O FILÓSOFO ATENIENSE que viveu no século V antes de Cristo imprimiu a necessidade de levar o conhecimento aos cidadãos gregos através do diálogo.
Defendeu ideias contrárias ao funcionamento da sociedade grega, criticando e afirmando que muitas tradições, crenças religiosas e costumes prejudicavam o desenvolvimento intelectual dos cidadãos; e tinha ideias para a sociedade, na luta pela defesa da verdade. Atraiu muitos jovens atenienses. As suas qualidades de orador, e a sua inteligência, aumentaram a sua popularidade. A todos pretendia ensinar e com todos aprender, para chegar ao espírito.
A arte da retórica era muito prestigiada pelos jovens que vinham de todas as partes em busca de aprendê-la, procurando os seus maiores especialistas – os sofistas, cujos maus argumentos, ou sofismas, foram rebatidos por Sócrates.
Temendo mudanças na sociedade grega, a elite mais conservadora de Atenas encarou Sócrates como um inimigo público e agitador. Acusado de heresia, foi preso e condenado à morte, sendo obrigado a beber um veneno chamado cicuta.
Sócrates sempre dizia que sua sabedoria era limitada à sua própria ignorância, pelo que ficaram algumas expressões suas: “Só sei que nada sei”; “É melhor fazer pouco e bem, do que muito e mal”; “Alcançar o sucesso pelos próprios méritos”; “A verdade não está com os homens, mas entre os homens”; “Quem melhor conhece a verdade é mais capaz de mentir”.
Outro SÓCRATES, este BRASILEIRO, médico de profissão, conhecido pelos amantes do futebol, integrou a selecção brasileira de 1978 a 1986.
O doutor Sócrates revelou-se no Botafogo, quase não treinava devido a frequentar o curso de medicina. Com uma grande visão de jogo, formou com Cerezo, Falcão e Zico um meio campo da selecção brasileira no Campeonato do Mundo de 1982, em Espanha. E, depois, no México, em 1986. A sua jogada característica era o toque de calcanhar, no qual ficou famoso.
Ideologicamente, fez a cabeça de uma geração reprimida pelos anos de ditadura no Brasil. Em 1984 subiu a diversos palanques para defender o voto directo para presidente. Prometeu sair do país se o voto directo não fosse aprovado na Câmara. Frustrado, partiu para a Fiorentina, na Itália. Manteve a sua tradição de contestação e arrumou uma briga com a Fifa por ter entrado em campo com uma mensagem política. Se o grego foi sábio na filosofia, o brasileiro foi sábio no futebol.
O PORTUGUÊS SÓCRATES é Primeiro-Ministro desde 2005, viveu na Covilhã, onde estudou até ao secundário. Engenheiro Civil, exercia a sua actividade na Câmara Municipal da Covilhã quando surge o seu envolvimento na vida política, pós 25 de Abril.
De presidente da concelhia da Covilhã, do Partido Socialista, chegou a presidente da federação distrital de Castelo Branco. A sua personalidade chamou a atenção dos dirigentes do partido e foi eleito deputado pelo distrito de Castelo Branco.
Em 1995 tornou-se membro do primeiro governo de António Guterres, na área do Ambiente; depois, passou para as tutelas da Toxicodependência, Juventude e Desporto. No segundo governo de António Guterres transitou para a pasta do Ambiente e do Ordenamento do Território.
Depois de vencer, por larga maioria, as eleições para a Direcção do seu partido, chegou a Primeiro-Ministro de Portugal, com maioria absoluta.
No Governo, depois de uma empolgante actuação que deixou os portugueses expectantes de verem dar a volta ao texto político, depressa começaram a surgir acusações: posto em causa o seu título de engenheiro; na execução de diversos projectos de habitação de âmbito privado; protagonista de diversas polémicas: co-incineração de resíduos tóxicos, os estádios, o aeroporto, o TGV, os Bancos, o licenciamento do Freeport, em Alcochete.
A sua paixão pelo desporto é conhecida. Como o Sócrates brasileiro foi pelo futebol, o português Sócrates é pelo jogging, tendo participado em provas – a mini-maratona de Lisboa.
E, tal como o Sócrates grego, também o político português Sócrates teve expressões peculiares que ficam para a história: “(...) não é concordar por discordar, nem discordar por concordar”; “O insulto é a arma dos fracos e só fica diminuído quem desejar recorrer ao mesmo.”.
(In Notícias da Covilhã de 26/02/2009 e Jornal Olhanense de 28/02/2009)
28 de fevereiro de 2009
26 de fevereiro de 2009
O FUTEBOL DOS PRIMÓRDIOS NO CONCELHO DA COVILHÃ
Ainda hoje tem incertezas na forma como nasceu, e no seu local de origem – o futebol.
Os jogos com bola, geralmente celebrados em festividades, desde as mais remotas origens, trazem vários historiadores a reclamar para os seus países a origem do “Desporto-Rei”.
Também em Portugal as origens do futebol moderno encontram dificuldades quanto à sua exactidão. Os madeirenses reclamam para si que foi em Camacha, no ano de 1875, que se jogou pela primeira vez futebol. No Continente, terão sido os irmãos Pinto Basto, que, após regressarem dos seus estudos em Inglaterra, entre 1884 e 1886, trouxeram as bolas que dariam o pontapé de saída na grande implementação do futebol entre nós, constando que o primeiro jogo se terá realizado em Cascais, em 1888.
Na província é o distrito de Portalegre (estranho para os dias de hoje...) que se encontra na vanguarda da implementação do futebol no nosso País, cuja Associação de Futebol, em conjunto com as de Lisboa e do Porto, deu origem à União Portuguesa de Futebol, em 1914, para, em 1926, se passar a designar Federação Portuguesa de Futebol.
A Beira Baixa viu mais tarde o surgimento do futebol, que, na Covilhã, Tortosendo, Fundão e
Castelo Branco, teve o seu alvorecer a partir de 1920/22, quando se começaram a organizar os primeiros grupos.
Houve vários clubes que nasciam e desapareciam com alguma facilidade, devido à fragilidade com que surgiam, sem estruturas que permitissem uma forma organizada.
Mas houve outros que se mantiveram com alguma pujança, durante vários anos.
Já desapareceram, do concelho da Covilhã, o Estrela Football Club, que foi a génese do Sporting Clube da Covilhã; e, entre outros: Montes Hermínios, Victória Luso Sporting, União Desportiva da Covilhã, Grupo Desportivo Escola Industrial, Luzitanos Sport Club, Clube de Futebol “Os Covilhanenses”, Internacional Foot Ball Club, Grupo Ferroviário, Boavista, Sport Lisboa e Covilhã, Grupo Desportivo Operário Covilhanense, e Sporting Club União, que foi filial do SCC; mantém-se ainda, como antiga colectividade do concelho, o Sport Lisboa e Tortosendo, hoje Sport Tortosendo e Benfica.
Trazemos à ribalta o desaparecido Sport Comércio e Indústria, clube fundado na Covilhã em 1925, na altura em que principiavam as obras de terraplanagem do Campo de Futebol do SCC, não o Estádio Santo Pinto, mas o Campo da Palmatória..., isto em 5 de Abril de 1925, “(...) se o tempo o permitir (...),” referia a imprensa regional..
Só podiam integrar o novel clube, os sócios da Associação dos Empregados no Comércio e Indústria. A colectividade tinha a sua sede à Rua Nogueira dos Frades e o seu equipamento era verde e amarelo (camisola) e calções pretos; por tal facto chamavam-lhe “os lagartos”.
Na fotografia do Grupo de Football Comércio e Indústria, como também era conhecido, vêem-se, da esquerda para a direita: Domingos Isaías, Espinho, Amândio Figueiredo, Luís Ribeiro, José Mendes, Francisco Gingão, José Isaías, Álvaro Jota, Barata (irmão do Pedro Barata), Garcia (empregado do Francisco Cruz), João Pachau, Mário Barroso, José Maria Nicolau (comissário) e Albino Mioludo.
Pois bem, sobre o Sporting da Covilhã, podemos informar, com agradável surpresa, que o Miguel Saraiva, antigo dirigente, já tem quase pronto o blogue onde os covilhanenses e amigos desta colectividade serrana, e outros interessados, poderão recordar mais de 250 fotografias de equipas, de quase todas as épocas dos Leões da Serra, desde 1938/39 até à actualidade, com colaboração do Filipe Pinto.
(In Notícias da Covilhã de 26/02/2009 e no sitio Sporting da Covilhã)
23 de fevereiro de 2009
O MESTRE DAS PLANTAS E FLORES
Há muito tempo que não via o homem sobejamente conhecido da Covilhã pela sua dedicação aos jardins municipais, onde, das suas mãos de mestre, saía uma carícia às flores e plantas, dando formas coloridas e verdejantes a tudo o que era disponível para embelezar a cidade, e seu termo.
Com 85 anos, ainda continua a sua arte, agora retirado na sua casa perto da Senhora do Carmo.
Durante quase três décadas, como encarregado municipal dos jardins, moldou a Covilhã, em tempos que muito faltava ao bom gosto citadino.
Em 14 anos consecutivos proporcionou exposições de flores, por altura de “Todos os Santos”, tendo iniciado em 1961, a primeira a ser inaugurada pelo então Presidente da Câmara, Dr. José Ranito Baltazar. Foram realizadas inicialmente no Mercado Municipal, depois nas arcadas do Largo do Pelourinho, acabando nas extintas instalações da FAEC, junto à Estação de Caminhos-de-Ferro.
Napoleão Correia foi quase sempre louvado pelos seus serviços de excelência, prestados à Covilhã, na sua arte, tendo, inclusive, na década de oitenta do século passado, coordenado também os serviços de jardinagem da Câmara do Sabugal.
Quando o antigo Presidente do Brasil, Dr. Juscelino Kubitschk de Oliveira, visitou a Covilhã, o mestre Napoleão desenhou as bandeiras do Brasil e de Portugal, com camélias, no átrio da Câmara Municipal.
Certamente que os mais antigos se recordam do célebre calendário, no Jardim Municipal, feito num canteiro de flores, onde todos os dias tinha que colocar, enterrada, uma nova caixa, com o respectivo número, que nas vésperas cuidava no quintal das antigas instalações da biblioteca municipal. Era muito trabalhoso pelo que inventou um ponteiro, em ferro, pintado de castanho e, então, vai daí, toca a substituir o calendário com os números todos do mês. Corria o ano de 1962.
Depois, a sua originalidade e bom gosto estendia-se por várias facetas da sua arte – por exemplo, os dísticos feitos em arbusto, como “Jardim Municipal de S. Francisco”, o emblema do Sporting da Covilhã, num mosaico de verdura, e o Escudo antigo da Covilhã; e, já em 1975, ano da última exposição de plantas e flores, que sempre trazia algum rendimento para os cofres camarários; num tapete matizado de flores coloridas, à entrada sul da Covilhã, a frase: “A Covilhã Saúda-Vos. Sejam Bem-Vindos.
São estórias da história de Napoleão, natural de Lamego, e covilhanense pelo coração.
(In Diário XXI, de 23/02/2009)
12 de fevereiro de 2009
O HOMEM QUE NASCEU PARA AS FLORES
Lamecense de naturalidade, veio de Coimbra, onde casou, para a Covilhã, em 1959.
Quase aos 85 anos, “mestre” Napoleão continua tranquilamente na sua arte dedicada às plantas e às flores, na sua casa implantada em grande terreno para as bandas da Senhora do Carmo, depois de se ter aposentado do Município Covilhanense.
Durante perto de três decénios, enquanto responsável pelos serviços de jardinagem municipal, embelezou a Covilhã, com os seus dotes de inteligência e bom gosto, numa altura em que muito faltava à cidade. Ainda existiam as difíceis vias de acesso, as feias entradas norte e sul, o sofrimento da interioridade. Felizmente que hoje, com a entrada num mundo diferente, que não surgiu por acaso, o interior hoje já pode emparceirar com as outras zonas mais privilegiadas.
Sob a responsabilidade, e iniciativa, de Napoleão Correia, realizou-se a 1.ª Exposição de Flores e Plantas no Mercado Municipal, de 29 a 31 de Outubro de 1961, inaugurada pelo então Presidente da Câmara, Dr. José Ranito Balthazar. Foi um grande êxito. Eram então vinte camionetas para o transporte das flores.
Estas exposições realizaram-se durante 14 anos, tendo passado por outros locais: arcadas do Largo do Pelourinho, no Gameiro, no Horto Municipal/Boidobra, e nos antigos pavilhões da FAEC, até que terminaram em 1975.
Das flores destacavam-se principalmente os crisântemos, próprios da época outonal, e arbustos bem desenvolvidos; mas também havia cravos, ciclamens e outras espécies.
Este homem, que tratava por tu as flores, foi louvado várias vezes, pelo Município, em virtude do seu excelente trabalho e dinâmica ao serviço da jardinagem no concelho, transformando cantos e recantos, sentenciados a lixeiras, em aprazíveis canteiros figurados de símbolos e artifícios imaginados e desenhados pelo Napoleão.
Na década de oitenta, do século passado, a pedido da Câmara do Sabugal, à edilidade covilhanense, lá foi Napoleão Correia coordenar os serviços de jardinagem e arborização daquele concelho, terminando com mais um louvor daquele Município.
Quando o antigo Presidente do Brasil, Dr. Juscelino Kubitschek de Oliveira, visitou a Covilhã, “mestre” Napoleão fez a bandeira do Brasil em camélias, e a de Portugal, no átrio da CMC.
Alguns se devem recordar das obras de arte de Napoleão, no Jardim Público, com o célebre calendário, feito num canteiro de flores, onde todos os dias tinham que colocar uma nova caixa, enterrada, com o número do dia (numa fotografia antiga lemos o seguinte calendário, feito de flores e arbustos: ao centro o ano – “1962” -; em círculo, “Covilhã – 12 de Agosto”); até que, mais tarde, alterou o calendário, passando a colocar os dias completos do mês e um ponteiro, em ferro, pintado de castanho, que apontava o dia correcto.
Outros canteiros concebidos por Napoleão saltavam à vista de quem passava, como o emblema do Sporting da Covilhã, num mosaico de verdura. Pela sua originalidade e bom gosto, atraía as atenções das pessoas; o Escudo antigo da Covilhã, além de dísticos, feitos em arbusto, como este: “Jardim Municipal de S. Francisco”.
Com as pequenas estufas de que dispunha conseguia fazer destas interessantes coisas de floricultura, não só pela beleza das plantas como também pela variedade e abundância das espécies.
“Aos poucos a Cidade vai-se embelezando. Aqui e ali nascem autênticos canteiros floridos saídos da imaginação fértil e engenhosa do Mestre Napoleão que nisto de flores é o maior nestas paragens. Nisto e no jeito com que dissimula muros e zonas abandonadas e de aspecto confrangedor”, assim se referia a imprensa regional.
Em 1975, surgiu pela mãos do “mestre” mais um canteiro artístico, com arbustos verdes a sair de um tapete matizado de flores coloridas, vibrante na frase: A COVILHÃ SAÚDA-VOS SEJAM BEM-VINDOS.
Aqui ficam estórias para a história deste Covilhanense pelo coração.
(In Notícias da Covilhã de 12/02/2009)