A
simples razão de já se estar retirado da atividade profissional no s proporciona uma maior liberdade de pensamento e
de tempo para a leitura, algum estudo e uma certa dose de mais reflexão.
Neste
ócio – o tempo da liberdade e da criação –, outros opt am
pela comodidade, na salutar caminhada diária, no
arranjo do quintalzinho, no ir
buscar, de sorriso no s lábios, os
netinhos à escola; ou mesmo, no
cavaquear na esplanada ou no sofá da
coletividade, numa passagem pelos jornais existentes até ao fechar das
“persianas” dos olhos.
Não
consigo estar parado e, por isso, sou um consumidor acérrimo de informação.
Todos os dias abro o site dos “Jornais do Dia ”
naquela rede que os americano s
criaram em 29 de outubro de 1969 – Internet. E, para além disso, dou prazer à
escrita não deixando descansar as teclas do computador. E já agora a fotografia.
Nos
dias que correm, há muito, não há no tícias
positivas para os portugueses. E os dias de lazer, para os que trabalham, esse
tempo que resta depois do tempo de trabalho, também designado por “tempo livre”
passa, muitas vezes, por ver revistas e suplementos culturais e literários
transformados em magazines, que quase só promovem o entretenimento, no consumismo de outra classe de leitores.
Há
seis ano s escrevi que é uma honra e
um risco escrever no jornal, e, como
alguém afirmou, quase nada é óbvio.
Para
um grande número de pessoas, a primeira angústia por “escrever no jornal” fala de uma eventual falta de assunto, e
onde encontrar a inspiração. A segunda ansiedade relaciona-se à exposição
pública de ideias, onde ainda é corrente o tirar vantagem de tudo e o ficar em
cima do muro.
Uma
das tribulações está ligada ao risco do engano ,
da igno rância e do mero erro humano , para já não falar nas gafes ou mesmo nas gralhas
jornalísticas, pois se algo surge no
jornal deverá ter um mínimo de veracidade, exigindo mesmo reflexão e
investigação.
O
que se fala pode ser imediatamente levado pelo vento, mas o escrito tem mais
facilidade de ser ampliado na memória.
Tomei
contacto com a escrita no s jornais,
em 14.11.1964, aos 18 ano s, então no jornal mais antigo da minha Terra e da Beira
Interior – o “NOTÍCIAS DA COVILHÔ – que, este ano
comemora 100 ano s, e do qual tenho a
honra de ser um dos seus colaboradores.
Depois
da minha escrita se alongar por outros órgãos jornalísticos da região e do
país, incluindo revistas, desde há uns ano s
a esta parte que, emergindo duma amizade que despontou na região algarvia, é
também orgulhosamente que vejo a minha rubrica “Ecos da Beira Serra”,
quinzenalmente, no jornal “O OLHANENSE ”, que no
próximo dia 15 de maio completa 50 ano s.
Se
a amizade é uma festa, posso sentir-me feliz por ter tido no s órgãos da comunicação social onde produzo as
minhas crónicas, e textos de opinião, pessoas como o Dr. José Almeida Geraldes,
do Notícias da Covilhã, e Herculano
Valente, do Olhanense, ambos antigos diretores, que já passaram para além da
cortina que no s separa deste mundo.
Mas, na atualidade, aquela força anímica inspiradora da continuidade da
escrita, é dada pela amizade com o Cónego Fernando Brito dos Santos, João Alves e Ana Ribeiro
Rodrigues, respetivamente diretor, e jornalistas (o segundo coordenador) do
“Notícias da Covilhã”; assim como, no
“O Olhanense”, a amizade com a grande alma, qual “faz-tudo”, do chefe de redação Mário Proença, e do seu diretor interino, José Isidoro Sousa.
Surgiram os jornais gratuitos que, a pouco e pouco vão desaparecendo, e pensa-se que o jornal em papel irá extinguir-se, face à grave crise e ao surgimento dos jornais digitais, mas não acredito que tal venha acontecer, pois, com a sua envolvente, desde o “sentir o seu cheiro”, ao folheá-lo e levá-lo para onde quiser, é diferente do digital, não obstante a grande revolução planetária da Internet, a tradição jamais terá os dias contados.
Foi esta a minha tese apresentada no Fórum sobre Jornalismo, coordenado por Adelino Gomes, na Universidade da Beira Interior, em 15 de março de 2012, sob o tema “Jornalismo e Cidadania”, para a elaboração duma Carta de Princípios do Jornalismo em Portugal.
Muito embora as recentes notícias tenham dado nota da caída em 10% dos jornais generalistas de âmbito nacional, há que ter fé e manter vivo o interesse pelas notícias regionais, na defesa dos interesses locais, para que a sobrevivência dos media locais e regionais não seja ameaçada, como alguns afirmam.
E é nesta afirmação pelo interesse regional, que as bandeiras jornalísticas poderão continuar a flutuar contra ventos e marés.
Resta-me, do fundo do coração, desejar longa vida para os órgãos da comunicação social nomeados, e nas pessoas dos seus obreiros, da Covilhã e Olhão, este ano aniversariantes de grande mérito, para que continuem credores da confiança que as suas gentes – assinantes e leitores – lhes depositam.
(In "Notícias da Covilhã", de 09.05.2013 e "O Olhanense", de 15.05.2013)
2 comentários:
Gostei da apresentação e do artigo de opinião,aqui inserido.Os meus parabens e,continuação de boa saude.Jorge Correia.sócio-fundador da APAE e,ex-aluno do Curso de Formação Tecnico de Tecelagem,terminado em 1960.Debuxador na reforma e,tambem ex-Presidente da Direcção da Associação Humanitaria dos Bombeiros Voluntarios de Castanheira de Pera.Tambem ex-2º Sargento milº do E.P.
O MEU ABRAÇO.
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