Fim-de-semana,
um pouco de descanso. De segunda a sexta-feira é o rodopiar quotidiano, fazendo
com que o dia tenha mais de vinte e quatro horas.
No
sábado e domingo, o Sr. Neves ou a D. Luísa deixam-me os jornais no Repolho. A
simpatia habitual: “Bom dia, Sr. João, aqui estão os jornais”. É a forma
acolhedora das gentes covilhanenses.
Muito
se tem falado nas gerações. Conhecedores das dificuldades económicas e de
emprego dos nossos ascendentes, foi a geração de 60, da qual sou herdeiro, que lhe
coube a esperança de melhores dias, ainda em tempo de ditadura, com os “empregos
para toda a vida”; e, depois, com o 25 de Abril, “os direitos adquiridos”, num
desenfrear de salários, sempre a subir; no querer tudo, desde casa própria e
casa de férias, mais que um automóvel, duas ou três televisões em casa, um
telemóvel para cada bolso, a segurança no emprego.
Sempre
se pensou que um dia chegaria a altura das nossas reformas, e que seria o
descanso, daria para todos, e, como no aproveitar é que está o ganho, vai daí,
reformas antecipadas, muitas principescamente, até que a corda ficou demasiado
à chuva e começou a minguar.
Surge
então a “geração rasca”, que irritou muitos dos seus herdeiros, ofendidos ou
envergonhados. Mas as reformas, para os seus horizontes, começaram a ver-se num
túnel profundo, quase sem luz no fundo.
Licenciados,
muitos, colocações poucas; e empregos sem direcção dos seus cursos, pelo que
são os call centers, hipermercados, e outras ocupações que acolhem,
precariamente, esta juventude.
Mas,
tal como na máquina de fazer pipocas, passaram a saltar, em quantidade
acelerada, para os corredores do desemprego, muitos das gerações referidas. Surge
agora, muito a propósito, na canção da banda Deolinda, a “geração parva, a
geração sem remuneração”, que vai viver pior que a dos seus pais.
E,
lá está, a “geração de 60”
foi em Portugal uma das primeiras a ser sucedida, em décadas, por outras que
viverão pior, até que surja a “geração do deixa andar”.
Também
a Covilhã, a caminho do século e meio de cidade, sentiu na pele os efeitos
nefastos, desta encruzilhada de indecisões governamentais, para o futuro dos
seus filhos, de raiz ou de coração, e a perplexidade, em muitas fases destas
gerações, de como solucionar o combate às golfadas de desemprego.
A
par dos melhoramentos e obras de vulto que se aconselhavam na cidade e
concelho, ou a modernidade assim o exigia, ou ainda fruto da sapiência dos seus
autarcas, com rasgos de inteligência, irmanados nos seus colaboradores,
sobressaiu o esforço para diminuir o flagelo dos sofredores do desemprego,
através da consecução de empresas para a Covilhã.
Se,
no primeiro caso, a Covilhã já se pode orgulhar de possuir uma rede viária
importante; com a A23, tornando-se no entanto imperiosa a ligação a Coimbra, em
situação idêntica, da montanha ao vale da cidade levou uma transformação
aprazível a todos os títulos, com a criação de muitas infra-estruturas que
proporcionaram meios diversos de acolhimento, recreio e bem-estar da sua
população, e também de quem nos quer visitar; no segundo caso, o ter
proporcionado a opção covilhanense como a melhor para o estabelecimento de
empresas tecnológicas, foi a cereja em cima do bolo, para uma cidade e região,
que, tal como o País, necessita de ver aumentados os números dos empregos.
Depois
do Call Center, que aceitou vários jovens, surge agora o Novo Data Center da
PT, na Covilhã, cujo projecto deverá criar cinco centenas de postos de
trabalho.
É
pois fruto da influência do trabalho emanado da criação, há uns anos, do
Parkurbis, onde a Covilhã se coloca assim na linha da frente das bases
tecnológicas, nesta que também podemos chamar “geração tecnológica”.
E,
se ainda há tempos, a bandeira das cores municipais se envaidecia com a ponte
pedonal da Carpinteira, do arquitecto Carrilho da Graça, referida na revista
americana de especialidade turística, Travel & Leisure, como um dos sete
destinos mais interessantes do mundo em termos de design, bem se pode orgulhar
o líder da municipalidade covilhanense, Carlos Pinto ,
de ver no âmbito da sua acção municipal, que a Cidade e Concelho tomou outro
rosto mais condizente com o valor das suas gentes e de quem aqui trabalha.
Mas
também sabemos que a alma do Parkurbis – Parque de Ciência e da Tecnologia da
Covilhã, assim como coordenador do trabalho do Novo Data Center da PT na
Covilhã é o Vereador Pedro Farromba,
pelo que será fácil encontrar o sucessor de Carlos
Pinto para a Câmara da Covilhã.
JOÃO DE JESUS NUNES
joao.jesus.nunes@mail.telepac.pt
(In quinzenário "O Olhanense", de 01/03/2011; e semanário "Notícias da Covilhã", de 03/03/2011)
A republicação deste texto, integral e não parcial, deve-se ao facto do cidadão Carlos Pinto, ex-Presidente da Câmara Municipal da Covilhã, o ter inserido, parcialmente, na parte que lhe interessou, no seu facebook pessoal, com uma foto minha, grande, originando que as pessoas, não reparando na data, em números reduzidos, deduzam que é recente. Isto verifica-se pelos comentários que têm vindo a surgir. Por outro lado, induzem em erro de percepção sobre um meu eventual apoio à sua candidatura em construção. Ainda é cedo para poder, conscientemente, e não pela consciência dos outros, assumir uma posição de apoio a qualquer dos candidatos que venham a surgir, na sua globalidade.
Estranho é o facto de o cidadão Carlos Pinto me ter bloqueado no acesso ao seu facebook pessoal, quando, afinal, ele publicou aquele meu texto.
Daqui se infere, como é óbvio, aquele dito antigo: "Aqui há gato!..."
João de Jesus Nunes
Sem comentários:
Enviar um comentário