Antes de mais, parabéns pelo
quinto aniversário do fórum Covilhã, ocorrido
no passado dia 29 de novembro, na simbologia do que é um órgão da comunicação
social jovem mas com uma dinâmica de lutar contra ventos e marés,
independentemente de muros que, por vezes, uns quantos lhe querem colocar no
caminho, na sua tacanhez de espírito.
Neste país de brandos costumes
têm-se vindo a erguer muros, impedindo a livre circulação da vida na sociedade,
proporcionando assim que não deixemos para trás o sofrimento e a injustiça,
assim como a existência de soluções de desenvolvimento desequilibrado e
precário.
Já por si, as barreiras
ocultantes dos muros acabaram por cair graças à poderosíssima revolução
tecnológica. Esta, na associação com acontecimentos de natureza económica e
outros diversos, a todos aproximou e dotou de instrumentos. E, desta feita, permite-nos
conhecer o outro lado do muro, escondido, e, como é óbvio, darmo-nos a conhecer
também a nós próprios.
Resultado: o invisível tornou-se
visível, e a longitude ficou próxima. E, como não podia deixar de ser, o
desconhecido passou a ser conhecido.
A globalidade deste conhecimento
é assaz importante para que sejam identificadas situações de exclusão que a
vida não pode admitir, assim como desequilíbrios e assimetrias que não se podem
comportar.
Ao contrário de derrubar muros,
paradoxalmente têm-se vindo a erguer, muitas vezes contra a força dos ventos.
No entanto, outros muros que
deveriam existir, fortemente construídos, para que não soçobrassem com os
vendavais da corrupção, e outras formas de encher as disfarçadas algibeiras de
uns quantos, mantiveram-se duma fragilidade incrível, sem que os guardas desses
muros estivessem devidamente vigilantes, deixando nos mesmos construir janelas.
Vejamos, para além dos casos
relevantes e mediáticos que vivemos nos últimos anos, ou seja o BCP, o BPN, o
BPP, a PT, o BES e mais recentemente o BANIF, as falhas importantes na forma
como as decisões foram tomadas, nomeadamente como alguém da PT conseguiu meter
quase 1000 milhões de euros em empresas do Grupo Espírito Santo que já estavam
tecnicamente falidas, sem serem controladas pelos acionistas.
Não há assim muros que resistam
com pessoas erradas, imbuídas de energia criminosa.
Segundo José António de Sousa, ao
Vida Económica, no caso do BES que, sendo fiscalizado pelo menos por nove
estruturas (Fiscalização externa/auditoria de contas, feita pela KPMG, uma das
mais prestigiadas empresas multinacionais da área; Comissão de Auditoria do
Conselho de Administração, Departamento de Compliance, Comité de Risco Global,
Comissão de acompanhamento do risco de crédito, Departamento de auditoria
interna e de inspeção do próprio banco, Agências de rating, Regulador (Banco de
Portugal e Banco Central Europeu) e CMVM), “o que aconteceu, quer no BES, quer
em todos os outros casos mencionados, é que quem tem o controle da
Administração de uma instituição financeira consegue fazer passar todo o tipo
de operações irregulares sem que estes 9 olhos todos os possam detetar, por
muito que procurem! As situações em que as irregularidades saltam para a
ribalta pública só são despoletadas quando há uma denúncia, ou quando a
situação se degrada a tal ponto que a instituição já não consegue honrar os
seus compromissos”.
E, como disse Marcelo Rebelo de
Sousa, Presidente da República Portuguesa, logo após a sua investidura: “Este é
o nosso momento. A oportunidade de voltarmos ao melhor daquilo que somos. De
liderar pelo exemplo com a dignidade, integridade e honra que construíram este
país, e que voltarão a construí-lo uma vez mais”; vamos então transpor os muros
que nos colocam no caminho que desejamos percorrer, para que possamos ser “um
oásis de estabilidade” conforme refere uma publicação norte-americana.
Ainda assim, o jornal online não
deixa de destacar a “cadeira confortável” em que António Costa se senta neste
momento, numa altura em que “tantos líderes europeus enfrentam ameaças
existenciais”, tal como partidos políticos da zona euro.
De facto, a “geringonça”
inventada por Vasco Pulido Valente no Público
(sobre o PS) e mais tarde Paulo Portas a usá-la para ilustrar a solução do
governo, com a direita a ridicularizar esta situação, afinal está a dar
resultado e “dá no goto” à oposição.
O muro que separa os “pecadores”
por se terem misturado com as esquerdas não conseguiu ser transposto pelo
diabo, que se encontrava do outro lado aguardando a sua queda. E nem sequer o
conseguiu saltar.
E, não fosse o diabo tecê-las, aí
está a CGD. Eis que, num ápice, se substituiu um “insubstituível” por um outro,
augurando-se um bom casamento, como naquela parte evangélica em que foi servido
o melhor vinho, no final do mesmo, em vez do pior vinho.
Ao longo deste ano de 2016, que
vai terminar, muitas coisas aconteceram no seu percurso de 365 dias, não só de
âmbito nacional, como local, e mesmo internacional, transpondo ou esbarrando em
muitos muros, desde a política, a economia, o clima, a cultura, as catástrofes,
a pobreza, as perseguições, e muitas outras mãos cheias de eventos, de várias
intencionalidades, que não cabem neste espaço.
Vamos ficar por aqui, na
esperança de no próximo ano podermos prosseguir no contacto com os prezados
leitores. A todos desejamos um Feliz Natal, extensivo às suas famílias, e que o
Ano 2017 venha repleto das maiores felicidades.
(In "Fórum Covilhã", de 13-12-2016)
Sem comentários:
Enviar um comentário