12 de fevereiro de 2009

O HOMEM QUE NASCEU PARA AS FLORES



Lamecense de naturalidade, veio de Coimbra, onde casou, para a Covilhã, em 1959.
Quase aos 85 anos, “mestre” Napoleão continua tranquilamente na sua arte dedicada às plantas e às flores, na sua casa implantada em grande terreno para as bandas da Senhora do Carmo, depois de se ter aposentado do Município Covilhanense.
Durante perto de três decénios, enquanto responsável pelos serviços de jardinagem municipal, embelezou a Covilhã, com os seus dotes de inteligência e bom gosto, numa altura em que muito faltava à cidade. Ainda existiam as difíceis vias de acesso, as feias entradas norte e sul, o sofrimento da interioridade. Felizmente que hoje, com a entrada num mundo diferente, que não surgiu por acaso, o interior hoje já pode emparceirar com as outras zonas mais privilegiadas.
Sob a responsabilidade, e iniciativa, de Napoleão Correia, realizou-se a 1.ª Exposição de Flores e Plantas no Mercado Municipal, de 29 a 31 de Outubro de 1961, inaugurada pelo então Presidente da Câmara, Dr. José Ranito Balthazar. Foi um grande êxito. Eram então vinte camionetas para o transporte das flores.
Estas exposições realizaram-se durante 14 anos, tendo passado por outros locais: arcadas do Largo do Pelourinho, no Gameiro, no Horto Municipal/Boidobra, e nos antigos pavilhões da FAEC, até que terminaram em 1975.
Das flores destacavam-se principalmente os crisântemos, próprios da época outonal, e arbustos bem desenvolvidos; mas também havia cravos, ciclamens e outras espécies.
Este homem, que tratava por tu as flores, foi louvado várias vezes, pelo Município, em virtude do seu excelente trabalho e dinâmica ao serviço da jardinagem no concelho, transformando cantos e recantos, sentenciados a lixeiras, em aprazíveis canteiros figurados de símbolos e artifícios imaginados e desenhados pelo Napoleão.
Na década de oitenta, do século passado, a pedido da Câmara do Sabugal, à edilidade covilhanense, lá foi Napoleão Correia coordenar os serviços de jardinagem e arborização daquele concelho, terminando com mais um louvor daquele Município.
Quando o antigo Presidente do Brasil, Dr. Juscelino Kubitschek de Oliveira, visitou a Covilhã, “mestre” Napoleão fez a bandeira do Brasil em camélias, e a de Portugal, no átrio da CMC.
Alguns se devem recordar das obras de arte de Napoleão, no Jardim Público, com o célebre calendário, feito num canteiro de flores, onde todos os dias tinham que colocar uma nova caixa, enterrada, com o número do dia (numa fotografia antiga lemos o seguinte calendário, feito de flores e arbustos: ao centro o ano – “1962” -; em círculo, “Covilhã – 12 de Agosto”); até que, mais tarde, alterou o calendário, passando a colocar os dias completos do mês e um ponteiro, em ferro, pintado de castanho, que apontava o dia correcto.
Outros canteiros concebidos por Napoleão saltavam à vista de quem passava, como o emblema do Sporting da Covilhã, num mosaico de verdura. Pela sua originalidade e bom gosto, atraía as atenções das pessoas; o Escudo antigo da Covilhã, além de dísticos, feitos em arbusto, como este: “Jardim Municipal de S. Francisco”.
Com as pequenas estufas de que dispunha conseguia fazer destas interessantes coisas de floricultura, não só pela beleza das plantas como também pela variedade e abundância das espécies.
“Aos poucos a Cidade vai-se embelezando. Aqui e ali nascem autênticos canteiros floridos saídos da imaginação fértil e engenhosa do Mestre Napoleão que nisto de flores é o maior nestas paragens. Nisto e no jeito com que dissimula muros e zonas abandonadas e de aspecto confrangedor”, assim se referia a imprensa regional.
Em 1975, surgiu pela mãos do “mestre” mais um canteiro artístico, com arbustos verdes a sair de um tapete matizado de flores coloridas, vibrante na frase: A COVILHÃ SAÚDA-VOS SEJAM BEM-VINDOS.
Aqui ficam estórias para a história deste Covilhanense pelo coração.


(In Notícias da Covilhã de 12/02/2009)

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