20 de maio de 2025

TORMENTOS DE DUAS FILIAIS DE UM GRANDE CLUBE


 
Naqueles tempos começaram a surgir clubes desportivos que entusiasmavam as suas gentes com o jogo da bola. Ainda não havia muitas distrações para ocupar o tempo de lazer. Os costumes no trajar e nos contactos sociais pouco variavam de região para região. Aos domingos, homens, senhoras, jovens e crianças envergavam os seus trajes domingueiros para passear em grupo ou ir à missa. Os homens usavam fato e gravata, mesmo no verão, colocando o casaco pelos ombros quando o calor apertava. As senhoras que iam à igreja cobriam a cabeça com um véu (o Concílio Vaticano II ainda não ocorrera). As meninas e senhoras ainda não usavam calças em vez de saias, pois era mal visto em muitos contextos sociais, escolares e religiosos. Foi apenas a partir dos anos 60 que algumas jovens urbanas e artistas começam a usar calças, influenciadas por modas estrangeiras. Nos anos 70, com o 25 de Abril de 1974 e o fim da ditadura, os costumes começaram a liberalizar-se rapidamente. As calças tornaram-se um símbolo da emancipação feminina, especialmente entre mulheres jovens e trabalhadoras. Surgiram os primeiros fatos de calça femininos para trabalho e eventos. A partir dos anos 80, o uso de calças generalizou-se a todos os contextos: escolas, universidades, trabalho, cerimónias. Tornaram-se uma peça padrão do guarda-roupa feminino, com a moda a diversificar-se: calças de ganga, formais, entre outras.

Nos campos desportivos, relvados ou pelados, os obreiros da redondinha deixaram de ser apenas brancos; começavam a surgir também jogadores negros. Hoje, em cidades, vilas e aldeias, e mesmo nos recantos mais isolados, reconhecemos a presença de um cosmopolitismo crescente.

Com o tempo, os clubes e as suas modalidades foram-se desenvolvendo. Os grandes clubes mantinham-se, ainda que com altos e baixos. Os médios lutavam por um lugar ao sol. Os pequenos foram desaparecendo à medida que as tempestades ameaçavam as suas frágeis embarcações.

Os grandes decidiram então criar filiais – uma forma de expandir o seu emblema, embora nem sempre os “afilhados” se mostrassem verdadeiros apaniguados.

Numa zona de montanha, tal como numa orla marítima, o desporto-rei já se encontrava bem implantado. Um dos grandes clubes integrou, com entusiasmo, uma filial na zona serrana –   a sua 8ª filial, fundada a 2 de junho de 1923. Na zona costeira, já havia sido criada a 4ª filial, a10 de janeiro do mesmo ano. Se os verde-e-brancos eram da serra, os rubro-negros pertenciam ao mar.

Ambos históricos, ambos enfrentaram turbulências ao longo dos anos, apesar de terem deixado nos seus anais páginas marcantes na história do desporto regional e nacional.  

No prestigiado quadro da 1ª Divisão (hoje chamada 1ª Liga), os serranos orgulham-se de 15 participações, enquanto os algarvios somam 19 presenças.

Os ventos quase fizeram naufragar a embarcação olhanense, mas felizmente cessaram. Hoje, o clube é liderado por homens de bravura, que expulsaram “a bicharada daninha” que o rodeava. Nas bandeiras desfraldadas lêem-se mensagens como: “Se existimos há 113 anos, não vamos morrer” e “Parabéns pelo 100.º aniversário do Campeonato de Portugal”. O diário, que é quinzenário, noticia o Algarve e o país, assinalando com garbo os seus 62 anos. Olá, 15 de maio de 2025!

Também os serranos enfrentaram uma ventania lamentável, até ao último jogo, sempre com os ouvidos atentos ao que se passava do outro lado do Atlântico.

Ficam os votos de que estas duas coletividades, marcadas no mapa de Portugal, saibam manter-se vigilantes, atentas e firmes no caminho certo.

 

João de Jesus Nunes

jjnunes6200@gmail.com

(In “O Olhanense”, de 15-05-2025)

 



7 de maio de 2025

PONTIFICADOS AO LONGO DOS TEMPOS

 


Tive a felicidade de passar pelo tempo de sete Papas, desde Pio XII. Por isso, também tive oportunidade de escrever, várias vezes, sobre eles no âmbito de algumas particularidades.

Consideremos a mudança de nome. O primeiro Papa a mudar de nome foi S. Pedro, por iniciativa do próprio Cristo que lhe diz: “Tu és, Simão, filho de João; chamar-te-ás Cefas (que quer dizer pedra)” (Jo 1, 42).

De facto, ao prometer-lhe o Primado, Jesus diz: “Tu és pedra (Pedro, na tradução) e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja” (Mt 16, 18).

Na lista dos sucessores, o primeiro a mudar de nome foi o Papa João II (533 – 535), pelo facto de se chamar Mercúrio, e achar impróprio o nome de um deus pagão num representante de Cristo.

Mais tarde, João XII (955 – 964), que se chamava Otaviano, tomou idêntica decisão; o mesmo faria João XIV (983 – 984) que, chamando-se Pedro, se julgou indigno do nome do Apóstolo.

A mudança do nome, no entanto, só começou a vigorar a partir de Bento VIII (1012 – 1024).

Não existe qualquer proibição de os Papas adotarem o nome de Pedro. Trata-se de simples tradição mantida como sinal de respeito.

Pontificados mais breves: Estêvão II – 4 dias; Urbano VII – 13 dias; Bonifácio VI – 15 dias; Celestino IV – 17 dias; Teodoro II – 20 dias; Marcelo II – 20 dias; Sisínio – 21 dias; Silvestre II – 22 dias; Dâmaso II – 22 dias; Pio III – 24 dias; Leão XI – 26 dias; Valentim – 28 dias; João Paulo I – 33 dias; Adrião – 39 dias; Gregório VIII – 58 dias; Inocêncio IX – 61 dias; Romano – 4 meses.

Pontificados mais longos: São Pedro – 37 (?) anos; Beato Pio IX – 32 anos; João Paulo II – 26 anos (em 26-10-2004); Leão XIII – 25 anos; Pio VI – 24 anos e seis meses; Adriano I – 24 anos; Pio VII – 23 anos e 5 meses; Alexandre III – 22 anos; Silvestre I – 21 anos; Leão Magno – 21 anos; Urbano VIII – quase 21 anos; Leão III – 20 anos e 6 meses; Clemente XI – 20 anos e 4 meses.

Papas que renunciaram: S. Ponciano (?) – em 235 (desterrado); João XVIII (?) – em 1009; Bento IX (?) – em 1045 (obrigado a fugir); Bento X – em 1058; Celestino V – em 1294; Gregório XII – 1415.

Papas eleitos sem ordenação sacerdotal, recebida apenas depois da eleição: Leão VIII; Bento XV (subdiácono); João XIX; Bento IX.

Papas Santos e Beatos: Os primeiros 54 Papas até S. Félix IV (526 – 530), à exceção de Libério (352 – 363) mereceram o título de Santos, a maior parte mártires.

A seguir, outros 27, até S. Pio X – 1903 – 1914, mereceram a mesma honra.

Além dos canonizados, foram outros beatificados, até que o Papa Francisco canonizou São João XXIII, São Paulo VI, São João Paulo II e beatificou João Paulo I.

Papa português: João XXI (Pedro Julião) foi o único Papa português. Presidiu ao governo da Igreja durante 8 meses (setembro de 1276 – maio de 1277). Nasceu em Lisboa (1215), numa época em que a cidade já fazia parte do reino de Portugal, sob o reinado de D. Afonso II. Foi médico, filósofo, teólogo e cientista. Morreu tragicamente em 20 de maio de 1277, devido ao desabamento e uma parte do palácio papal de Viterbo (Itália). Estava a trabalhar quando foi atingido por um teto que ruiu, vindo a morrer dias depois  devido aos ferimentos.

Outras particularidades: S. Gregório Magno (590 – 604) – Primeiro Papa a usar a expressão “servo dos servos de Deus” para se designar a si mesmo. Bonifácio IV (608 – 615) –  A 1 de novembro de 609 transformou o Panteão dos deuses pagãos, em Roma, em templo dedicado à Santíssima Virgem e a todos os mártires. Surgia assim a festa de “Todos os Santos”. S. Deodato I (615 – 618) – Terá começado com ele o costume de selar os documentos com um selo de chumbo em forma de medalha (em latim, “bula”). S. Vitalino (657 – 672) – terá sido este Papa a introduzir o uso do órgão nas cerimónias litúrgicas. Santo Agatão (678 – 681) – o Papa eleito em idade mais avançada (103 anos). S. Sérgio I (687 – 701) – terá introduzido o canto do “Cordeiro de Deus” na missa. Constantino I (708-715) – último Papa a visitar Constantinopla até Paulo VI. Silvestre II (999 – 1003) – é-lhe atribuída a introdução da numeração romana no Ocidente e a invenção do relógio de pêndulo. Urbano II (1088 – 1099) – Em 1095 convocou os príncipes cristãos para a primeira cruzada contra os muçulmanos, para libertar a Terra Santa. Concedeu à Sé de Braga o título de Primaz. Inocêncio III (1198 – 1216) – O primeiro Papa a chamar-se “Vigário de Cristo”, em vez de “Vigário de Pedro”. Urbano IV (1261 – 1264) – Instituiu a festa do “Corpo de Deus”, em 1264. Bonifácio VIII (1294 – 1303) – Proclamou, em 1300, o primeiro ano jubilar da história da Igreja. Alexandre VI (1492 – 1503) – No jubileu de 1500 introduziu a cerimónia de abertura da Porta Santa.

E com o fim de um pontificado outro capítulo é aberto. Vem aí o conclave e as regras, embora complexas, são simples: o primeiro cardeal a obter dois terços dos votos é eleito Papa. Ou seja, pelas contas atuais, serão necessários 90 votos para haver novo Papa.

Na segunda semana de maio, o conclave deve ter início e os votos de 135 cardeais de mais de 70 nacionalidades começam a ser contados.

 

LISTA CRONOLÓGICA DOS PAPAS

S. Pedro: 33 – 67; S. Lino:  67 – 76; Santo Anacleto: 76 – 68; S. Clemente: 88 – 97; S.to Evaristo: 97 – 105; S.to Alexandre: 105 – 115; S. Sisto I – 115 – 125; S. Telésforo: 125 – 136; S. Higino: 137 – 140; S. Pio I: 140 – 155; S.to Aniceto: 155 –166; S. Sotero: 166 – 175; S.to Eleutério: 175 – 189; S. Vítor I: 189 – 199; S. Zeferino: 199 –217; S. Calisto: 217 – 222; S.to Urbano: 222 – 230; S. Ponciano: 230 – 235; S.to Antero: 235 – 236; S. Fabião: 236 – 250; S. Cornélio: 251 – 253; S. Lúcio I: 253 – 254; S.to Estêvão I: 254 – 257; S. Sisto II: 257 – 258; S. Dionísio: 259 – 268; S. Félix I: 269 – 274; S.to Eutiquiano: 275 – 283; S. Caio: 283 – 296; S. Marcelino: 296 – 304; S. Marcelo I: 308 – 309; S.to Eusébio: 309 – 310; S. Milcíades: 311 – 314; S. Silvestre I: 314 – 335; S. Marcos: 336; S. Júlio I: 337 – 352; Libério: 352 – 363; S. Dâmaso I: 336 – 384; S. Siríaco: 384 – 399; S.to Anastásio I: 399 – 401; S.to Inocêncio I: 401 – 417; S. Zósimo: 417 – 418; S. Bonifácio I: 418 – 422; S. Celestino I: 422 – 432; S. Sisto III: 432 – 440; S. Leão I, Magno: 440 – 461; S.to Hilário: 461 – 468; S. Simplício: 468 – 483; S. Félix III: 483 – 492; S. Gelásio I: 492 – 496; S.to Anastácio II: 496 – 498; S. Símaco: 498 – 514; S.to Hormisdas: 515 – 523; S. João I: 523 – 526; S. Félix IV: 526 – 530; Dióscoro: 530; Bonifácio II: 530 – 532; João II: 533 – 535; S.to Agapito I: 535 – 536; S. Silvério: 536 – 537; Vigílio: 537 – 555; Pelágio I: 556 – 561; João III; 561 – 574; Bento I: 575 – 579; Pelágio II: 579 – 590; S. Gregório I, Magno: 590 – 604; Sabiniano: 604 – 606; Bonifácio III: 607; S. Bonifácio IV: 608 – 615; S. Deodato: 615 – 618; Bonifácio V: 619 – 625; Honório I: 625 – 638; Severino: 640; João IV: 640 – 642; Teodoro I: 642 – 649; S. Martinho I: 649 – 655; S.to Eugénio I: 654 – 657; S. Vitalino: 657 – 672; Deodato II: 672 – 676; Dono: 676 – 678; S.to Agatão: 678 – 681; S. Leão II: 682 – 683; S. Bento II: 684 – 685; João V: 685 – 686; Cónon: 686 – 687; S. Sérgio I: 687 – 701; João VI: 701 – 705; João VII: 705 – 707; Sisínio: 708; Constantino: 708 – 715; S. Gregório II: 715 – 731; S. Gregório III: 731 – 741; S. Zacarias: 741 – 752; Estêvão II: 752 – 757; S. Paulo I: 757 – 767; S.to Estêvão III: 768 – 772; Adriano I: 772 – 795; S. Leão III: 795 – 816; Estêvão IV: 816 – 817; S. Pascoal I: 817 – 824; Eugénio II: 824 – 827; Valentim: 827; Gregório IV: 827 – 844; Sérgio II: 844 – 847; S. Leão IV: 847 – 855; Bento III: 855 – 858; S. Nicolau I, Magno: 858 – 867; Adriano II: 867 – 872; João VIII: 872 – 882; Marino I: 882 – 884; S.to Adriano III: 884 – 885; Estêvão V: 885 – 891; Formoso: 891 – 896; Bonifácio VI: 896; Estêvão VI: 896 – 897; Romano: 897; Teodoro II: 897; João IX: 898 – 900; Bento IV: 900 – 903; Leão V: 903; Sérgio III: 904 – 911; Anastácio III: 911 – 913; Lândon: 913 – 914; João X: 914 – 928; Leão VI: 928; Estêvão VII: 928 – 931; João XI: 931 – 935; Leão VII: 936 – 939; Estêvão VIII: 939 – 942; Marino II: 942 – 946; Agapito II: 946 – 955; João XII: 955 – 964; Leão VIII: 963 – 964; Bento V: 964 – 965; João XIII: 965 – 972; Bento VI: 973 – 974; Bento VII: 974 – 983; João XIV: 983 – 984; João XV: 985 – 996; Gregório V: 996 – 999; Silvestre II: 999 – 1003; João XVII: 1003; João XVIII: 1004 – 1009; Sérgio IV: 1009 – 1012; Bento VIII: 1012 – 1024; João XIX: 1024 – 1032; Bento IX: 1032 – 1046; Silvestre III: 1045; Gregório VI: 1045 – 1046; Clemente II: 1046 – 1047; Dâmaso II: 1048; S. Leão IX: 1049 – 1054; Vítor II: 1054 – 1057; Estêvão IX: 1057 – 1058; Bento X: 1058 – 1059; Nicolau II: 1059 – 1061; Alexandre II: 1061 – 1073; S. Gregório VII: 1073 – 1085; B. Vítor III: 1086 – 1087; B. Urbano II: 1088 – 1099; Pascoal II: 1099 – 1118; Gelásio II: 1118 – 1119; Calisto II: 1119 – 1124; Honório II: 1124 – 1130; Inocêncio II: 1130 – 1143; Celestino II: 1143 – 1144; Lúcio II: 1144 – 1145; B. Eugénio III: 1145 – 1153; Anastácio IV: 1153 – 1154; Adriano IV: 1154 – 1159; Alexandre III: 1159 – 1181; Lúcio III: 1181 – 1185; Urbano III: 1185 – 1187; Gregório VIII: 1187; Clemente III: 1187 – 1191; Celestino III: 1191 – 1198; Inocêncio III: 1198 – 1218; Honório III: 1216 – 1227; Gregório IX: 1227 – 1241; Celestino IV: 1241; Inocêncio IV: 1243 – 1254; Alexandre IV: 1254 – 1261; Urbano IV: 1261 – 1264; Clemente IV: 1265 – 1268; B. Gregório X: 1271 – 1276; B. Inocêncio V: 1278; Adriano V: 1276; João XXI: 1276 – 1277; Nicolau III: 1277 – 1280; Martinho IV: 1281 – 1285; Honório IV: 1285 – 1287; Nicolau IV: 1288 – 1292; S. Celestino V: 1294; Bonifácio VIII: 1294 – 1303; B. Bento XI: 1303- 1304; Clemente V: 1305 – 1314; João XXII: 1316 – 1334; Bento XII: 1334 – 1342; Clemente VI: 1342 – 1352; Inocêncio VI: 1352 – 1362; B. Urbano V: 1362 – 1370; Gregório XI: 1370 – 1378; Urbano VI: 1378 – 1389; Bonifácio IX: 1389 – 1404; Inocêncio VII: 1404 – 1406; Gregório XII: 1406 – 1415; Martinho V: 1417 – 1431; Eugénio IV: 1431 – 1447; Nicolau V: 1447 – 1455; Calisto III: 1455 – 1458; Pio II: 1458 – 1464; Paulo II: 1464 – 1471; Sisto IV: 1471 – 1484; Inocêncio VIII: 1484 – 1492; Alexandre VI: 1492 – 1503; Pio III: 1503; Júlio II: 1503 – 1513; Leão X: 1513 – 1521; Adriano VI: 1522 – 1523; Clemente VII: 1523 – 1534; Paulo III: 1534 – 1549; Júlio III: 1550 – 1555; Marcelo II: 1555; Paulo IV: 1555 – 1559; Pio IV: 1559 – 1565; S. Pio V: 1566 – 1572; Gregório XIII: 1572 – 1585; Sisto V: 1585 – 1590; Urbano VII: 1590; Gregório XIV: 1590 – 1591; Inocêncio IX: 1591; Clemente VIII: 1592 – 1605; Leão XI: 1605; Paulo V: 1605 – 1621; Gregório XV: 1621 – 1623; Urbano VIII: 1623 – 1644; Inocêncio X: 1644 – 1655; Alexandre VII: 1655 – 1667; Clemente IX: 1667 – 1669; Clemente X: 1670 – 1676; B. Inocêncio XI: 1676 – 1689; Alexandre VIII: 1689 – 1691; Inocêncio XII: 1691 – 1700; Clemente XI: 1700 – 1721; Inocêncio XIII: 1721 – 1724; Bento XIII: 1724 – 1730; Clemente XII: 1730 – 1740; Bento XIV: 1740 – 1758; Cemente XIII: 1758 – 1769; Clemente XIV: 1769 – 1774; Pio VI: 1775 – 1799; Pio VII: 1780 – 1823; Leão XII: 1823 – 1829; Pio VIII: 1829 – 1830; Gregório XVI: 1831- 1846; Pio IX: 1846 – 1878; Leão XIII: 1878 – 1903; S. Pio X: 1903 – 1914; B. Bento XV: 1914 – 1922; Pio XI: 1922 – 1939; Pio XII (Eugénio Pacceli, italiano): 1939  – 1958; São João XXIII (Ângelo Roncalli, italiano): 1958 – 1963; São Paulo VI (João Baptista Montini, italiano): 1963 – 1978; B. João Paulo I (Albino Luciani, italiano, conhecido como o Papa do sorriso): 1978: São João Paulo II (Karol Woityla, polaco): 1978 – 2005;  Bento XVI (Joseph Ratzinger, alemão): 2005 – 2013; Francisco (Jorge Mario Bergoglio, argentino): 2013 – 2025. Francisco foi o 266º Papa.

 

João de Jesus Nunes

jjnunes6200@gmail.com

(In “Jornal Fórum Covilhã”, de 07-05-2025)


A ELEIÇÃO DOS PAPAS

 

Com o falecimento do Papa Francisco surgem várias perguntas para as quais nem sempre estamos atentos ao sucedido com casos anteriores.

Morto S. Pedro na perseguição de Nero (cerca de 64-67), é natural que o clero e cristãos de Roma se tenham voltado para o presbítero com mais ascendente, S. Lino (67-76), aquele que teria sido, por assim dizer, o braço direito do Apóstolo.

A partir daí, não havendo ainda organização eclesiástica propriamente dita, e vivendo os cristãos concentrados em Roma, a eleição continua a recair, como solução imediata, sobre o clero da cidade e de algum modo também sobre os leigos, embora apenas com força consultiva.

O eleito era, desse modo, simultaneamente, por força das circunstâncias, bispo de Roma, o que durante séculos viria a tornar-se obrigatório.

Entre os séculos VI e XI, época sombria na História da Igreja, a intervenção dos imperadores far-se-ia sentir de modo especial, impondo os seus apaniguados.

Embora a designação propriamente dita continuasse a cargo do clero de Roma, com consulta dos leigos mais conceituados, as atas das eleições eram submetidas ao imperador que exigia grandes quantias para dar a sua aprovação.

A partir do século VIII, porém, liberta Roma dos Ostrogodos, e sob o domínio dos Francos, obter-se-ia maior liberdade, voltando os enviados do imperador a intervir como mantenedores da ordem entre as diversas fações.

Nos fins do século IX, pela primeira vez, um bispo doutra diocese, o bispo Formoso, do Porto (perto de Roma), aceita o pontificado e bispado de Roma (891 – 896).

Foi apenas com Nicolau II que, no concílio de Latrão, a 13 de abril de 1059, se decretou que a eleição passasse a ser da responsabilidade dos cardeais-bispos convocados, e que Alexandre III (1159 – 1181) confiaria a um colégio cardinalício.

Tal como a do poder civil, também a intervenção popular, através de leigos conceituados, ia desaparecendo.

Mas foi só a partir de 1179, no terceiro concílio de Latrão, que se decretou a eleição do Papa exclusivamente pelo colégio de cardeais, sem qualquer distinção de primazia entre eles, sendo eleito para o Sumo Pontificado o que obtivesse dois terços dos votos.

A partir de então, o funcionamento deste processo eleitoral foi-se aperfeiçoando até às orientações mais precisas de Leão XIII (1878 – 1903) e S. Pio X (1903 – 1914), que atribuem a exclusividade aos cardeais como sucessores do antigo Presbitério romano, na qualidade de Senado ou Conselho permanente da Igreja.

Segundo as últimas determinações, emanadas de Paulo VI (!963 – 1978), o conclave para a eleição deverá reunir-se, não antes de 15 dias nem mais de 20 após a morte do Pontífice cessante, tendo direito de voto todos os cardeais que não tenham completado 80 anos de idade.

Na Constituição Apostólica de 01-10-1975, Paulo VI prevê três modalidade eleitorais:

1)      A habitual, por meio de voto secreto até se obter a maioria de dois terços mais um;

2)      Por aclamação espontânea, unânime e comprovada;

3)      Por compromisso, ou seja: os cardeais poderiam transmitir, apenas a alguns, plenos poderes para, em seu nome, elegerem o novo Papa. Formar-se-iam assim pequenos grupos (por países ou por outra qualquer afinidade) com pleno poder eletivo.

Os dois últimos processos poderão parecer, em teoria, mais simples, mas até hoje não se verificaram.

As primitivas eleições realizaram-se pacificamente sem normas concretas rígidas. Mas em breve surgiriam os abusos e distúrbios, devido à ingerência do poder civil (imperador ou famílias mais poderosas), levando por vezes a interregnos (sede vacante ou cadeira vazia) demasiado prolongados, o que dava azo a eleições paralelas e aos designados anti-papas.

Para obstar a isso, surgiram os conclaves (“com chaves”). Os seja: os cardeais eleitores reuniam-se à porta fechada, fora das pressões e manobras de segundos interesses.

O primeiro destes conclaves teve lugar a seguir à morte de Gregório IX, em 1241, sendo os 12 cardeais encerrados à chave, incomunicáveis, não só para os subtrair a pressões, mas também para os obrigar a um consenso pouco demorado.

Mesmo assim, passariam mais de dois meses até chagarem a acordo.

As eleições de Nicolau IV (1288 – 1292) e Clemente V (1305 – 1314) prolongar-se-iam por 11 meses, e a de João XXII (1316 – 1334) demoraria 2 anos e 3 meses – o conclave mais longo da História.

A atual legislação, emanada de Paulo VI (1963 – 1978), apesar de terem corrido propostas para eliminar a clausura, mostra-se ainda severa: exige-se secretismo absoluto e são proibidos telefones e processos eletrónicos e campanhas internas a favor de alguém, muito embora, até ao início, seja permitido aos cardeais trocarem e pedirem informações.

Porém, antes de iniciada a primeira votação, todos os cardeais eleitores juram, diante de Deus, votar somente em quem julgarem digno do cargo.

Terminada a eleição, o cardeal decano pergunta ao eleito se aceita o cargo e, em caso positivo, por que nome deseja ser designado.

Por último, o novo Papa vai à janela dar a primeira bênção urbi et orbi (à cidade e ao mundo).

Fonte: “História dos Papas – Luzes e Sombras” 2ª edição, de Heitor Morais, s.j.

Na altura em que for publicada esta crónica, certamente ainda não teremos o novo Sumo Pontífice. Esperemos, contudo, que ele consiga arrebatar os corações dos habitantes deste Planeta, seguindo o exemplo de Francisco, independentemente de haver sempre vozes discordantes.

Parabéns ao Sporting Clube Olhanense por terem conseguido dissipar a malfadada SAD e de o Olhanense ter voltado à posse de todos os olhanenses, conforme refere o incansável diretor deste quinzenário.

Votos de parabéns, igualmente, pela comemoração do 113º Aniversário do S. C. Olhanense.

 

João de Jesus Nunes

jjnunes6200@gmail.com

(In “O Olhanense”, de 01-05-2025)