Este ano da graça de dois mil e
dezasseis teve Portugal em grande evidência na área desportiva, sagrando-se
Campeão Europeu de Futebol, pela primeira vez na sua história.
O Presidente da República,
Marcelo Rebelo de Sousa, foi um mãos cheias na distribuição de condecorações
com o grau de Comendador, a todos os atletas, e outros mais que iam ganhando
competições, caso do Hóquei em Patins, em cuja modalidade também se sagraram
Campeões Europeus.
No entanto, no primeiro jogo oficial
após a conquista do Campeonato da Europa de 2016, a seleção nacional sofreu uma
derrota na Suíça, por 2-0, borrando assim a escrita, como sói dizer-se,
tornando mais difícil a qualificação direta para o Campeonato Mundial de
Futebol de 2018.
Entretanto, após os jogos com
Andorra, realizado em Aveiro; e as Ilhas Faroé, naquele território dependente
da Dinamarca, com o mesmo resultado de seis bolas a zero, para Portugal; as
esperanças regressaram mais acentuadas para o nosso país. Vamos esperar que não
esmoreçam.
Nos jogos olímpicos realizados no
Brasil, o Rio 2016 acabou por ser um “Rio” de desilusão pelas medalhas que
Portugal não venceu. Salvou-nos a Telma Monteiro, com a única medalha
conseguida por Portugal, desta feita no judo, medalha de bronze.
De quatro em quatro anos o país
desportivo faz uma pausa no verão. A atenção foca-se nos mais diversos recintos
onde há portugueses a competir nos Jogos Olímpicos.
A comitiva portuguesa, neste ano
de 2016, foi a maior de sempre.
Desde 1976 que Portugal tem
trazido sempre medalhas. Houve uma exceção, nos jogos realizados em Barcelona,
no ano de 1992.
O palmarés português tem escassez
de títulos, ou seja, somente 24 medalhas olímpicas. Apenas se verificaram medalhas
de ouro por quatro vezes, e, claro, sempre no atletismo (Carlos Lopes, Rosa
Mota, Fernanda Ribeiro e Nelson Évora). Foram oito de prata e doze de bronze.
Portugal está longe de campeões
como os Estados Unidos com as suas 2546 medalhas. Assim como não se aproxima
dos países latino europeus como a França (1169 medalhas), Itália (605), Espanha
(148), Roménia (306) ou ainda a Holanda (195) ou Bélgica (164) – estes dois
últimos com populações próximas da portuguesa.
As esperanças que este ano se
depositavam no triplo salto, concretamente
em Nelson Évora (venceu o ouro em 2008, em Pequim) e em Patrícia Mamona
(recentemente havia sido campeã europeia); assim como na canoagem, em Emanuel Silva e João Ribeiro (Emanuel Silva com
Fernando Pimenta deram-nos prata em Londres, no ano de 2012), não terão passado
de uma desilusão.
Também a esperança de quem torce
de fora por medalhas por vezes pode ser tão grande quanto a dos atletas. Mas,
desta vez, a mesma não correspondeu ao desejado.
Ainda no Rio 2016, mesmo no futebol
caímos nos “quartos-de-final”. Fomos campeões europeus este verão, o nosso
melhor resultado de sempre. É um facto que já vencemos torneios europeus e
mundiais nas camadas jovens.
No entanto, Portugal já provou
que é capaz de ter vencedores em várias modalidades. E é certo que as
desilusões, tal como as críticas, também fazem parte da competição. Mas também
é indubitável que em mais de cem anos da realização de Jogos Olímpicos, o
recorde de Portugal, em medalhas numa só competição, é de apenas três.
Existe uma enorme tendência de
uma boa parte dos portugueses colocar infundadas expetativas sempre que há
representações desportivas nacionais em confronto internacional. Consideramos
assim bestiais na formação das expetativas que poderão ir a bestas perante a
aparência dos resultados.
No entanto, os atletas portugueses bateram-se com
grande dignidade e tudo tentaram para honrar a responsabilidade da
representação em que estavam investidos, pois sabemos que a realidade do
sistema desportivo português é fraca e encontra-se muito abaixo dos padrões
europeus.
(In "O Combatente da Estrela", n.º 104, de outubro a dezembro 2016)
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