A certa altura, já depois de termos passado a Santa Cruz, numa descida, o raio do Fiat 600, vagaroso mas também pesado com os quatro militares, coitado, lá deu sinal de vida com as quatro rodas a poderem rolar mais depressa.
Só que tínhamos vindo atrás dum camião que não podíamos ultrapassar, pelo óbvio das circunstâncias. A certa altura, falou-se de viaturas que custassem mais a conduzir. Um referenciou uma; outro direcionou-se para outra; outro ainda, falou de outra; até que, vindo eu no banco traseiro, há uns momentos calado, e, não vislumbrando nenhuma viatura para dar uma resposta algo assertiva, lanço para a conversa: “Eh! Lá! Esta é para mim um pouco difícil, mas penso que a “viatura” que talvez custe mais a conduzir seja uma carroça com um cavalo chateado…”
Bom, a risada só parou à porta de armas do quartel, e, depois, à hora do almoço, na messe de sargentos, não se falava de outra coisa.
Este preâmbulo da minha última crónica deste ano da graça de dois mil e treze serve para trazer, nestas linhas, um ar mais descontraído neste final de ano, tão cheio de carroceiros e incompetentes, que mais parecem lidarem com ginetes não dispostos a obedecerem ao dono.
1 – NELSON MANDELA. A sua morte, já esperada, enterneceu todo o Planeta. Muitas páginas dos jornais, e imagens das televisões, encheram nossos olhos. Várias vezes vimos o seu nome associado a dois outros grandes combatentes da liberdade e da igualdade, Mahatma Gandhi e Martin Luther King, na probidade dum panteão de toda a humanidade. Não se pode também pôr de parte Frederik De Klerk, ex-Presidente branco da África do Sul, que deu um passo importante com o fim do apartheid e libertando Mandela, no caminho para a democracia.
Muito já se disse deste homem da Humanidade – Mandela – pelo que aqui ficam tão só algumas das suas expressões: “Está nas vossas mãos fazer do mundo um lugar melhor”; “Eu prezo muito a minha liberdade mas prezo ainda mais a vossa”; Eu só sou um ser humano se tu fores um ser humano. Eu só sou um ser humano se for humano contigo”.
2 – CEIAS DE NATAL e EFEMÉRIDES. Não obstante a crise, as várias associações, instituições, autarquias e grupos de pessoas, em várias vertentes, se juntaram em fervor natalício. E o bacalhau foi rei nestas celebrações, pelo menos em todos quantos participei. Neste ano 2013 muitas efemérides surgiram, mas destaco duas delas: o 40º aniversário do Congresso da Oposição Democrática em Aveiro; e os 500 anos do aparecimento do Bairro Alto (Lisboa). Foi em 15 de dezembro de 1513 que foram dados os primeiros passos para a formação do Bairro Alto, com o subaforamento das herdades que se encontravam fora da muralha fernandina, em talhões para construção de casas.
3 – TROIKA. Que espécie de saudade nos deixará este ano que agora termina? Parece que muito poucas. Uns, de que não há alternativa à política de austeridade; outros que vai surgir a redução do desemprego e o surgimento do crescimento económico. Esperemos, contudo, que no próximo ano nos libertemos, de vez, da Troika, e do denominado protetorado, segundo Portas, esperando que, segundo ele, o novo Dia da Restauração de Portugal esteja mesmo a chegar. Mas onde estão os novos protagonistas como foram, naquele tempo, a duquesa de Mântua e Miguel de Vasconcelos?
Vamos ver se Portugal não vai mas é ser conduzido em 2014 como aquele carroceiro do cavalo chateado…
BOAS FESTAS!
(In "Notícias da Covilhã", de 19.12.2013)