Nos campos desportivos, relvados
ou pelados, os obreiros da redondinha deixaram de ser apenas brancos; começavam
a surgir também jogadores negros. Hoje, em cidades, vilas e aldeias, e mesmo nos
recantos mais isolados, reconhecemos a presença de um cosmopolitismo crescente.
Com o tempo, os clubes e as suas modalidades
foram-se desenvolvendo. Os grandes clubes mantinham-se, ainda que com altos e
baixos. Os médios lutavam por um lugar ao sol. Os pequenos foram desaparecendo à
medida que as tempestades ameaçavam as suas frágeis embarcações.
Os grandes decidiram então criar
filiais – uma forma de expandir o seu emblema, embora nem sempre os “afilhados”
se mostrassem verdadeiros apaniguados.
Numa zona de montanha, tal como numa orla marítima, o
desporto-rei já se encontrava bem implantado. Um dos grandes clubes integrou,
com entusiasmo, uma filial na zona serrana – a sua
8ª filial, fundada a 2 de junho de 1923. Na zona costeira, já havia sido criada
a 4ª filial, a10 de janeiro do mesmo ano. Se os verde-e-brancos eram da serra, os
rubro-negros pertenciam ao mar.
Ambos históricos, ambos
enfrentaram turbulências ao longo dos anos, apesar de terem deixado nos seus anais
páginas marcantes na história do desporto regional e nacional.
No prestigiado quadro da 1ª Divisão
(hoje chamada 1ª Liga), os serranos orgulham-se de 15 participações, enquanto
os algarvios somam 19 presenças.
Os ventos quase fizeram naufragar
a embarcação olhanense, mas felizmente cessaram. Hoje, o clube é liderado por
homens de bravura, que expulsaram “a bicharada daninha” que o rodeava. Nas
bandeiras desfraldadas lêem-se mensagens como: “Se existimos há 113 anos, não
vamos morrer” e “Parabéns pelo 100.º aniversário do Campeonato de Portugal”. O diário,
que é quinzenário, noticia o Algarve e o país, assinalando com garbo os seus 62
anos. Olá, 15 de maio de 2025!
Também os serranos enfrentaram
uma ventania lamentável, até ao último jogo, sempre com os ouvidos atentos ao
que se passava do outro lado do Atlântico.
Ficam os votos de que estas duas
coletividades, marcadas no mapa de Portugal, saibam manter-se vigilantes, atentas
e firmes no caminho certo.
João de Jesus Nunes
(In “O Olhanense”, de 15-05-2025)
Sem comentários:
Enviar um comentário