Dezembro, último mês da primeira década e meia do terceiro
milénio da era de Cristo, nesta Idade Contemporânea. Saímos do equinócio do
outono para nos prepararmos para a entrada no solstício de inverno.
O Planeta Terra, nestes primeiros anos do século XXI, e
terceiro milénio, teve, na distribuição pelos seus Continentes, vários eventos,
geralmente substantivados de “guerra” ou “crise”.
Começou na América e na Ásia, com os ataques às duas torres
do Worl Trade Center, em Nova Iorque, e ao Pentágono, em Washington, numa
fatídica 3.ª feira de 11 de setembro de 2001, provocando a morte de mais de
três mil pessoas, depois dos terroristas terem desviado quatro avões
comerciais.
No mesmo ano foi a Guerra do Afeganistão, e, logo a seguir,
em 2003, a Guerra do Iraque, no Continente asiático.
No salto para o ano 2011, resultaria numa esperança para a
África, com o início da “Primavera Árabe” que, mais tarde e paradoxalmente, se
transformaria num “Inverno/Inferno Árabe”. Mas, no ano anterior (2010),
surgiria a Crise da dívida pública”, na Europa.
Neste espaço temporal emergiram alguns estados soberanos:
Timor Leste, em 2002, com o fim da ocupação da Indonésia; Sérvia e Montenegro
(de 2003 a 2006), como último vestígio da Jugoslávia; depois, a Sérvia, em
2006, cisão da Sérvia e Montenegro; como igualmente, no mesmo ano, Montenegro,
com a mesma cisão. Por último, em 2011, o Sudão do Sul, independência com a
divisão do Sudão.
E, no meio de tudo isto, a nossa essência traduz-se em dois
polos antagónicos: a dor e a alegria. É falsa a vida sem dor, como é falsa a
vida sem alegria. Esta última depressa desaparece, qual penumbra, enquanto o
sofrimento parece que não mais vai terminar.
E é assim que os justos, honestos e pacíficos se vêm
confrontados com extremistas fanáticos, como é o caso do Daesh, em vez de
autoproclamado Estado Islâmico, já que de Estado nada tem, uma vez que é uma
organização que existe essencialmente para nos destruir; e representação
islâmica também o não é. Daí, a grande avalanche de refugiados, qual êxodo para
os países da Europa, fugindo à morte, como já acontecia com os terroristas do
Boko Haram.
Só que, não obstante estas terríveis maldades humanas,
homens e mulheres inebriados pelas carnificinas, surgem, de há muito, agora
numa ação veloz, outros medos, fora da ação direta dos humanos, mas
responsáveis indiretos pela mudança climática do Planeta, devido à grande
envolvência industrial.
De cimeira em cimeira, chegou-se, neste mês de dezembro, até
Paris, na tentativa de um acordo, no sentido de conter o aquecimento global.
Esta conferência é conhecida como “COP21” por ser a vigésima primeira desde que
foi aprovada a Convenção Quadro das Nações Unidas para as Alterações
Climáticas, em 1992. Durante duas semanas quase duzentos países tentarão
aprovar um novo tratado. Vão-se esperar dificuldades mas ou agora ou nunca,
como sói dizer-se, desde a aprovação do Protocolo de Quioto, em 1997. O
objetivo do acordo é estabelecer-se o que compete a cada país para evitar que a
temperatura da Terra suba mais de dois graus centígrados até ao fim deste
século. Efetivamente, “os dois graus de temperatura são o limite definido por
políticos e cientistas a partir do qual as mudanças na Terra vão ser mais
radicais e terão um impacto maior no clima”.
Desde 2007 que se vem tentando um novo acordo com o
comprometimento de todos os países, quer sejam pobres ou ricos. Só que, em
2009, surgiu um fracasso em Copenhaga na conferência aqui realizada, que se
pretendia decisiva.
Surgem assim duas grandes lutas: a luta contra as alterações
climáticas e a luta contra o terrorismo, sendo os dois principais desafios do século
XXI.
As grandes preocupações agora, entre o combate aos
terroristas e o combate pelo ataque às alterações climáticas, reveste-se de
maior sentido de agir no imediato sobre os efeitos de estufa, pelo que, na
ordem de preocupações, é a situação climática do Globo, deitando para trás das
costas o medo, principalmente depois dos atentados em Paris. A ameaça das
alterações climáticas é mais grave.
A gravidade deste problema planetário já afetou o lago
Chade, na África Central, que fornece água a mais de 68 milhões de pessoas de
quatro países que o rodeiam, com “a perda de 90% da sua superfície inicial”.
Também o Presidente do Kiribati “anunciou que as ilhas Fiji já se comprometeram
a aceitar os seus habitantes, quando a subida do nível do mar tornar impossível
a vida naquele arquipélago”.
Isto é, portanto, um caso muito sério, pelo que esperemos
que a Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP21), que decorre em Paris
até 11 de dezembro, tenha um grande êxito no que ali se vier a decidir. E,
assim, o clima político de todas as nações se volte no sentido único de debelar
as grandes preocupações climáticas que a todos afeta.
Já há uns meses atrás que o Papa Francisco se debruçou, empenhadamente,
sobre este problema gravíssimo, através da encíclica “Laudato si. Sobre a proteção da casa comum”. Uma encíclica
inteiramente dedicada ao ambiente é uma novidade. O Papa advertiu: “Nosso lar comum está contaminado, não para
de deteriorar-se. Precisamos do compromisso de todos. Devemos proteger o homem
da sua própria destruição”.
E enquanto se debate o clima ambiental, em Paris, o clima
alentejano sorri com a segunda distinção de Património Cultural Imaterial em
apenas um ano. Em 27 de novembro de 2014 foi o cante alentejano a ser
distinguido com este selo da UNESCO. O fabrico de chocalhos foi considerado no
dia 1 de dezembro de 2015, pela UNESCO, Património Cultural Imaterial da
Humanidade com Necessidade de Salvaguarda Urgente, na capital da Namíbia.
Antes do findar deste ano, queremos brindar ao “fórum Covilhã” por mais um ano de vida
– o quarto – formulando os melhores votos para que continue com pujança, como o
tem feito, com todos os seus obreiros, a servir a causa do jornalismo, ao
serviço do bem comum, dos covilhanenses, e região beirã.
Para todo o mundo que envolve este semanário, incluindo os
prezados leitores, votos de um Feliz e Santo Natal.
(In "fórum Covilhã", de 09-12-2015)
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