22 de dezembro de 2016

O ANO 2016 COM LUTO NO FUTEBOL

Não podia aproximar-se do final do ano a notícia mais triste para o mundo do futebol, como a que ocorreu na madrugada do dia 29 de novembro.
Um acidente com o avião boliviano que transportava jogadores e equipa técnica da Chapecoense, chocou com um morro perto do aeroporto de Medellín, dizimando esta equipa brasileira. No total foram 71 pessoas perecidas neste desastre aéreo, na sua maioria jogadores e membros da equipa técnica do clube brasileiro de futebol. Apenas seis pessoas sobreviveram.
O mais lamentável deste acidente, depois de encontradas as caixas negras do avião, e após averiguações, foi o facto de se vir a apurar que o avião caiu, a poucos minutos do destino, por falta de combustível, tanto mais que ele não explodiu ao colidir com a zona de montanha. Era pilotado pelo dono da companhia aérea.
“O mundo do desporto, em geral, e do futebol em particular, está de luto”, afirmou Pedro Proença, presidente da Liga de Futebol Portuguesa.
O Chapacoense, equipa da cidade de Chapecó, no estado de Santa Catarina, foi fundado em 1973 e passou por uma grave crise financeira em 2005. Estava agora a viver a melhor temporada desportiva da história. O Clube conquistou seis títulos; cinco campeonatos estaduais e uma Copa Santa Catarina. Pretendia a conquista da Taça Sul-Americana e, num gesto bonito, foi-lhe agora atribuída a conquista dessa Taça.
Por todo o planeta se sentiu o abalo desta triste notícia e, em Portugal, foi guardado um minuto de silêncio em todos os jogos efetuados sob a égide da Liga e Federação Portuguesa de Futebol, tanto mais que alguns jogadores tinham já representado clubes em Portugal, como o caso de Caio Júnior.
Recordamos que outros acidentes de aviação com equipas de futebol já haviam ocorrido no século XX, por todo o Mundo, sempre trágicos:
Torino – 4 de maio de 1949
O avião em que a equipa do Torino regressava a casa depois de um jogo particular com o Benfica, em Lisboa, despenhou-se sobre o campanário da Basília de Superga, em Turim, por causa da neblina. Morreram 31 pessoas, vitimando 18 jogadores e cinco elementos da equipa técnica.
Manchester United – 6 de fevereiro de 1958
Um avião em que viajava o Manchester United caiu em Munique, na Alemanha, devido à camada de neve presente na pista que fez com que o avião falhasse no momento da descolagem. Morreram 23 pessoas. Sete jogadores sobreviveram, entre eles, Bobby Charlton, e oito faleceram neste acidente.
Seleção Olímpica da Dinamarca – 16 de julho de 1960
Após descolagem do aeroporto de Copenhaga, o avião caiu sobre Oresund. No acidente só o piloto escapou, tendo os oito atletas, que se preparavam para disputar os Jogos Olímpicos em Itália, acabado por morrer.


Green Cross – 3 de abril de 1961
Parte da equipa chilena do Green Cross, incluindo 8 jogadores e 2 treinadores e dirigentes, num total de 24 pessoas, morreram num acidente numa zona montanhosa da província de Linares, Chile, nos Andes, a 350 quilómetros de Santiago do Chile.
The Strongest – 26 de setembro de 1969
Durante o regresso da comitiva boliviana do The Strongest à Bolívia, o avião desapareceu dos radares aéreos. No dia seguinte foi encontrado na região de Viloco, a 70 quilómetros a sul de La Paz, na cordilheira andina Tree Cruces, onde todos os 74 ocupantes a bordo morreram, incluindo 17 jogadores.
Pakhtakor Tashkent – 11 de agosto de 1979
Um avião russo que transportava a equipa do Pakhatakor Tashkent para Minsk, onde defrontava o Dínamo, no momento em que sobrevoava a Ucrânia, o avião chocou com outro, entre Minsk e Taskent, e morreram todas as 178 pessoas, 17 das quais de futebol Taskent, do Uzbequistão.
Alianza Lima – 8 de dezembro de 1987
A equipa do Allianza Lima voltava para a cidade do Lima mas acabaria por cair no Oceano Pacífico, perto da localidade peruana de Ventanilla, nas proximidades de Lima. A bordo do avião seguiam 53 pessoas e só o piloto sobreviveu ao acidente. Entre as vítimas estavam 16 jogadores de futebol do Club Allianza de Lima (Peru).
Colorful 11 – 7 de junho de 1989
A equipa do Colorfull 11 viajava com destino ao Suriname para realizarem um jogo particular. Durante a aproximação ao aeroporto da chegada, o avião caiu e das 178 pessoas a bordo só 11 sobreviveram. A este acidente escaparam nomes como Ruud Gullit e Frank Rijkaard, que não conseguiram autorização para viajar.
Seleção da Zâmbia – 27 de abril de 1993
Um avião da Força Aérea da Zâmbia que se dirigia para Dakar, no Senegal caiu no oceano Atlântico, na Costa do Gabão, pouco depois de uma escala técnica em Libreville, no Gabão. No acidente morreram os 30 ocupantes, incluindo 18 jogadores e os técnicos da seleção de futebol da Zâmbia. Apenas o capitão da equipa se salvou porque viajou noutro voo.
Ficam assim as memórias de todos os que foram forçados a deixar prematuramente o mundo dos vivos.

A ideia por que já passei quando algumas vezes viajei de avião, com grande parte do setor comercial e chefias, das empresas que representei, dividindo parte da comitiva por dois voos, não é prática para uma equipa de futebol, como é óbvio, mas seria uma forma de maior segurança.

(In "O Combatente da Estrela", n.º 105, de janeiro a março de 2017)

Sem comentários: