Nunca estivemos tão rodeados de um ambiente de fantasia ou
fingimento, neste mundo da imaginação, como nos tempos que vão correndo.
Certamente que muitos dos antigos, que já partiram para o
além-mundo; esses homens em que a palavra, sem jura, era suficiente para ditar
lei; se hoje assistissem a este estado de coisas, não deixariam de ter um
bocejo, e, contemplativos com estas vivências, ficariam atónitos.
Estamos vivendo num tempo em que faz-de-conta que tudo corre
normalmente; faz-de-conta que nada aconteceu de mal que nos atormente.
E, pasme-se, até faz-de-conta que na terra d’el-rei D.
Aníbal I, e do 1º Ministro, Marquês Passos, há presos políticos quando existem,
mais precisamente, políticos presos.
“O que hoje é verdade,
amanhã é mentira”, foi uma expressão tomada por um antigo dirigente desportivo
vimaranense, sendo certo que, tal conduta paradoxal, ainda hoje continua. Vamos
ficando cada vez mais incrédulos e desacreditamos em tudo; enfadados e
aborrecidos.
Não há respeito pelas ideias e convicções de cada um, neste
país democrático, em que a democracia tantas vezes é amordaçada mesmo por
aqueles que a apregoam.
Dar a cara, para alguns, passou a ser uma atitude de
medrosos, e, então, vai daí, opta-se pela pusilanimidade, agora muito em voga
em blogues anónimos; ou, então, em figuras fictícias (qual método pidesco)
introduzidas nas redes sociais, nomeadamente no facebook. Com esta infame
encarnação, neste faz-de-conta de que é real, procuram estar atentos ao corrente
das ideias “subversivas” daqueles onde se intrometem como “amigos”, ou de quem
os rodeiam, e, sempre que possível, no ensejo para lançar farpas aos seus adversários,
transformados em inimigos.
Muitos são os que subiram à montanha, com os seus apaniguados,
e pregaram o sermão anunciando ter sido eleitos para a todos servir, mas depois
deixaram de conhecer o significado “sem exceção”. E o ódio é a arma que passa a
imperar, por via de insultos, e outras formas grotescas de se evidenciarem,
numa chamada de atenção para aquilo que foram, que fizeram, da obra feita e
inacabada. Em vez de ajudar a cidade e seu concelho, talvez lá na sua
intimidade exista um certo desejo de ver a terra queimada, para depois, talvez
um dia, surgirem regressados como os salvadores da Pátria.
Será que, por outras bandas deste Portugal, esta conduta dos
derrotados é tão acirrada; numa ajuda ao descrédito da Terra cujos destinos
geriram anteriormente; proporcionando assim o aproveitamento de outras, onde os
interessados se vão instalar, por haver menos alarido?
Entretanto, nesta cena boçal, cai o pano deste 1º ato.
E a peça recomeça com o 2.º ato, neste faz-de-conta que ele
não existe. Os atores são agora outros. Também quiseram subir à montanha, e,
com o seu sermão diferente, que fez reunir mais discípulos, verificou-se que os
mesmos se dividiram porque começaram a falar outras línguas, e, por isso, nem
todos se entendiam.
Depois de algumas traduções do sermão da montanha, alguns
aderiram, por partes, à voz apelativa do senhor do cajado. Não se esqueceram
que a peça se intitulava “Faz-de-Conta”, e, vai daí, começaram a encenar.
Através de um pequeno janelo ouvem-se vozes que querem
interromper a peça. Um dos atores diz que “Faz-de-conta” que não ouviu; outro
dos atores diz que “Faz-de-conta” que é legal; e, um terceiro ator, mais
afoito: "Faz-de-Conta” que precisamos de mais quatro atrizes. E, ainda um
último ator referiu: “Faz-de-conta” que as atrizes nos exigiram 2500 euros
mensais; que as “girls” foram um contributo municipal para o “Dia Internacional
da Mulher”.
Bom, isto não teria nada de anormal se não fosse o
“Faz-de-Conta” que, no poder, a qualquer nível, são todos iguais!... ou, pelo
menos, parecidos.
.
Pois é assim, senhora arquiteta Helena Roseta, Presidente da
Assembleia Municipal de Lisboa, não é só aí, por esses ares lisboetas, Tejo à
vista (nós também cá temos o Zêzere que o faz engrossar) que os partidos “estão
muito condicionados” e por isso “deixaram de ser espaços de liberdade”. Por
todo o Portugal, e nesta região beirã, há mas é liberdade a mais, e, assim, já
estou na mesma linha da sua interrogação: “Querem que na política só estejam,
ricos e corruptos?”
É por estas e por outras é que, segundo um estudo
realizado pelas Seleções do Reader’s Digest, é a política uma das áreas em que
os portugueses menos confiam, numa percentagem de noventa e seis por cento. Assim
é na política atual. Enquanto se está no poleiro é que é de aproveitar.
Faz-de-conta que é para bem do povo. Que o mesmo é sereno e, isto de alaridos é
só fumaça.
Talvez fosse novamente oportuno surgir o discurso do Zé
Povinho e o reaparecimento de “Os Ridículos”, para animar a turba, que anda
desanimada.
Neste descrédito, até rogo aos Prezados Leitores o favor de
“fazerem-de-conta” que nem sequer escrevi este texto.
(In "fórum Covilhã", de 14-04-2015)
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