Estive lá no dia 24 de maio, na
reinauguração das instalações na Rua Jornal Notícias da Covilhã, 65, donde o NC
nunca deveria ter saído.
Efetivamente, não podia deixar de
aceitar honroso convite do semanário onde, ao longo dos tempos, nele fui
deixando algumas linhas escritas. E também a bondade dos seus Colaboradores em
darem a conhecer algumas das minhas publicações e iniciativas.
Já lia o Notícias da Covilhã desde muito jovem, na então Biblioteca
Municipal, ao Jardim Público, em cujo cabeçalho surgia como diretor o Padre
José de Andrade, então também pároco de Nossa Senhora da Conceição (São
Francisco) e a grande alma para a construção do Centro Cultural e Social da
Covilhã.
Mas é em 29 de dezembro de 1963,
que o meu saudoso amigo Cónego Dr. António Mendes Fernandes, passa a assumir a
direção deste Semanário.
A caminho do final do ano 1964,
trabalhando eu ali perto, como administrativo na Câmara Municipal, me desloquei
à Rua de Santa Maria, 65 (nome com que então era designada esta rua) para
entregar um meu primeiro artigo para publicação, se assim entendessem. E o
mesmo foi acolhido, com a simpatia do Sr. Alfredo Nunes Pereira, da redação do
Jornal.
Sob o título “A Covilhã precisa dum Museu”, pois não havia qualquer museu na
cidade digno desse nome, viria a ser publicado em 14 de novembro desse ano, com
uma nota final: “N.R.: Consoante pode ler
na entrevista concedida a este jornal pelo Senhor Presidente da Câmara, logo
que o novo Liceu esteja construído, ficará livre o prédio onde atualmente
funciona na Rua Combatentes da Grande Guerra. Para aí passarão a Secção de
Finanças e no prédio onde atualmente está instalada será o futuro Museu”.
Mas não seria assim tão depressa
e, dentre outros registos sobre a cidade, que ia enviando, e seriam publicados,
escolho a gazetilha ao “Soldado Desconhecido”, fruto de vandalismo que ao longo
dos tempos foi tendo (“O Soldado
Desconhecido”: ‘(…) partiram o cano à espingarda…’- 1965; “Espada, precisa-se” – 1991; ou “A réplica da espada de Nuno Álvares” –
2008).
Mas aos nossos 18 anos, também a
então minha namorada, Maria Odete, seria objeto das páginas deste Semanário,
pela sua ação no movimento operário católico. Em 15-01-1965: “Assembleia das Organizações Operárias (da
Ação Católica, (…) Maria Odete, como jocista, usando da palavra, focando as
lições da Quadra do Natal para a vida dos trabalhadores (…)”.
No mesmo ano, março de 1965, registava
como preocupação “Para quando a conclusão
da Avenida Salazar?...”; voltava à carga em 1983, com “Melhoramentos na Av. 25 de Abril”; e, em 1997, “o Elevador no Ramal de S. João de Malta”,
qual mote para a construção do funicular?
Se em 1970 era noticiado o meu casamento
com a Maria Odete, neste Semanário; já em 1972, com “Uma sóbria profissão: o Funcionalismo Público”, em tempos de
ditadura, deixou pelos corredores da Câmara Municipal e da Repartição de
Finanças, algum sussurro malicioso de quem queria ver a continuidade da
conversa, à responsabilidade de quem se meteu na “embrulhada”, entre medos da
censura.
1990 era o tempo de começar a
falar dos Leões da Serra: “Sporting da
Covilhã em naufrágio: Cidade exige um clube da I Divisão”, tema que se iria
desenvolver por vários anos, não só com a publicação das quatro obras sobre
esta coletividade serrana, como também no encalce de tudo o que favorecesse o
clube de todos os covilhanenses e beirões, como “Memórias de um Clube e de uma Cidade” – 1998, data em que é comunicado
pelo Notícias da Covilhã (NC) –
25-12-1998: “’Notícias da Covilhã’, passa
a ser nome de rua. A partir de janeiro de 1999, data em que o NC completa 87
anos, a rua onde está instalado passa a chamar-se ‘Rua Jornal Notícias da
Covilhã’”. Ainda sobre o Sporting Clube da Covilhã (SCC): “Sporting Clube da Covilhã – Terceira
Divisão nunca mais!” – 1994; “Os Timoneiros do SCC na Primeira Divisão” –
1997”; “Memórias Esquecidas” – 2001; “Os 82 anos dos Leões da Serra” – 2005, entre
muitos outros, salientando alguns dos que passaram para além do mundo dos
vivos.
À Biblioteca Municipal foram
dedicados vários textos: “Biblioteca
Municipal: 82 Anos de História” – 1999; e, mais recentemente, sobre o seu
Centenário.
Agradeço terem-me concedido o
espaço de uma página inteira, entre outros: “A
Escola Industrial mais antiga do País completou 110 anos da sua fundação” –
1994; “ Os 830 Anos do 1.º Foral da Covilhã” – 2016; “A Expedição Científica à
Serra da Estrela foi há 135 anos” – 2016; “Padroeira da Covilhã” – 2016; “As
Conferências de São Vicente de Paulo na Diocese da Guarda” – 2017.
Tive o prazer de, neste
Semanário, evocar figuras covilhanenses ou que à Covilhã se dedicaram de corpo
e alma: Padre José Domingues Carreto,
António Santos Taborda, Maria Ivone Manteigueiro Vairinho, Cónego José
Geraldes, Ernesto Cruz, Dr. José Ranito Baltazar, Dr. Manuel de Castro Martins,
Alexandre Aibéo, entre muitos outros.
Também várias coletividades
tiveram o espaço das minhas memórias no NC. Outros assuntos mais candentes na
sua oportunidade tiveram leitores atentos: “Responsáveis
pela Irresponsabilidade” – 1998; “Quando o peão ‘atropela’ o veículo” – 1999;
“Uma nódoa no fato de gala” – 1998; “A Quinta das Celebridades” – 2004; “O
Polvo” – 2005; “Assembleia de ratos” – 2005; “Da promiscuidade à corrupção” –
2006; “Fugitivos” – 2008, e muitos outros até aos dias de hoje.
Se tive o prazer de escrever
sobre as gentes covilhanenses ou à mesma radicadas (“Os Grandes Covilhanenses” – 2007; “O Repolho” – 2007; “A Mulher na
Sociedade Covilhanense” – 2008; “O Homem que nasceu para as flores” – 2009; “A
Vocação e a Causa – 50 anos (Padre Fernando Brito) – 2009); também outros
temas me traziam alegria quando alguém se aproximava de mim, me telefonava ou
enviava mensagens, fazendo referência às
crónicas publicadas com interesse nas mesmas. E outros, que há muito não nos
víamos, aquando dum encontro, referiam-me: “Bom,
eu não o vejo pessoalmente mas vejo-o com regularidade no Notícias da Covilhã…”.
E isto a partir das então “Crónicas da
Rua Direita”, iniciadas em abril de 2003.
Teria muito ainda para contar,
mas vou só dar registo das referências às efemérides do NC: “Nove décadas de ‘braço dado’ com os
interesses da cidade” – 2003; “Mais perto do centenário” – 2006; “A caminho do
centenário” – 2009; “NC em frente” – 2010; “Quase nos 100 anos” – 2011; “O
Jornal e o direito de opinar” – 2013; “Diretores de um jornal” – 2014.
Os meus sentimentos de gratidão e
alegria pelo Notícias da Covilhã, excedem-se
no atrevimento de ocupar este precioso espaço, na menção de alguns títulos
escritos neste Semanário, gotejo de muitos mais, que de outros periódicos, com
textos diferentes, aqui não têm cabimento.
Parabéns, mais uma vez, ao NC e
um fraternal abraço aos estimados obreiros do mesmo.
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