29 de outubro de 2009
O EXTINTO “C.R.P. ESTRELA DE SÃO PEDRO”
Foi uma das colectividades populares de outrora, da cidade covilhanense – ditas “de bairro” – na esfera da então FNAT – Federação Nacional para a Alegria no Trabalho, hoje sob a designação de INATEL. Teve o seu início na década de cinquenta do século XX.
Após o 25 de Abril de 1974, as colectividades sob a égide do Inatel, passaram da sigla “C.R.P”. – Centro de Recreio Popular, para “C.P.T.” – Centro Popular de Trabalhadores; e, pelo Decreto 61/89, de 23/02/1989, para “C.C.D.” – Centro de Cultura e Desporto.
Estes centros eram lenitivos das pessoas nas agruras do trabalho, nas centenas de fábricas laneiras de então. Daí que o concelho da Covilhã era e é o detentor do maior número de agentes desportivos e culturais da região e do distrito.
Mas, dentre as dificuldades culturais, por falta de acesso a estudos continuados nas regiões, à altura, pouco dinheiro para o sustento duma família, quanto mais para adquirir livros ou jornais, ir ao cinema ou ao teatro (quando ocasionalmente surgia) ou mesmo adquirir um aparelho de televisão (ela emergiu em Portugal em 1957), as iniciativas e ideias partiam destes clubes de bairro, proporcionando a criação de bibliotecas, salas de leitura, organização de eventos, para além dos aniversários comemorativos; também a organização do folclore e, eventualmente, algumas conferências.
A confraternização entre associados era bem patente nesses tempos; mais que nos dias de hoje, cujo associativismo está muito fragilizado; através de ocupação dos tempos livres por via dos chamados jogos de mesa, nos bilhares, e para além de ser ponto de encontro para amenizar conversas do dia-a-dia.
Mas também o desporto-rei mexia com estas colectividades e eram muitos os jovens que integravam as equipas das respectivas colectividades; organizavam-se torneios e chegou a haver o Campeonato Nacional de Futebol da FNAT.
Muitas são as reminiscências de quantos jogaram futebol pelo seu clube, proporcionador de rivalidades leais, mas pendentes para o companheirismo, amizade e confraternização.
As crises emergentes das guerras nas colónias, para onde ia grande parte da juventude desses clubes, a emigração em força na década de sessenta, e depois as crises após a democracia, levaram algumas colectividades a verem-se reduzidos aos reformados, com altos e baixos, na força emanada de boas vontades no difícil dirigismo.
Alguns impuseram mesmo uma vontade indómita de transformação e, pelo trabalho, surgiu o brilhantismo com obras nas sedes das suas colectividades, fruto também da forte mão benfazeja da edilidade covilhanense.
Da geração do Estrela de S. Pedro contam-se também, entre outros, o Oriental de S. Martinho, Os Leões da Floresta, Arsenal de São Francisco, Águias de Santa Maria, Rodrigo, Académico dos Penedos Altos, B.º São Vicente de Paulo, Estrela do Zêzere – Boidobra, Canhoso, Pinhos Mansos – Tortosendo.
O Estrela de S. Pedro, o Águias de Santa Maria e o Arsenal de S. Francisco, viriam a não aguentar as contingências já referidas e a sucumbir, sendo certo que o Arsenal de S. Francisco viria a ressurgir em 1996.
Da letargia em que caíram, ainda não acordaram – nem se vislumbra nenhuma luz no fundo do túnel – o Estrela de S. Pedro e o Águias de Santa Maria.
Ficaram tão só as memórias dessas colectividades e das figuras que as mesmas envolveram.
Foi no Estrela de S. Pedro que despontou para o futebol, o então jovem Francisco Manteigueiro, que viria a ser pedra basilar nas equipas do Sporting da Covilhã.
Também o Estrela de S. Pedro foi a Colectividade que organizou, ao tempo do presidente Gabriel, a primeira Corrida de S. Silvestre, na Covilhã, que depois manteve, sob a sua organização, durante vários anos.
(In Tribuna Desportiva de 20/10/2009, Notícias da Covilhã e Jornal do Fundão de 29/10/2009)
15 de outubro de 2009
A INAUGURAÇÃO DA ESTRADA DAS PEDRAS LAVRADAS
Já lá vão 136 anos, data em que foi inaugurada a abertura da estrada das Pedras Lavradas que ligou a Covilhã à cidade de Coimbra.
No local, que então era o prolongamento da Rua Marquês d’Ávila e Bolama, e se passara a chamar Palmatória, e, actualmente, Avenida da Universidade, foi aí colocado um monumento – a “Palmatória” – que ainda lá se encontra, numa zona verde. Existiu também um posto da Direcção de Viação e Trânsito, no entroncamento da referida estrada (para os Sete Capotes – Tortosendo) e a actual Avenida da Universidade.
Assim, em sessão extraordinária da Câmara Municipal da Covilhã, de 30 de Setembro de 1873, presidida pelo vereador Baptista Alves, em substituição do presidente Megre Restier, foi deliberado o seguinte:
“ (...) 2.º - Que constando, ainda que não oficialmente, mas com certeza, a vinda do Exm.º Ministro das Obras Públicas a esta cidade nos dias do próximo mês de Outubro, a fazer a inauguração da estrada das Pedras Lavradas, a Câmara deliberou que se devia fazer para a sua recepção, pois que, sendo a construção daquela estrada um dos melhoramentos mais importantes, não só para a Covilhã, mas também para as Beiras, e dignando-se o Exm.º Ministro vir solenizar aquele acto com a sua presença, entendia se devia fazer uma recepção brilhante e condigna de um Ministro que tanto se interessa pelos melhoramentos do País.
A Câmara concordando com as ideias apresentadas pelo Senhor Presidente, deliberou que se convidassem para reunirem nos Paços do Concelho, no dia 2 de Outubro, pelas 11 horas da manhã, todos os donos dos estabelecimentos fabris, bem como as principais pessoas da cidade, devendo também reunir a Câmara nesse mesmo dia, a fim de comum acordo, se determinar o que se deve fazer acerca da recepção do Exm.º Ministro”.
Após a inauguração, por via da acta da sessão extraordinária da edilidade, do dia 17 de Outubro de 1873, presidida pelo presidente da Câmara, Megre Restier, surgiu o seguinte registo: “(...) O Senhor Presidente declarou à Câmara, que devendo ter lugar, como teve a inauguração da estrada das Pedras Lavradas, no dia 16 do corrente mês, tinha convidado todas as autoridades, pessoas principais e donos de fábricas, bem como as filarmónicas, para assistir à solene festa da inauguração e tinha dado as competentes determinações para se cantar o Te-Deum, que teve lugar depois da inauguração da estrada”.
Posteriormente, por acta da sessão extraordinária da Câmara, de 6 de Novembro de 1873, presidida pelo vereador Baptista Alves, foi deliberado:
“(...) 4.º - O Senhor Presidente informou que as pedras que devem ser colocadas na rua que tem o nome Rua do Marquês d’Ávila e Bolama, custavam em Lisboa 2.500 réis cada uma, e que a coluna que deve ser levantada aonde se fez a inauguração da estrada das Pedras Lavradas, para comemorar aquele acto, custava em Lisboa, pronta e encaixotada, 60.000 réis.
A Câmara deliberou se mandasse vir a coluna e quatro pedras para a Rua Marquês d’Ávila e Bolama, devendo a coluna trazer a seguinte inscrição: Em 16 de Outubro de 1873 foi inaugurada a Estrada das Pedras Lavradas pelo Exm.º Ministro das Obras Públicas, Comércio e Industria, Cardoso Avelino – Par do Reino Vaz Preto e Deputado Pinheiro Chagas; e, do outro lado, Câmara Municipal de Covilhan de 1873.
5.º - Sob proposta do Senhor Vereador Cunha, a Câmara deliberou que se oficiasse ao Exm.º Director das Obras Públicas, para que, com a maior brevidade, mandasse abrir a servidão para a rua pública de S. João de Malta, na estrada real n.º 55, junto ao quintal de Manuel Teixeira”.
Mais tarde foi colocado ali o Posto n.º 70, da Polícia de Viação e Trânsito na Covilhã, onde esteve à frente o Chefe Constantino Pedrosa Gonçalves, durante dez anos, desde 1958 (ver foto). Já faleceu, no Porto, onde residia.
(In "Noticias da Covilhã de 15/10/2009)
No local, que então era o prolongamento da Rua Marquês d’Ávila e Bolama, e se passara a chamar Palmatória, e, actualmente, Avenida da Universidade, foi aí colocado um monumento – a “Palmatória” – que ainda lá se encontra, numa zona verde. Existiu também um posto da Direcção de Viação e Trânsito, no entroncamento da referida estrada (para os Sete Capotes – Tortosendo) e a actual Avenida da Universidade.
Assim, em sessão extraordinária da Câmara Municipal da Covilhã, de 30 de Setembro de 1873, presidida pelo vereador Baptista Alves, em substituição do presidente Megre Restier, foi deliberado o seguinte:
“ (...) 2.º - Que constando, ainda que não oficialmente, mas com certeza, a vinda do Exm.º Ministro das Obras Públicas a esta cidade nos dias do próximo mês de Outubro, a fazer a inauguração da estrada das Pedras Lavradas, a Câmara deliberou que se devia fazer para a sua recepção, pois que, sendo a construção daquela estrada um dos melhoramentos mais importantes, não só para a Covilhã, mas também para as Beiras, e dignando-se o Exm.º Ministro vir solenizar aquele acto com a sua presença, entendia se devia fazer uma recepção brilhante e condigna de um Ministro que tanto se interessa pelos melhoramentos do País.
A Câmara concordando com as ideias apresentadas pelo Senhor Presidente, deliberou que se convidassem para reunirem nos Paços do Concelho, no dia 2 de Outubro, pelas 11 horas da manhã, todos os donos dos estabelecimentos fabris, bem como as principais pessoas da cidade, devendo também reunir a Câmara nesse mesmo dia, a fim de comum acordo, se determinar o que se deve fazer acerca da recepção do Exm.º Ministro”.
Após a inauguração, por via da acta da sessão extraordinária da edilidade, do dia 17 de Outubro de 1873, presidida pelo presidente da Câmara, Megre Restier, surgiu o seguinte registo: “(...) O Senhor Presidente declarou à Câmara, que devendo ter lugar, como teve a inauguração da estrada das Pedras Lavradas, no dia 16 do corrente mês, tinha convidado todas as autoridades, pessoas principais e donos de fábricas, bem como as filarmónicas, para assistir à solene festa da inauguração e tinha dado as competentes determinações para se cantar o Te-Deum, que teve lugar depois da inauguração da estrada”.
Posteriormente, por acta da sessão extraordinária da Câmara, de 6 de Novembro de 1873, presidida pelo vereador Baptista Alves, foi deliberado:
“(...) 4.º - O Senhor Presidente informou que as pedras que devem ser colocadas na rua que tem o nome Rua do Marquês d’Ávila e Bolama, custavam em Lisboa 2.500 réis cada uma, e que a coluna que deve ser levantada aonde se fez a inauguração da estrada das Pedras Lavradas, para comemorar aquele acto, custava em Lisboa, pronta e encaixotada, 60.000 réis.
A Câmara deliberou se mandasse vir a coluna e quatro pedras para a Rua Marquês d’Ávila e Bolama, devendo a coluna trazer a seguinte inscrição: Em 16 de Outubro de 1873 foi inaugurada a Estrada das Pedras Lavradas pelo Exm.º Ministro das Obras Públicas, Comércio e Industria, Cardoso Avelino – Par do Reino Vaz Preto e Deputado Pinheiro Chagas; e, do outro lado, Câmara Municipal de Covilhan de 1873.
5.º - Sob proposta do Senhor Vereador Cunha, a Câmara deliberou que se oficiasse ao Exm.º Director das Obras Públicas, para que, com a maior brevidade, mandasse abrir a servidão para a rua pública de S. João de Malta, na estrada real n.º 55, junto ao quintal de Manuel Teixeira”.
Mais tarde foi colocado ali o Posto n.º 70, da Polícia de Viação e Trânsito na Covilhã, onde esteve à frente o Chefe Constantino Pedrosa Gonçalves, durante dez anos, desde 1958 (ver foto). Já faleceu, no Porto, onde residia.
(In "Noticias da Covilhã de 15/10/2009)
8 de outubro de 2009
O ANTIGAMENTE E AS VULNERABILIDADES DE HOJE
As novas gerações recebem as memórias dos mais velhos duma forma tão de hilariante quão de estranheza, quase que deduzindo alguns que o mundo não tivera qualquer mutação de realce.
As facilidades e ofertas dos dias de hoje, não se coadunam com as dificuldades e falta de meios tecnológicos de outrora, onde a mão-de-obra era a mola impulsionadora do trabalho e a inteligência o grande computador omisso de há mais de sessenta anos.
Nascemos antes da televisão, das fotocopiadoras, ar condicionado, máquinas de lavar roupa ou secadoras. Não existiam cafeteiras automáticas, microondas, videocassetes, ou câmaras de vídeo.
Também ainda não tinham surgido o computador, os telefones sem fio e telemóveis, máquinas de escrever eléctricas e calculadoras. Nunca havíamos ouvido falar de música estereofónica, rádios FM, cassetes, CDs e DVDs. “Hardware” era uma ferramenta e “software” não existia.
Dava-se corda aos relógios todos os dias. Não existia nada digital. As fotos não eram instantâneas nem coloridas. Não existiam os radares, cartões de crédito e raios laser.
O homem ainda não tinha chegado à Lua. Ainda não havia as vacinas contra a poliomielite, as lentes de contacto e a pílula anticoncepcional.
“Gay” era uma palavra inglesa que significava uma pessoa contente, alegre e divertida, não homossexual. Das lésbicas nunca tínhamos ouvido falar e os rapazes não usavam piercings.
Ter um bom relacionamento, era dar-se bem com os primos e amigos. Tempo compartilhado, significava que a família compartilhava férias juntos.
Chamávamos cada homem de “senhor” e cada mulher de “senhora” ou “menina”. Ensinávamos a diferenciar o bem do mal e a sermos responsáveis pelos nossos actos.
Fomos da geração que acreditou que uma senhora precisava de um marido para ter um filho.
Acreditávamos que “comida rápida” era o que a gente comia quando estava com pressa. Ainda não havia comidas congeladas. Não se tinha ouvido falar de “Pizza”, “McDonald’s”, nem de café instantâneo.
Naqueles tempos, “erva” era algo que se cortava e não se fumava. Ainda não havia terapias de grupo.
Muita da juventude de hoje está perdida porque não conhece os grandes valores que orientaram os que hoje rondam os cinquenta e os sessenta.
No ensino, da antiga instrução primária, até à 4.ª classe, havia rigor e aprendia-se a conhecer todos os rios de Portugal, as serras, os relevos, as principais cidades e suas indústrias, até as estações de caminhos-de-ferro e todas as províncias de Portugal. Na história, sobre a fundação de Portugal até à República.
Os alunos não eram mimados como nos dias de hoje. Os professores davam-lhes reguadas quando não sabiam a matéria. Só no Asilo, o professor Raul dava as reguadas não nas mãos mas no rabo. Punha todos os “sacrificados” de rabo para cima e mãos no chão. E ninguém morria de medo.
Quando se chegava à 4.ª classe e quem quisesse seguir para o ensino secundário, tinha explicações adicionais, “exigidas” pelos professores, para terem êxito no exame de admissão, contra o pagamento de cem escudos por mês.
No secundário, mormente na Escola Industrial e Comercial, tiravam-se os cursos, comerciais ou industriais, com rigor, e ficava-se preparado para uma actividade profissional. Eram transmitidas matérias como, por exemplo, saber redigir cartas comerciais em português, francês e inglês, daí que os alunos estavam quase sempre preparados para exames de acesso aos Bancos, emprego invejável na altura.
Depois, veio a geração “rasca”. Nós éramos mais a geração “à rasca”; sempre à rasca de dinheiro, contrastando com os de agora que não lhes falta nada, inclusive, com todos os meios que facilitam o estudo, como a Internet.
No nosso tempo, universidades só existiam em Lisboa, Porto, Coimbra e Évora. Para obter um curso superior era preciso uma mão cheia de massa.
Hoje existem muitos meios tecnológicos, mas por mais que se queira fugir do maldito vírus, há sempre os chico-espertos que os infiltram nos computadores, nos e-mails e não sei que mais, e não conseguimos deixar de passar por otários, por mais que evitemos ficar encavacados.
(In "Noticias da Covilhã" de 8/10/2009 e a sair no jornal "O Olhanense" de 15/10/2009)
As facilidades e ofertas dos dias de hoje, não se coadunam com as dificuldades e falta de meios tecnológicos de outrora, onde a mão-de-obra era a mola impulsionadora do trabalho e a inteligência o grande computador omisso de há mais de sessenta anos.
Nascemos antes da televisão, das fotocopiadoras, ar condicionado, máquinas de lavar roupa ou secadoras. Não existiam cafeteiras automáticas, microondas, videocassetes, ou câmaras de vídeo.
Também ainda não tinham surgido o computador, os telefones sem fio e telemóveis, máquinas de escrever eléctricas e calculadoras. Nunca havíamos ouvido falar de música estereofónica, rádios FM, cassetes, CDs e DVDs. “Hardware” era uma ferramenta e “software” não existia.
Dava-se corda aos relógios todos os dias. Não existia nada digital. As fotos não eram instantâneas nem coloridas. Não existiam os radares, cartões de crédito e raios laser.
O homem ainda não tinha chegado à Lua. Ainda não havia as vacinas contra a poliomielite, as lentes de contacto e a pílula anticoncepcional.
“Gay” era uma palavra inglesa que significava uma pessoa contente, alegre e divertida, não homossexual. Das lésbicas nunca tínhamos ouvido falar e os rapazes não usavam piercings.
Ter um bom relacionamento, era dar-se bem com os primos e amigos. Tempo compartilhado, significava que a família compartilhava férias juntos.
Chamávamos cada homem de “senhor” e cada mulher de “senhora” ou “menina”. Ensinávamos a diferenciar o bem do mal e a sermos responsáveis pelos nossos actos.
Fomos da geração que acreditou que uma senhora precisava de um marido para ter um filho.
Acreditávamos que “comida rápida” era o que a gente comia quando estava com pressa. Ainda não havia comidas congeladas. Não se tinha ouvido falar de “Pizza”, “McDonald’s”, nem de café instantâneo.
Naqueles tempos, “erva” era algo que se cortava e não se fumava. Ainda não havia terapias de grupo.
Muita da juventude de hoje está perdida porque não conhece os grandes valores que orientaram os que hoje rondam os cinquenta e os sessenta.
No ensino, da antiga instrução primária, até à 4.ª classe, havia rigor e aprendia-se a conhecer todos os rios de Portugal, as serras, os relevos, as principais cidades e suas indústrias, até as estações de caminhos-de-ferro e todas as províncias de Portugal. Na história, sobre a fundação de Portugal até à República.
Os alunos não eram mimados como nos dias de hoje. Os professores davam-lhes reguadas quando não sabiam a matéria. Só no Asilo, o professor Raul dava as reguadas não nas mãos mas no rabo. Punha todos os “sacrificados” de rabo para cima e mãos no chão. E ninguém morria de medo.
Quando se chegava à 4.ª classe e quem quisesse seguir para o ensino secundário, tinha explicações adicionais, “exigidas” pelos professores, para terem êxito no exame de admissão, contra o pagamento de cem escudos por mês.
No secundário, mormente na Escola Industrial e Comercial, tiravam-se os cursos, comerciais ou industriais, com rigor, e ficava-se preparado para uma actividade profissional. Eram transmitidas matérias como, por exemplo, saber redigir cartas comerciais em português, francês e inglês, daí que os alunos estavam quase sempre preparados para exames de acesso aos Bancos, emprego invejável na altura.
Depois, veio a geração “rasca”. Nós éramos mais a geração “à rasca”; sempre à rasca de dinheiro, contrastando com os de agora que não lhes falta nada, inclusive, com todos os meios que facilitam o estudo, como a Internet.
No nosso tempo, universidades só existiam em Lisboa, Porto, Coimbra e Évora. Para obter um curso superior era preciso uma mão cheia de massa.
Hoje existem muitos meios tecnológicos, mas por mais que se queira fugir do maldito vírus, há sempre os chico-espertos que os infiltram nos computadores, nos e-mails e não sei que mais, e não conseguimos deixar de passar por otários, por mais que evitemos ficar encavacados.
(In "Noticias da Covilhã" de 8/10/2009 e a sair no jornal "O Olhanense" de 15/10/2009)
1 de outubro de 2009
UM AMIGO QUE PARTIU
Foi mais um amigo que partiu, sem o conhecer pessoalmente.
Já antes acontecera com Herculano Valente.
Agora foi Augusto Ramos Teixeira. Figura bairrista do desporto olhanense que me viria a proporcionar a ligação duma amizade com o Jornal Olhanense e gentes do Clube.
Logo na altura constatei, que, afinal, os carolas continuavam a persistir.
Já simpatizava com o Olhanense, desde a minha meninice, do tempo áureo da antiga Primeira Divisão e dos cromos de futebol de então.
Mas iria ser Augusto Ramos Teixeira a estabelecer, desde logo, um elo de ligação; na espontaneidade, entre a minha pessoa, como serrano e carola pelo meu Clube – o Sporting da Covilhã –, ele próprio, carola do Sporting Olhanense; e a vertente cultural de estórias que fazem a história dos dois clubes.
Tive a felicidade de obter a colaboração, em várias informações telefónicas de Augusto Teixeira, interessado em dar resposta a alguns pedidos de informação que eu colocara na Comunicação Social, então no ano de 1992, para a publicação da segunda obra sobre a história dos leões serranos.
Foi assim que surgiu o complemento dessa desejada informação sobre “homens do futebol”, e outros que emergiram por sua já referida colaboração, que haviam sido pedras basilares nos dois clubes.
Por terem representado dignamente as camisolas dos clubes serrano e algarvio, surgiu destes homens uma dualidade de amor aos dois clubes: Fernando Cabrita, José Rita, Eminêncio, Palmeiro, Adventino, Robério, entre outros.
Seria assim, de alguns deles, uma acha para o reforço entusiástico de manter viva a chama da amizade, que deveria ser, afinal, a verdadeira face do desporto-rei.
Nesse meu trabalho tive o prazer de registar um agradecimento a Augusto Ramos Teixeira, de Olhão, e de lhe ofereceu um exemplar.
Ao longo destes anos, e mesmo já depois da sua doença, trocávamos cumprimentos, por via de pessoas amigas que iam a Olhão ou vinham à Covilhã.
E, algo que o ano passado me sensibilizou, foi o facto de após o jogo que se disputou em Olhão, entre o SCC e o SCO, ter recebido no meu escritório, na segunda-feira imediata, um telefonema duma pessoa que me enviava um abraço do amigo Augusto Ramos Teixeira. Nesse célebre domingo de futebol, se abeirara junto de um grupo de serranos que foi ver o jogo e perguntou se eu lá estava. Logo disseram que não mas que me conheciam. Envio de um forte abraço, que agradeci!
Foram facetas da amizade que trouxeram a génese verdadeira do desporto, na aspiração nobre de “mens sana in corpore sano”, mas que já se encontra um pouco desvirtuada, nos dias de hoje. No entanto, não deixa de ser aquele espaço onde todas as classes sociais se encontram, numa linguagem entendida por multidões.
Nesta senda, eu depois viria a conhecer, pessoalmente, alguns elementos do dirigismo olhanense, como Júlio Favinha, e o entusiasta Homem da reviravolta olhanense, José Isidoro Sousa.
Espero vir a conhecer pessoalmente a actual alma deste jornal, Mário Proença, a quem aproveito para apresentar sentidas condolências pelo falecimento de sua sobrinha.
Que o Senhor tenha em paz, junto de Si, o nosso amigo Augusto Ramos Teixeira, e, à sua família, apresento também sentidas condolências.
(In "O Olhanense" de 1/10/2009)
Já antes acontecera com Herculano Valente.
Agora foi Augusto Ramos Teixeira. Figura bairrista do desporto olhanense que me viria a proporcionar a ligação duma amizade com o Jornal Olhanense e gentes do Clube.
Logo na altura constatei, que, afinal, os carolas continuavam a persistir.
Já simpatizava com o Olhanense, desde a minha meninice, do tempo áureo da antiga Primeira Divisão e dos cromos de futebol de então.
Mas iria ser Augusto Ramos Teixeira a estabelecer, desde logo, um elo de ligação; na espontaneidade, entre a minha pessoa, como serrano e carola pelo meu Clube – o Sporting da Covilhã –, ele próprio, carola do Sporting Olhanense; e a vertente cultural de estórias que fazem a história dos dois clubes.
Tive a felicidade de obter a colaboração, em várias informações telefónicas de Augusto Teixeira, interessado em dar resposta a alguns pedidos de informação que eu colocara na Comunicação Social, então no ano de 1992, para a publicação da segunda obra sobre a história dos leões serranos.
Foi assim que surgiu o complemento dessa desejada informação sobre “homens do futebol”, e outros que emergiram por sua já referida colaboração, que haviam sido pedras basilares nos dois clubes.
Por terem representado dignamente as camisolas dos clubes serrano e algarvio, surgiu destes homens uma dualidade de amor aos dois clubes: Fernando Cabrita, José Rita, Eminêncio, Palmeiro, Adventino, Robério, entre outros.
Seria assim, de alguns deles, uma acha para o reforço entusiástico de manter viva a chama da amizade, que deveria ser, afinal, a verdadeira face do desporto-rei.
Nesse meu trabalho tive o prazer de registar um agradecimento a Augusto Ramos Teixeira, de Olhão, e de lhe ofereceu um exemplar.
Ao longo destes anos, e mesmo já depois da sua doença, trocávamos cumprimentos, por via de pessoas amigas que iam a Olhão ou vinham à Covilhã.
E, algo que o ano passado me sensibilizou, foi o facto de após o jogo que se disputou em Olhão, entre o SCC e o SCO, ter recebido no meu escritório, na segunda-feira imediata, um telefonema duma pessoa que me enviava um abraço do amigo Augusto Ramos Teixeira. Nesse célebre domingo de futebol, se abeirara junto de um grupo de serranos que foi ver o jogo e perguntou se eu lá estava. Logo disseram que não mas que me conheciam. Envio de um forte abraço, que agradeci!
Foram facetas da amizade que trouxeram a génese verdadeira do desporto, na aspiração nobre de “mens sana in corpore sano”, mas que já se encontra um pouco desvirtuada, nos dias de hoje. No entanto, não deixa de ser aquele espaço onde todas as classes sociais se encontram, numa linguagem entendida por multidões.
Nesta senda, eu depois viria a conhecer, pessoalmente, alguns elementos do dirigismo olhanense, como Júlio Favinha, e o entusiasta Homem da reviravolta olhanense, José Isidoro Sousa.
Espero vir a conhecer pessoalmente a actual alma deste jornal, Mário Proença, a quem aproveito para apresentar sentidas condolências pelo falecimento de sua sobrinha.
Que o Senhor tenha em paz, junto de Si, o nosso amigo Augusto Ramos Teixeira, e, à sua família, apresento também sentidas condolências.
(In "O Olhanense" de 1/10/2009)