14 de junho de 2019

FOLHEANDO O NOTÍCIAS DA COVILHÃ


Estive lá no dia 24 de maio, na reinauguração das instalações na Rua Jornal Notícias da Covilhã, 65, donde o NC nunca deveria ter saído.
Efetivamente, não podia deixar de aceitar honroso convite do semanário onde, ao longo dos tempos, nele fui deixando algumas linhas escritas. E também a bondade dos seus Colaboradores em darem a conhecer algumas das minhas publicações e iniciativas.
Já lia o Notícias da Covilhã desde muito jovem, na então Biblioteca Municipal, ao Jardim Público, em cujo cabeçalho surgia como diretor o Padre José de Andrade, então também pároco de Nossa Senhora da Conceição (São Francisco) e a grande alma para a construção do Centro Cultural e Social da Covilhã.
Mas é em 29 de dezembro de 1963, que o meu saudoso amigo Cónego Dr. António Mendes Fernandes, passa a assumir a direção deste Semanário.
A caminho do final do ano 1964, trabalhando eu ali perto, como administrativo na Câmara Municipal, me desloquei à Rua de Santa Maria, 65 (nome com que então era designada esta rua) para entregar um meu primeiro artigo para publicação, se assim entendessem. E o mesmo foi acolhido, com a simpatia do Sr. Alfredo Nunes Pereira, da redação do Jornal.
Sob o título “A Covilhã precisa dum Museu”, pois não havia qualquer museu na cidade digno desse nome, viria a ser publicado em 14 de novembro desse ano, com uma nota final: “N.R.: Consoante pode ler na entrevista concedida a este jornal pelo Senhor Presidente da Câmara, logo que o novo Liceu esteja construído, ficará livre o prédio onde atualmente funciona na Rua Combatentes da Grande Guerra. Para aí passarão a Secção de Finanças e no prédio onde atualmente está instalada será o futuro Museu”.
Mas não seria assim tão depressa e, dentre outros registos sobre a cidade, que ia enviando, e seriam publicados, escolho a gazetilha ao “Soldado Desconhecido”, fruto de vandalismo que ao longo dos tempos foi tendo (“O Soldado Desconhecido”: ‘(…) partiram o cano à espingarda…’- 1965; “Espada, precisa-se” – 1991; ou “A réplica da espada de Nuno Álvares” – 2008).
Mas aos nossos 18 anos, também a então minha namorada, Maria Odete, seria objeto das páginas deste Semanário, pela sua ação no movimento operário católico. Em 15-01-1965: “Assembleia das Organizações Operárias (da Ação Católica, (…) Maria Odete, como jocista, usando da palavra, focando as lições da Quadra do Natal para a vida dos trabalhadores (…)”.
No mesmo ano, março de 1965, registava como preocupação “Para quando a conclusão da Avenida Salazar?...”; voltava à carga em 1983, com “Melhoramentos na Av. 25 de Abril”; e, em 1997, “o Elevador no Ramal de S. João de Malta”, qual mote para a construção do funicular?
Se em 1970 era noticiado o meu casamento com a Maria Odete, neste Semanário; já em 1972, com “Uma sóbria profissão: o Funcionalismo Público”, em tempos de ditadura, deixou pelos corredores da Câmara Municipal e da Repartição de Finanças, algum sussurro malicioso de quem queria ver a continuidade da conversa, à responsabilidade de quem se meteu na “embrulhada”, entre medos da censura.
1990 era o tempo de começar a falar dos Leões da Serra: “Sporting da Covilhã em naufrágio: Cidade exige um clube da I Divisão”, tema que se iria desenvolver por vários anos, não só com a publicação das quatro obras sobre esta coletividade serrana, como também no encalce de tudo o que favorecesse o clube de todos os covilhanenses e beirões, como “Memórias de um Clube e de uma Cidade” – 1998, data em que é comunicado pelo Notícias da Covilhã (NC) – 25-12-1998: “’Notícias da Covilhã’, passa a ser nome de rua. A partir de janeiro de 1999, data em que o NC completa 87 anos, a rua onde está instalado passa a chamar-se ‘Rua Jornal Notícias da Covilhã’”. Ainda sobre o Sporting Clube da Covilhã (SCC): “Sporting Clube da Covilhã – Terceira Divisão nunca mais!” – 1994; “Os Timoneiros do SCC na Primeira Divisão” – 1997”; “Memórias Esquecidas” – 2001; “Os 82 anos dos Leões da Serra” – 2005, entre muitos outros, salientando alguns dos que passaram para além do mundo dos vivos.
À Biblioteca Municipal foram dedicados vários textos: “Biblioteca Municipal: 82 Anos de História” – 1999; e, mais recentemente, sobre o seu Centenário.
Agradeço terem-me concedido o espaço de uma página inteira, entre outros: “A Escola Industrial mais antiga do País completou 110 anos da sua fundação” – 1994; “ Os 830 Anos do 1.º Foral da Covilhã” – 2016; “A Expedição Científica à Serra da Estrela foi há 135 anos” – 2016; “Padroeira da Covilhã” – 2016; “As Conferências de São Vicente de Paulo na Diocese da Guarda” – 2017.
Tive o prazer de, neste Semanário, evocar figuras covilhanenses ou que à Covilhã se dedicaram de corpo e alma: Padre José Domingues Carreto, António Santos Taborda, Maria Ivone Manteigueiro Vairinho, Cónego José Geraldes, Ernesto Cruz, Dr. José Ranito Baltazar, Dr. Manuel de Castro Martins, Alexandre Aibéo, entre muitos outros.
Também várias coletividades tiveram o espaço das minhas memórias no NC. Outros assuntos mais candentes na sua oportunidade tiveram leitores atentos: “Responsáveis pela Irresponsabilidade” – 1998; “Quando o peão ‘atropela’ o veículo” – 1999; “Uma nódoa no fato de gala” – 1998; “A Quinta das Celebridades” – 2004; “O Polvo” – 2005; “Assembleia de ratos” – 2005; “Da promiscuidade à corrupção” – 2006; “Fugitivos” – 2008, e muitos outros até aos dias de hoje.
Se tive o prazer de escrever sobre as gentes covilhanenses ou à mesma radicadas (“Os Grandes Covilhanenses” – 2007; “O Repolho” – 2007; “A Mulher na Sociedade Covilhanense” – 2008; “O Homem que nasceu para as flores” – 2009; “A Vocação e a Causa – 50 anos (Padre Fernando Brito) – 2009); também outros temas me traziam alegria quando alguém se aproximava de mim, me telefonava ou enviava mensagens,  fazendo referência às crónicas publicadas com interesse nas mesmas. E outros, que há muito não nos víamos, aquando dum encontro, referiam-me: “Bom, eu não o vejo pessoalmente mas vejo-o com regularidade no Notícias da Covilhã…”. E isto a partir das então “Crónicas da Rua Direita”, iniciadas em abril de 2003.
Teria muito ainda para contar, mas vou só dar registo das referências às efemérides do NC: “Nove décadas de ‘braço dado’ com os interesses da cidade” – 2003; “Mais perto do centenário” – 2006; “A caminho do centenário” – 2009; “NC em frente” – 2010; “Quase nos 100 anos” – 2011; “O Jornal e o direito de opinar” – 2013; “Diretores de um jornal” – 2014.
Os meus sentimentos de gratidão e alegria pelo Notícias da Covilhã, excedem-se no atrevimento de ocupar este precioso espaço, na menção de alguns títulos escritos neste Semanário, gotejo de muitos mais, que de outros periódicos, com textos diferentes, aqui não têm cabimento.
Parabéns, mais uma vez, ao NC e um fraternal abraço aos estimados obreiros do mesmo.

João de Jesus Nunes                                                                                           jjnunes6200@gmail.com

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