23 de fevereiro de 2009
O MESTRE DAS PLANTAS E FLORES
Há muito tempo que não via o homem sobejamente conhecido da Covilhã pela sua dedicação aos jardins municipais, onde, das suas mãos de mestre, saía uma carícia às flores e plantas, dando formas coloridas e verdejantes a tudo o que era disponível para embelezar a cidade, e seu termo.
Com 85 anos, ainda continua a sua arte, agora retirado na sua casa perto da Senhora do Carmo.
Durante quase três décadas, como encarregado municipal dos jardins, moldou a Covilhã, em tempos que muito faltava ao bom gosto citadino.
Em 14 anos consecutivos proporcionou exposições de flores, por altura de “Todos os Santos”, tendo iniciado em 1961, a primeira a ser inaugurada pelo então Presidente da Câmara, Dr. José Ranito Baltazar. Foram realizadas inicialmente no Mercado Municipal, depois nas arcadas do Largo do Pelourinho, acabando nas extintas instalações da FAEC, junto à Estação de Caminhos-de-Ferro.
Napoleão Correia foi quase sempre louvado pelos seus serviços de excelência, prestados à Covilhã, na sua arte, tendo, inclusive, na década de oitenta do século passado, coordenado também os serviços de jardinagem da Câmara do Sabugal.
Quando o antigo Presidente do Brasil, Dr. Juscelino Kubitschk de Oliveira, visitou a Covilhã, o mestre Napoleão desenhou as bandeiras do Brasil e de Portugal, com camélias, no átrio da Câmara Municipal.
Certamente que os mais antigos se recordam do célebre calendário, no Jardim Municipal, feito num canteiro de flores, onde todos os dias tinha que colocar, enterrada, uma nova caixa, com o respectivo número, que nas vésperas cuidava no quintal das antigas instalações da biblioteca municipal. Era muito trabalhoso pelo que inventou um ponteiro, em ferro, pintado de castanho e, então, vai daí, toca a substituir o calendário com os números todos do mês. Corria o ano de 1962.
Depois, a sua originalidade e bom gosto estendia-se por várias facetas da sua arte – por exemplo, os dísticos feitos em arbusto, como “Jardim Municipal de S. Francisco”, o emblema do Sporting da Covilhã, num mosaico de verdura, e o Escudo antigo da Covilhã; e, já em 1975, ano da última exposição de plantas e flores, que sempre trazia algum rendimento para os cofres camarários; num tapete matizado de flores coloridas, à entrada sul da Covilhã, a frase: “A Covilhã Saúda-Vos. Sejam Bem-Vindos.
São estórias da história de Napoleão, natural de Lamego, e covilhanense pelo coração.
(In Diário XXI, de 23/02/2009)
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