28 de fevereiro de 2009

HISTÓRIAS DIFÍCEIS DA VIDA DE TRÊS SÓCRATES

O FILÓSOFO ATENIENSE que viveu no século V antes de Cristo imprimiu a necessidade de levar o conhecimento aos cidadãos gregos através do diálogo.
Defendeu ideias contrárias ao funcionamento da sociedade grega, criticando e afirmando que muitas tradições, crenças religiosas e costumes prejudicavam o desenvolvimento intelectual dos cidadãos; e tinha ideias para a sociedade, na luta pela defesa da verdade. Atraiu muitos jovens atenienses. As suas qualidades de orador, e a sua inteligência, aumentaram a sua popularidade. A todos pretendia ensinar e com todos aprender, para chegar ao espírito.
A arte da retórica era muito prestigiada pelos jovens que vinham de todas as partes em busca de aprendê-la, procurando os seus maiores especialistas – os sofistas, cujos maus argumentos, ou sofismas, foram rebatidos por Sócrates.
Temendo mudanças na sociedade grega, a elite mais conservadora de Atenas encarou Sócrates como um inimigo público e agitador. Acusado de heresia, foi preso e condenado à morte, sendo obrigado a beber um veneno chamado cicuta.
Sócrates sempre dizia que sua sabedoria era limitada à sua própria ignorância, pelo que ficaram algumas expressões suas: “Só sei que nada sei”; “É melhor fazer pouco e bem, do que muito e mal”; “Alcançar o sucesso pelos próprios méritos”; “A verdade não está com os homens, mas entre os homens”; “Quem melhor conhece a verdade é mais capaz de mentir”.
Outro SÓCRATES, este BRASILEIRO, médico de profissão, conhecido pelos amantes do futebol, integrou a selecção brasileira de 1978 a 1986.
O doutor Sócrates revelou-se no Botafogo, quase não treinava devido a frequentar o curso de medicina. Com uma grande visão de jogo, formou com Cerezo, Falcão e Zico um meio campo da selecção brasileira no Campeonato do Mundo de 1982, em Espanha. E, depois, no México, em 1986. A sua jogada característica era o toque de calcanhar, no qual ficou famoso.
Ideologicamente, fez a cabeça de uma geração reprimida pelos anos de ditadura no Brasil. Em 1984 subiu a diversos palanques para defender o voto directo para presidente. Prometeu sair do país se o voto directo não fosse aprovado na Câmara. Frustrado, partiu para a Fiorentina, na Itália. Manteve a sua tradição de contestação e arrumou uma briga com a Fifa por ter entrado em campo com uma mensagem política. Se o grego foi sábio na filosofia, o brasileiro foi sábio no futebol.
O PORTUGUÊS SÓCRATES é Primeiro-Ministro desde 2005, viveu na Covilhã, onde estudou até ao secundário. Engenheiro Civil, exercia a sua actividade na Câmara Municipal da Covilhã quando surge o seu envolvimento na vida política, pós 25 de Abril.
De presidente da concelhia da Covilhã, do Partido Socialista, chegou a presidente da federação distrital de Castelo Branco. A sua personalidade chamou a atenção dos dirigentes do partido e foi eleito deputado pelo distrito de Castelo Branco.
Em 1995 tornou-se membro do primeiro governo de António Guterres, na área do Ambiente; depois, passou para as tutelas da Toxicodependência, Juventude e Desporto. No segundo governo de António Guterres transitou para a pasta do Ambiente e do Ordenamento do Território.
Depois de vencer, por larga maioria, as eleições para a Direcção do seu partido, chegou a Primeiro-Ministro de Portugal, com maioria absoluta.
No Governo, depois de uma empolgante actuação que deixou os portugueses expectantes de verem dar a volta ao texto político, depressa começaram a surgir acusações: posto em causa o seu título de engenheiro; na execução de diversos projectos de habitação de âmbito privado; protagonista de diversas polémicas: co-incineração de resíduos tóxicos, os estádios, o aeroporto, o TGV, os Bancos, o licenciamento do Freeport, em Alcochete.
A sua paixão pelo desporto é conhecida. Como o Sócrates brasileiro foi pelo futebol, o português Sócrates é pelo jogging, tendo participado em provas – a mini-maratona de Lisboa.
E, tal como o Sócrates grego, também o político português Sócrates teve expressões peculiares que ficam para a história: “(...) não é concordar por discordar, nem discordar por concordar”; “O insulto é a arma dos fracos e só fica diminuído quem desejar recorrer ao mesmo.”.

(In Notícias da Covilhã de 26/02/2009 e Jornal Olhanense de 28/02/2009)

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