Lá vai o tempo em que o provável
último número do “Boletim da Casa da Covilhã”, vindo à presença dos leitores no
mês de Julho do ano da graça de mil novecentos e quarenta e nove (tinha eu três
anos), como número único, fazia menção em que ressurgia “O Boletim”, completamente reformado e melhorado no seu aspecto gráfico
e literário que se havia deixado de publicar em Junho de 1947”. E, como
editor, aparecia o nome do Presidente da Casa da Covilhã, Dr. Francisco Ranito
de Almeida Eusébio.
Referia-se ainda este Boletim às
comemorações das Bodas de Prata da Casa da Covilhã. Aqui começa o busílis da
questão.
Tendo as Bodas de Prata sido comemoradas em Junho de 1949, a
fundação da Casa da Covilhã, então ainda designada por Grémio Covilhanense, obviamente
que teria de ocorrer em Junho de 1924.
E sobre esta data se referiu José Mendes dos Santos, no seu
livro “Breve História Cronológica da Covilhã”, na página 81: “1924 – Junho – Data em que foi fundada em
Lisboa por um grupo de 47 covilhanenses ali residentes, o Grémio Covilhanense,
actual Casa da Covilhã, com sede na Rua do Benformoso, 150-1.º. Trata-se de uma
agremiação vincadamente regionalista que na Capital tem pugnado pelos
interesses da Covilhã e sua região”.
No preâmbulo do Boletim a que nos
referimos, subscrito pelo Presidente da Direção da Casa da Covilhã, Dr.
Francisco Eusébio, lá surgem os nomes dos 47 fundadores, a quem a Direção da
Casa da Covilhã prestou homenagem, a saber:
Gaudêncio Pereira Neves, Dr. Alberto de Campos Andrade,
João Pereira Saraiva, António Laranjinha, António Figueiredo dos Santos,
António dos Santos Barata, António FerreiraJúnior, Américo Rocha Castanhinha,
Joaquim Carapito de Morais, António Pereira Neves, José Antunes dos Santos, João
Antunes dos Santos, Fernando António Lopes, Alfredo Tomé Mendes, Francisco
Laranjinha, Alberto Inácio da Costa, Mário Cardona Quintela, Germano Anselmo
Prazeres, António Antunes dos Santos Júnior, Eduardo Laranjinha, António
Ramalho, Jerónimo da Silva Aguiso, José Augusto dos Santos, Francisco Ferreira
Bicho, João de Jesus Freitas, Manuel da Costa Estrelado, Manuel de Almeida
Muxagata, José de Almeida Bonina, João Horácio dos Santos, Luís dos Santos,
João Andrade, José Nunes da Cruz, Joaquim Augusto dos Santos, João Carapito
Donas, José Nobre Montez, Mário Dias Fiadeiro, Guilhermino de Almeida Barros,
Aníbal dos Santos Lino, José Casimiro Quintela Júnior, José Bernardo Gíria,
João de Carvalho Pedroso, José Ferreira Grácio, António Gomes de Lemos Cardoso,
Benevides de Almeida Pinto, António Serrano, José Ribeiro e João Cardona
Quintela.
Mas, como havia cantado António Mourão, no seu fado “Ó Tempo volta p’ra trás”, a Casa da
Covilhã viu oficialmente a data da sua fundação “reduzida em cinco anos…”, pelo
que, a sua verdadeira idade, neste final do ano 2014, é ainda de 85 anos!
Efetivamente, com base numa certidão do Governo Civil de
Lisboa – 3.ª Repartição –, com data de 5
de Janeiro de 1929, refere que “N’esta
data foi auctorisado o funcionamento da sociedade de recreio denominada Grémio
Covilhamense. A sua séde é na Rua da Mouraria, 24-1.º e os seus fins são
regionalista, instrutivo e recriativo”.
Volvida uma década, mais propriamente no dia 26 de Janeiro
de 1939, a sede mudou-se para o Largo do Caldas, n.º 8, e, em 28 de Outubro o
Grémio Covilhanense passou a chamar-se Casa da Covilhã.
Entretanto, voltaria a ter nova mudança da Sede, e esta a
última, ou seja, para o local onde se encontra instalada atualmente, na Rua do
Benformoso, 150-1.º B, desde 1 de Julho de 1940.
Cabe-nos agora referir que esta
instituição regionalista, que representa o Concelho da Covilhã na cidade
alfacinha, teve altos e baixos e, durante muito tempo viveu de grandes
dificuldades de operacionalidade, com escassez de atividades ou mesmo quase nulas,
por falta de obreiros capazes de ombrear com as tarefas difíceis de
representatividade, não obstante as suas boas vontades e sacrifícios; e, por
outro lado, os fracos recursos financeiros, a par de um edifício-sede altamente
degradado e a necessitar de obras.
Em boa hora, surgiu, neste
últimos anos, uma dinâmica equipa liderada pela tenacidade do Covilhanense
António Vicente, que não só “inventou” propósitos para a recuperação do
edifício-sede, resolveu contenciosos com o senhorio, como também intensificou
semanalmente a união dos Covilhanenses radicados em Lisboa, e não só, em redor
de almoços semanais.
Variadíssimas atividades têm
surgido, sempre com um grande entusiasmo, como a “Réplica da Feira de S.
Miguel”, Fados, Conferências, Exposições, Convite a Personalidades Covilhanense
do mundo da cultura, como artistas Covilhanenses, e outras mais que não
enumeramos para não sermos fastidiosos.
Nesta dinâmica se insere uma certa vontade, jamais vista
outrora, de um avolumar de gentes covilhanenses, conhecedoras agora das
atividades da Casa da Covilhã e desejosas de lhe fazer uma visita.
Depois, ainda que nada tenha de
ligação com a Casa da Covilhã, mas implicitamente oriundo da mesma, a criação
de um grupo denominado “Antigos Alunos da Covilhã”, ou seja, voluntariamente, a
identificação de todos quantos desejem juntar-se aos Colegas de outrora, dos
tempos do antigo Liceu Frei Heitor Pinto, Escola Industrial e Comercial Campos
Melo e Colégio Moderno, e os das novas designações.
Para terminar estas linhas, queria
tão só registar que no dia 18 de Junho de 1949, na Sessão Solene comemorativa
da passagem do 25º aniversário (“Bodas de Prata” adiantadas num lapso temporal,
na indução de um erro que desconhecemos, possivelmente tendo em conta de alguma
Comissão Pró-Agremiação), “inaugurou-se,
festivamente, mais uma Estante da nossa Biblioteca”.
Esta biblioteca da Casa da
Covilhã passou a funcionar, naquela altura (1949), todos os dias úteis, das 21
às 23,30 horas… o que hoje é impensável, pensamos.
Fica, no entanto, aqui, um ponto
de partida, para que das várias ações já desenvolvidas pela Casa da Covilhã,
seja encontrada forma de reabertura da Biblioteca, o que é uma pena não poder
ainda estar disponível para consulta das várias obras, muitas delas de
escritores covilhanenses.
Sabemos que não é fácil, mas com a
alma dos Covilhanenses radicados em Lisboa, com assento no elenco diretivo da
Casa da Covilhã, e outros eventuais colaboradores, tudo farão de contento
porque são Gente da Nossa Gente.
Resta-nos desejar a todos os
elementos dos Corpos Gerentes da Casa da Covilhã e a todos os Associados e suas
Famílias, um Feliz Natal e um 2015 próspero.
JOÃO
DE JESUS NUNES (Sócio n.º 133)
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