11 de março de 2020

DIA INTERNACIONAL DA MULHER


 “A Mulher na Sociedade Covilhanense”. Escrevi em 10-04-2008. Já lá vão 12 anos. Reli o texto publicado. Mantenho a minha satisfação com que o redigi. A Mulher ainda continua a ser uma pessoa postergada. E até repudiada, em partes consideráveis do Globo. Segundo Albert Einstein, “Grandes almas sempre encontraram forte oposição de mentes medíocres”.
Século XV. Seguros de escravas grávidas. Desenvolveram-se com alguma facilidade. Segundo um estatuto de Génova, sendo atribuído a alguém que tivesse comércio com uma escrava de outrem, o facto de ela engravidar se devia considerar plena prova de autoria, o juramento da escrava em causa e do dono desta. Caso fosse pessoa de boa fama, para além de outros indícios. As penas relativas a estes casos eram pesadas. E podiam duplicar caso a escrava viesse a morrer de parto. Um crime que não era considerado de ofensa à pessoa, mas sim à propriedade. Os donos das escravas começavam a entrar em acordos com os imputados autores. Estes seguros eram frequentes. Porque eram também frequentes as compras de escravas grávidas. Uma razão algo insólita: nestas condições o adquirente comprava previsivelmente dois escravos pelo preço de um.
Na atualidade, outras formas de discriminação da Mulher são sobejamente conhecidas. Da maioria de todos de nós.
Mas a Mulher esteve, de forma constante, no cerne de muitos acontecimentos. Desde a criação do mundo até à atualidade. É inegável o valor que acrescentam a tudo aquilo que se dedicam. Como a manifestação pela igualdade de direitos civis em favor do voto feminino. Entre outras.
“O coração tem razões que a própria razão desconhece” – Blaise Pascal.
A Mulher tem um “espírito engenhoso, imaginativo, sempre irrequieto”. Palavras de Fernando Pessoa. Define-o ainda pela “facilidade em arranjar soluções para as dificuldades que lhe possam surgir, e é ao mesmo tempo preocupado e instável, sendo, porém, no fundo, intenso e violento em tudo. Há uma grande dose de subtileza e diplomacia feminina”.
Dia Internacional da Mulher: a origem operária do 8 de Março. Não é apenas uma data de homenagem às mulheres. Tem raízes históricas mais profundas e sérias. Oficializada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1975. O Chamado Dia Internacional da Mulher é comemorado desde o início do século XX. Hoje, a data é cada vez mais lembrada. Como um dia para reivindicar igualdade de género. E com protestos ao redor do mundo. Aproximando a data de sua origem na luta de mulheres que trabalhavam em fábricas nos Estados Unidos. E em alguns países da Europa.
A Mulher distinguiu-se das demais desde políticas influentes, poetisas, arquitetas, gestoras, entre outras áreas de atuação. De geração em geração, atuaram e atuam para o bem comum. Relevaram sempre a educação que as distingue, o caráter, o espírito empreendedor. Apesar dos preconceitos relacionados com o género. Têm vindo a assumir um papel preponderante no crescimento económico e no bem-estar das sociedades.
A Mulher brilhou em todo o mundo e em Portugal. As Mulheres destacaram-se em várias dimensões. As que marcaram a história é extensa. Muitas outras seriam passíveis de ser enumeradas. Quer a nível internacional, quer a nível nacional.
Na exemplaridade, com desempenhos notórios: Cleópatra – figura feminina do Egito. Toda a gente recorda, pela sua beleza e capacidade de estratégia. Anne Frank – escreveu um diário com um forte testemunho sobre a Segunda Guerra Mundial. Coco Chanel – a única estilista na lista das 100 pessoas mais importantes do século XX. Segundo a revista Time. A princesa Diana – relembrada pelas causas humanitárias a que se dedicou. J. K. Rowling – destacou-se na escrita, com os livros de Harry Potter. Madonna – revolucionou a música POP. Malala – com papel de relevo no ativismo. Marie Curie – cientista e física polaca. A primeira mulher a receber um prémio Nobel. Madre Teresa de Calcutá – Santa de Calcutá e fundadora das Missionárias da Caridade. É dela: “Sei que o meu trabalho é uma gota no oceano, mas sem ele, o oceano seria menor”.
A nível nacional: Rainha Santa Isabel – ficou na história por ajudar os pobres e pela lenda do “Milagre das Rosas”. Carolina Beatriz Ângelo – a primeira Mulher a votar e a consagrar esse direito ao sexo feminino. Amália Rodrigues – a eterna rainha do fado português que levou a tradição da nação pelo mundo inteiro. Florbela Espanca – grande poetisa portuguesa. Lourdes Pintassilgo – a primeira e única Mulher a assumir o cargo de primeira-ministra de Portugal, quando nenhuma outra Mulher o tinha sido. Maria José Estanco – a primeira Mulher portuguesa a assumir o cargo de arquiteta.

(In "Notícias da Covilhã", de 12-03-2020)

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