
Zurich Financial Services, Liberty Mutual) de relevo mundial (Fortune 100
companies). Depois de 15 anos como presidente e CEO da Liberty Seguros em
Portugal, hoje é consultor independente de empresas e colunista da Executiva.
“Falar sobre as mulheres da minha vida é falar sobre a essência própria
profunda, e a coluna vertebral de sustentação da minha vida, desde a sua ‘fundação’
até aos dias de hoje. Sem elas não estaria a escrever estas linhas em homenagem
às mulheres que marcaram e fizeram aquilo que, para o bem e para o mal, sou e
represento neste mundo. Desde a minha mãe Fernanda, falecida aos 97 anos, de
uma vida feliz, bem vivida, em que repartiu amor e sorrisos por onde passava. Depois
a Conceição, a mulher que me enche as medidas há 47 anos, pela qual continuo
apaixonado como no primeiro dia da nossa jornada em comum, a companheira de uma
vida, que me apoiou e acompanhou com carinho, amor e dedicação enquanto eu fiz
carreira internacional no setor segurador para três multinacionais de relevo e
muito exigente. A Conceição deu-me duas filhas maravilhosas, a Cristina e a
Inês. Impossível fazer distinção entre qualquer uma delas em termos de amor
irrestrito, e de paixão. Agora que a vida corporativa é já uma memória remota,
e em que procuro partilhar conhecimento e ser útil à sociedade de forma
interventiva e construtiva, como Consultor Independente, Mentor e Colunista, a
chegada da minha neta Sofia em outubro de 2022, filha da minha filha Cristina,
que teve aos 40 anos de idade, abanou de forma telúrica os meus alicerces de
vida atual. Era a peça que faltava para completar o puzzle da minha vida.
As mulheres da minha vida determinaram (e continuam a determinar) a minha
vida, e fizeram de mim o que sou. Um homem agradecido, de bem com a vida, e
profundamente feliz”
Nos tempos que correm, que belíssima lição de vida deste Homem que é um
génio, com o qual partilho o orgulho de sermos indelevelmente amigos e termos contribuído
com coisas boas para a sociedade.
Contamos, certamente, encontrarmo-nos no próximo convívio de amigos, no
reforço dessa amizade que há muito está no nosso âmago.
João de Jesus Nunes
(In “Jornal Fórum
Covilhã”, de 13-03-2024)
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