19 de junho de 2019

A AMIZADE É UMA FESTA E EXPANDE-SE

Muitos encontros de amigos. Alguns, efémeros, outros eternizados. A idade, na caminhada das nossas vidas, não vai de parar, não se eclipsa, vai acrescentando tempo ao tempo.  Tantos a querer subir o Evereste, outros a preferirem as reminiscências extraídas do baú das suas memórias, dum tempo que o vento levou. Muitas memórias ficam. Por vezes quando menos se espera, surge alguém com o papel amarelecido das décadas das suas vidas. Daqui para a frente talvez se comece a pensar mais nos lustros que ainda possam restar. É giro! As horas prolongam-se. Perdemos a conta ao tempo.
O dia de Santo António é mítico. Com o Pedro Batista preparávamos o nosso habitual evento, que foi novamente sublinhado, com o título dado há década e meia – A Amizade é uma Festa – resultante do Homem de grande visão, lá para as bandas de Lisboa, em pleno espaço dum hotel repleto de ansiosos por conhecer os destinos das suas vidas profissionais, já que “santos da porta não fazem milagres”. Parte do grupo, os “apóstolos” escolhidos, memorizaram com o seu “pastor”, numa esplêndida quinta do Tortosendo, acontecimentos da vida que a todos uniu. Falou-se do passado, mas também dos dias de hoje e das perspetivas do amanhã.
As estórias da história do então livro publicado foi tema que não se deixou por mãos alheias, documento importante a correr todo o País. E, de facto, o postal das memórias, lá singularizava “Da CONFIANÇA à PROMESSA, para a CONCRETIZAÇÃO, dirigida ao ÊXITO”, com as datas e fotos assinaladas dos locais e intervenientes, terminando “E porque a Amizade é uma Festa!”
Inevitável é a despedida com uma esperança de que para o ano continua, se Deus quiser.
Conforme o título dado ao texto, a amizade expande-se. Falei no Pedro Batista, antigo Colega da atividade que abracei durante quatro décadas. Tomávamos um cafezinho numa esplanada do sul da Cidade. À mesma mesa estava outro amigo, Sérgio Gaspar Saraiva, companheiro da escrita neste periódico. Era o dia 11 de junho do ano da graça em curso. Esperávamos o seu primo, Arnaldo Saraiva, natural de Casegas, professor universitário, investigador científico e literário, ensaísta, cronista e poeta, doutorado pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Também leitor de Língua e Literatura Portuguesa e Brasileira na Universidade da Califórnia e professor convidado da Universidade de Paris (Sorbonne Nouvelle), tendo feito estudos superiores no Rio de Janeiro. Também colaborador da RTP e da Antena 1 e de várias publicações portuguesas e estrangeiras. Foi ainda distinguido com o Prémio Seiva (2017) na área das Letras.
A sua chegada para se sentar à nossa mesa tinha um fim em vista, singelo, carinhoso, afável, aproveitando uma breve pausa da sua viagem do Porto com destino ao Fundão onde tinha uma sua intervenção cultural. Daí que, depois, se vieram juntar ao grupo outros dois amigos: Fernando Paulouro Neves e Jorge Torrão. É que, a propósito dum texto publicado no Jornal do Fundão, sobre Casegas, onde eu vivi os primeiros anos de vida enquanto meu Pai ali exerceu a atividade de professor primário, nos distantes anos de 1945 a 1948, e vindo a saber que também fora professor do antigo Diretor do Notícias da Covilhã, Dr. José de Almeida Geraldes, quis memorizar algumas facetas daquela vivência entre professor e alunos. Assim, reconheceu perfeitamente, por uma foto daquele tempo, a figura do também seu antigo professor, José Martins Nunes.
E, se neste tempo ideal, o ditado mais se apropria ao de que “as palavras são como as cerejas”, só o compromisso que tinha já reduzido ao tempo que lhe restava para almoçar, o Professor Doutor Arnaldo Saraiva não ficou mais tempo, e, assim, de facto, a amizade é uma festa. Acabou por conhecer o filho do seu primeiro professor, e deu um abraço a um antigo colega do Seminário, assim como a outro seu conterrâneo, e outros mais que se juntavam, incluindo um grupo de antigas professoras que, do outro lado o avistando, algumas, suas antigas colegas da Universidade, o vieram cumprimentar. Uma delas, Maria do Céu Brás, antiga professora, sua conterrânea, portanto, caseguense, foi uma delas.

(In "Notícias da Covilhã", de  20-06-2019)

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