Tive a felicidade de passar pelo
tempo de sete Papas, desde Pio XII. Por isso, também tive oportunidade de escrever,
várias vezes, sobre eles no âmbito de algumas particularidades.
Consideremos a mudança de nome. O primeiro Papa a mudar de nome foi
S. Pedro, por iniciativa do próprio Cristo que lhe diz: “Tu és, Simão, filho
de João; chamar-te-ás Cefas (que
quer dizer pedra)” (Jo 1, 42).
De facto, ao prometer-lhe o
Primado, Jesus diz: “Tu és pedra (Pedro, na tradução) e sobre esta
pedra edificarei a minha Igreja” (Mt 16, 18).
Na lista dos sucessores, o
primeiro a mudar de nome foi o Papa João II (533 – 535), pelo facto de se
chamar Mercúrio, e achar impróprio o nome de um deus pagão num representante de
Cristo.
Mais tarde, João XII (955 – 964),
que se chamava Otaviano, tomou idêntica decisão; o mesmo faria João XIV (983 –
984) que, chamando-se Pedro, se julgou indigno do nome do Apóstolo.
A mudança do nome, no entanto, só
começou a vigorar a partir de Bento VIII (1012 – 1024).
Não existe qualquer proibição de
os Papas adotarem o nome de Pedro. Trata-se de simples tradição mantida como
sinal de respeito.
Pontificados mais breves: Estêvão II – 4 dias; Urbano VII – 13
dias; Bonifácio VI – 15 dias; Celestino IV – 17 dias; Teodoro II – 20 dias; Marcelo
II – 20 dias; Sisínio – 21 dias; Silvestre II – 22 dias; Dâmaso II – 22 dias;
Pio III – 24 dias; Leão XI – 26 dias; Valentim – 28 dias; João Paulo I – 33
dias; Adrião – 39 dias; Gregório VIII – 58 dias; Inocêncio IX – 61 dias; Romano
– 4 meses.
Pontificados mais longos: São Pedro – 37 (?) anos; Beato Pio IX – 32
anos; João Paulo II – 26 anos (em 26-10-2004); Leão XIII – 25 anos; Pio VI – 24
anos e seis meses; Adriano I – 24 anos; Pio VII – 23 anos e 5 meses; Alexandre
III – 22 anos; Silvestre I – 21 anos; Leão Magno – 21 anos; Urbano VIII – quase
21 anos; Leão III – 20 anos e 6 meses; Clemente XI – 20 anos e 4 meses.
Papas que renunciaram: S. Ponciano (?) – em 235 (desterrado); João XVIII
(?) – em 1009; Bento IX (?) – em 1045 (obrigado a fugir); Bento X – em 1058;
Celestino V – em 1294; Gregório XII – 1415.
Papas eleitos sem ordenação sacerdotal, recebida apenas depois da
eleição: Leão VIII; Bento XV (subdiácono); João XIX; Bento IX.
Papas Santos e Beatos: Os primeiros 54 Papas até S. Félix IV (526 –
530), à exceção de Libério (352 – 363) mereceram o título de Santos, a maior
parte mártires.
A seguir, outros 27, até S. Pio X
– 1903 – 1914, mereceram a mesma honra.
Além dos canonizados, foram outros
beatificados, até que o Papa Francisco canonizou São João XXIII, São Paulo VI,
São João Paulo II e beatificou João Paulo I.
Papa português: João XXI (Pedro Julião) foi o único Papa
português. Presidiu ao governo da Igreja durante 8 meses (setembro de 1276 –
maio de 1277). Nasceu em Lisboa (1215), numa época em que a cidade já fazia
parte do reino de Portugal, sob o reinado de D. Afonso II. Foi médico,
filósofo, teólogo e cientista. Morreu tragicamente em 20 de maio de 1277,
devido ao desabamento e uma parte do palácio papal de Viterbo (Itália). Estava
a trabalhar quando foi atingido por um teto que ruiu, vindo a morrer dias depois devido aos ferimentos.
Outras particularidades: S. Gregório Magno (590 – 604) –
Primeiro Papa a usar a expressão “servo dos servos de Deus” para se designar a
si mesmo. Bonifácio IV (608 – 615) – A 1 de novembro de 609 transformou o Panteão
dos deuses pagãos, em Roma, em templo dedicado à Santíssima Virgem e a todos os
mártires. Surgia assim a festa de “Todos os Santos”. S. Deodato I (615 –
618) – Terá começado com ele o costume de selar os documentos com um selo de
chumbo em forma de medalha (em latim, “bula”). S. Vitalino (657 – 672) –
terá sido este Papa a introduzir o uso do órgão nas cerimónias litúrgicas. Santo
Agatão (678 – 681) – o Papa eleito em idade mais avançada (103 anos). S.
Sérgio I (687 – 701) – terá introduzido o canto do “Cordeiro de Deus” na
missa. Constantino I (708-715) – último Papa a visitar Constantinopla
até Paulo VI. Silvestre II (999 – 1003) – é-lhe atribuída a introdução
da numeração romana no Ocidente e a invenção do relógio de pêndulo. Urbano
II (1088 – 1099) – Em 1095 convocou os príncipes cristãos para a primeira
cruzada contra os muçulmanos, para libertar a Terra Santa. Concedeu à Sé de
Braga o título de Primaz. Inocêncio III (1198 – 1216) – O primeiro Papa
a chamar-se “Vigário de Cristo”, em vez de “Vigário de Pedro”. Urbano IV (1261
– 1264) – Instituiu a festa do “Corpo de Deus”, em 1264. Bonifácio VIII (1294
– 1303) – Proclamou, em 1300, o primeiro ano jubilar da história da Igreja. Alexandre
VI (1492 – 1503) – No jubileu de 1500 introduziu a cerimónia de abertura da
Porta Santa.
E com o fim de um pontificado
outro capítulo é aberto. Vem aí o conclave e as regras, embora complexas, são
simples: o primeiro cardeal a obter dois terços dos votos é eleito Papa. Ou
seja, pelas contas atuais, serão necessários 90 votos para haver novo Papa.
Na segunda semana de maio, o
conclave deve ter início e os votos de 135 cardeais de mais de 70
nacionalidades começam a ser contados.
LISTA CRONOLÓGICA
DOS PAPAS
S. Pedro: 33 – 67; S. Lino: 67 – 76; Santo Anacleto: 76 – 68; S. Clemente:
88 – 97; S.to Evaristo: 97 – 105; S.to Alexandre: 105 – 115; S. Sisto I – 115 –
125; S. Telésforo: 125 – 136; S. Higino: 137 – 140; S. Pio I: 140 – 155; S.to
Aniceto: 155 –166; S. Sotero: 166 – 175; S.to Eleutério: 175 – 189; S. Vítor I:
189 – 199; S. Zeferino: 199 –217; S. Calisto: 217 – 222; S.to Urbano: 222 –
230; S. Ponciano: 230 – 235; S.to Antero: 235 – 236; S. Fabião: 236 – 250; S.
Cornélio: 251 – 253; S. Lúcio I: 253 – 254; S.to Estêvão I: 254 – 257; S. Sisto
II: 257 – 258; S. Dionísio: 259 – 268; S. Félix I: 269 – 274; S.to Eutiquiano:
275 – 283; S. Caio: 283 – 296; S. Marcelino: 296 – 304; S. Marcelo I: 308 –
309; S.to Eusébio: 309 – 310; S. Milcíades: 311 – 314; S. Silvestre I: 314 –
335; S. Marcos: 336; S. Júlio I: 337 – 352; Libério: 352 – 363; S. Dâmaso I:
336 – 384; S. Siríaco: 384 – 399; S.to Anastásio I: 399 – 401; S.to Inocêncio I:
401 – 417; S. Zósimo: 417 – 418; S. Bonifácio I: 418 – 422; S. Celestino I: 422
– 432; S. Sisto III: 432 – 440; S. Leão I, Magno: 440 – 461; S.to Hilário: 461
– 468; S. Simplício: 468 – 483; S. Félix III: 483 – 492; S. Gelásio I: 492 –
496; S.to Anastácio II: 496 – 498; S. Símaco: 498 – 514; S.to Hormisdas: 515 –
523; S. João I: 523 – 526; S. Félix IV: 526 – 530; Dióscoro: 530; Bonifácio II:
530 – 532; João II: 533 – 535; S.to Agapito I: 535 – 536; S. Silvério: 536 –
537; Vigílio: 537 – 555; Pelágio I: 556 – 561; João III; 561 – 574; Bento I: 575
– 579; Pelágio II: 579 – 590; S. Gregório I, Magno: 590 – 604; Sabiniano: 604 –
606; Bonifácio III: 607; S. Bonifácio IV: 608 – 615; S. Deodato: 615 – 618; Bonifácio
V: 619 – 625; Honório I: 625 – 638; Severino: 640; João IV: 640 – 642; Teodoro
I: 642 – 649; S. Martinho I: 649 – 655; S.to Eugénio I: 654 – 657; S. Vitalino:
657 – 672; Deodato II: 672 – 676; Dono: 676 – 678; S.to Agatão: 678 – 681; S.
Leão II: 682 – 683; S. Bento II: 684 – 685; João V: 685 – 686; Cónon: 686 –
687; S. Sérgio I: 687 – 701; João VI: 701 – 705; João VII: 705 – 707; Sisínio:
708; Constantino: 708 – 715; S. Gregório II: 715 – 731; S. Gregório III: 731 –
741; S. Zacarias: 741 – 752; Estêvão II: 752 – 757; S. Paulo I: 757 – 767; S.to
Estêvão III: 768 – 772; Adriano I: 772 – 795; S. Leão III: 795 – 816; Estêvão
IV: 816 – 817; S. Pascoal I: 817 – 824; Eugénio II: 824 – 827; Valentim: 827;
Gregório IV: 827 – 844; Sérgio II: 844 – 847; S. Leão IV: 847 – 855; Bento III:
855 – 858; S. Nicolau I, Magno: 858 – 867; Adriano II: 867 – 872; João VIII:
872 – 882; Marino I: 882 – 884; S.to Adriano III: 884 – 885; Estêvão V: 885 –
891; Formoso: 891 – 896; Bonifácio VI: 896; Estêvão VI: 896 – 897; Romano: 897;
Teodoro II: 897; João IX: 898 – 900; Bento IV: 900 – 903; Leão V: 903; Sérgio
III: 904 – 911; Anastácio III: 911 – 913; Lândon: 913 – 914; João X: 914 – 928;
Leão VI: 928; Estêvão VII: 928 – 931; João XI: 931 – 935; Leão VII: 936 – 939;
Estêvão VIII: 939 – 942; Marino II: 942 – 946; Agapito II: 946 – 955; João XII:
955 – 964; Leão VIII: 963 – 964; Bento V: 964 – 965; João XIII: 965 – 972;
Bento VI: 973 – 974; Bento VII: 974 – 983; João XIV: 983 – 984; João XV: 985 –
996; Gregório V: 996 – 999; Silvestre II: 999 – 1003; João XVII: 1003; João
XVIII: 1004 – 1009; Sérgio IV: 1009 – 1012; Bento VIII: 1012 – 1024; João XIX:
1024 – 1032; Bento IX: 1032 – 1046; Silvestre III: 1045; Gregório VI: 1045 –
1046; Clemente II: 1046 – 1047; Dâmaso II: 1048; S. Leão IX: 1049 – 1054; Vítor
II: 1054 – 1057; Estêvão IX: 1057 – 1058; Bento X: 1058 – 1059; Nicolau II:
1059 – 1061; Alexandre II: 1061 – 1073; S. Gregório VII: 1073 – 1085; B. Vítor
III: 1086 – 1087; B. Urbano II: 1088 – 1099; Pascoal II: 1099 – 1118; Gelásio
II: 1118 – 1119; Calisto II: 1119 – 1124; Honório II: 1124 – 1130; Inocêncio II:
1130 – 1143; Celestino II: 1143 – 1144; Lúcio II: 1144 – 1145; B. Eugénio III:
1145 – 1153; Anastácio IV: 1153 – 1154; Adriano IV: 1154 – 1159; Alexandre III:
1159 – 1181; Lúcio III: 1181 – 1185; Urbano III: 1185 – 1187; Gregório VIII:
1187; Clemente III: 1187 – 1191; Celestino III: 1191 – 1198; Inocêncio III:
1198 – 1218; Honório III: 1216 – 1227; Gregório IX: 1227 – 1241; Celestino IV:
1241; Inocêncio IV: 1243 – 1254; Alexandre IV: 1254 – 1261; Urbano IV: 1261 –
1264; Clemente IV: 1265 – 1268; B. Gregório X: 1271 – 1276; B. Inocêncio V:
1278; Adriano V: 1276; João XXI: 1276 – 1277; Nicolau III: 1277 – 1280;
Martinho IV: 1281 – 1285; Honório IV: 1285 – 1287; Nicolau IV: 1288 – 1292; S.
Celestino V: 1294; Bonifácio VIII: 1294 – 1303; B. Bento XI: 1303- 1304;
Clemente V: 1305 – 1314; João XXII: 1316 – 1334; Bento XII: 1334 – 1342;
Clemente VI: 1342 – 1352; Inocêncio VI: 1352 – 1362; B. Urbano V: 1362 – 1370;
Gregório XI: 1370 – 1378; Urbano VI: 1378 – 1389; Bonifácio IX: 1389 – 1404;
Inocêncio VII: 1404 – 1406; Gregório XII: 1406 – 1415; Martinho V: 1417 – 1431;
Eugénio IV: 1431 – 1447; Nicolau V: 1447 – 1455; Calisto III: 1455 – 1458; Pio
II: 1458 – 1464; Paulo II: 1464 – 1471; Sisto IV: 1471 – 1484; Inocêncio VIII:
1484 – 1492; Alexandre VI: 1492 – 1503; Pio III: 1503; Júlio II: 1503 – 1513;
Leão X: 1513 – 1521; Adriano VI: 1522 – 1523; Clemente VII: 1523 – 1534; Paulo
III: 1534 – 1549; Júlio III: 1550 – 1555; Marcelo II: 1555; Paulo IV: 1555 –
1559; Pio IV: 1559 – 1565; S. Pio V: 1566 – 1572; Gregório XIII: 1572 – 1585;
Sisto V: 1585 – 1590; Urbano VII: 1590; Gregório XIV: 1590 – 1591; Inocêncio
IX: 1591; Clemente VIII: 1592 – 1605; Leão XI: 1605; Paulo V: 1605 – 1621;
Gregório XV: 1621 – 1623; Urbano VIII: 1623 – 1644; Inocêncio X: 1644 – 1655;
Alexandre VII: 1655 – 1667; Clemente IX: 1667 – 1669; Clemente X: 1670 – 1676;
B. Inocêncio XI: 1676 – 1689; Alexandre VIII: 1689 – 1691; Inocêncio XII: 1691
– 1700; Clemente XI: 1700 – 1721; Inocêncio XIII: 1721 – 1724; Bento XIII: 1724
– 1730; Clemente XII: 1730 – 1740; Bento XIV: 1740 – 1758; Cemente XIII: 1758 –
1769; Clemente XIV: 1769 – 1774; Pio VI: 1775 – 1799; Pio VII: 1780 – 1823;
Leão XII: 1823 – 1829; Pio VIII: 1829 – 1830; Gregório XVI: 1831- 1846; Pio IX:
1846 – 1878; Leão XIII: 1878 – 1903; S. Pio X: 1903 – 1914; B. Bento XV: 1914 –
1922; Pio XI: 1922 – 1939; Pio XII (Eugénio Pacceli, italiano): 1939 – 1958; São João XXIII (Ângelo Roncalli,
italiano): 1958 – 1963; São Paulo VI (João Baptista Montini, italiano): 1963 –
1978; B. João Paulo I (Albino Luciani, italiano, conhecido como o Papa do
sorriso): 1978: São João Paulo II (Karol Woityla, polaco): 1978 – 2005; Bento XVI (Joseph Ratzinger, alemão): 2005 –
2013; Francisco (Jorge Mario Bergoglio, argentino): 2013 – 2025. Francisco foi
o 266º Papa.
João de Jesus Nunes
(In “Jornal Fórum Covilhã”, de
07-05-2025)
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