29 de outubro de 2009

O EXTINTO “C.R.P. ESTRELA DE SÃO PEDRO”


Foi uma das colectividades populares de outrora, da cidade covilhanense – ditas “de bairro” – na esfera da então FNAT – Federação Nacional para a Alegria no Trabalho, hoje sob a designação de INATEL. Teve o seu início na década de cinquenta do século XX.
Após o 25 de Abril de 1974, as colectividades sob a égide do Inatel, passaram da sigla “C.R.P”. – Centro de Recreio Popular, para “C.P.T.” – Centro Popular de Trabalhadores; e, pelo Decreto 61/89, de 23/02/1989, para “C.C.D.” – Centro de Cultura e Desporto.
Estes centros eram lenitivos das pessoas nas agruras do trabalho, nas centenas de fábricas laneiras de então. Daí que o concelho da Covilhã era e é o detentor do maior número de agentes desportivos e culturais da região e do distrito.
Mas, dentre as dificuldades culturais, por falta de acesso a estudos continuados nas regiões, à altura, pouco dinheiro para o sustento duma família, quanto mais para adquirir livros ou jornais, ir ao cinema ou ao teatro (quando ocasionalmente surgia) ou mesmo adquirir um aparelho de televisão (ela emergiu em Portugal em 1957), as iniciativas e ideias partiam destes clubes de bairro, proporcionando a criação de bibliotecas, salas de leitura, organização de eventos, para além dos aniversários comemorativos; também a organização do folclore e, eventualmente, algumas conferências.
A confraternização entre associados era bem patente nesses tempos; mais que nos dias de hoje, cujo associativismo está muito fragilizado; através de ocupação dos tempos livres por via dos chamados jogos de mesa, nos bilhares, e para além de ser ponto de encontro para amenizar conversas do dia-a-dia.
Mas também o desporto-rei mexia com estas colectividades e eram muitos os jovens que integravam as equipas das respectivas colectividades; organizavam-se torneios e chegou a haver o Campeonato Nacional de Futebol da FNAT.
Muitas são as reminiscências de quantos jogaram futebol pelo seu clube, proporcionador de rivalidades leais, mas pendentes para o companheirismo, amizade e confraternização.
As crises emergentes das guerras nas colónias, para onde ia grande parte da juventude desses clubes, a emigração em força na década de sessenta, e depois as crises após a democracia, levaram algumas colectividades a verem-se reduzidos aos reformados, com altos e baixos, na força emanada de boas vontades no difícil dirigismo.
Alguns impuseram mesmo uma vontade indómita de transformação e, pelo trabalho, surgiu o brilhantismo com obras nas sedes das suas colectividades, fruto também da forte mão benfazeja da edilidade covilhanense.
Da geração do Estrela de S. Pedro contam-se também, entre outros, o Oriental de S. Martinho, Os Leões da Floresta, Arsenal de São Francisco, Águias de Santa Maria, Rodrigo, Académico dos Penedos Altos, B.º São Vicente de Paulo, Estrela do Zêzere – Boidobra, Canhoso, Pinhos Mansos – Tortosendo.
O Estrela de S. Pedro, o Águias de Santa Maria e o Arsenal de S. Francisco, viriam a não aguentar as contingências já referidas e a sucumbir, sendo certo que o Arsenal de S. Francisco viria a ressurgir em 1996.
Da letargia em que caíram, ainda não acordaram – nem se vislumbra nenhuma luz no fundo do túnel – o Estrela de S. Pedro e o Águias de Santa Maria.
Ficaram tão só as memórias dessas colectividades e das figuras que as mesmas envolveram.
Foi no Estrela de S. Pedro que despontou para o futebol, o então jovem Francisco Manteigueiro, que viria a ser pedra basilar nas equipas do Sporting da Covilhã.
Também o Estrela de S. Pedro foi a Colectividade que organizou, ao tempo do presidente Gabriel, a primeira Corrida de S. Silvestre, na Covilhã, que depois manteve, sob a sua organização, durante vários anos.

(In Tribuna Desportiva de 20/10/2009, Notícias da Covilhã e Jornal do Fundão de 29/10/2009)

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