“A Mulher na Sociedade Covilhanense”. Escrevi em
10-04-2008. Já lá vão 12 anos. Reli o texto publicado. Mantenho a minha
satisfação com que o redigi. A Mulher ainda continua a ser uma pessoa
postergada. E até repudiada, em partes consideráveis do Globo. Segundo Albert
Einstein, “Grandes almas sempre encontraram forte oposição de mentes
medíocres”.
Século XV. Seguros de escravas
grávidas. Desenvolveram-se com alguma facilidade. Segundo um estatuto de
Génova, sendo atribuído a alguém que tivesse comércio com uma escrava de
outrem, o facto de ela engravidar se devia considerar plena prova de autoria, o
juramento da escrava em causa e do dono desta. Caso fosse pessoa de boa fama, para
além de outros indícios. As penas relativas a estes casos eram pesadas. E
podiam duplicar caso a escrava viesse a morrer de parto. Um crime que não era
considerado de ofensa à pessoa, mas sim à propriedade. Os donos das escravas
começavam a entrar em acordos com os imputados autores. Estes seguros eram
frequentes. Porque eram também frequentes as compras de escravas grávidas. Uma
razão algo insólita: nestas condições o adquirente comprava previsivelmente
dois escravos pelo preço de um.
Na atualidade, outras formas
de discriminação da Mulher são sobejamente conhecidas. Da maioria de todos de
nós.
Mas a Mulher esteve, de forma
constante, no cerne de muitos acontecimentos. Desde a criação do mundo até à
atualidade. É inegável o valor que acrescentam a tudo aquilo que se dedicam.
Como a manifestação pela igualdade de direitos civis em favor do voto feminino.
Entre outras.
“O coração tem razões que a
própria razão desconhece” – Blaise Pascal.
A Mulher tem um “espírito
engenhoso, imaginativo, sempre irrequieto”. Palavras de Fernando Pessoa.
Define-o ainda pela “facilidade em arranjar soluções para as dificuldades que
lhe possam surgir, e é ao mesmo tempo preocupado e instável, sendo, porém, no
fundo, intenso e violento em tudo. Há uma grande dose de subtileza e diplomacia
feminina”.
Dia Internacional da Mulher: a
origem operária do 8 de Março. Não é apenas uma data de homenagem às mulheres.
Tem raízes históricas mais profundas e sérias. Oficializada pela Organização
das Nações Unidas (ONU) em 1975. O Chamado Dia Internacional da Mulher é
comemorado desde o início do século XX. Hoje, a data é cada vez mais lembrada.
Como um dia para reivindicar igualdade de género. E com protestos ao redor do
mundo. Aproximando a data de sua origem na luta de mulheres que trabalhavam em
fábricas nos Estados Unidos. E em alguns países da Europa.
A Mulher distinguiu-se das
demais desde políticas influentes, poetisas, arquitetas, gestoras, entre outras
áreas de atuação. De geração em geração, atuaram e atuam para o bem comum.
Relevaram sempre a educação que as distingue, o caráter, o espírito
empreendedor. Apesar dos preconceitos relacionados com o género. Têm vindo a
assumir um papel preponderante no crescimento económico e no bem-estar das
sociedades.
A Mulher brilhou em todo o
mundo e em Portugal. As Mulheres destacaram-se em várias dimensões. As que
marcaram a história é extensa. Muitas outras seriam passíveis de ser
enumeradas. Quer a nível internacional, quer a nível nacional.
Na exemplaridade, com
desempenhos notórios: Cleópatra – figura feminina do Egito. Toda a gente
recorda, pela sua beleza e capacidade de estratégia. Anne Frank – escreveu um
diário com um forte testemunho sobre a Segunda Guerra Mundial. Coco Chanel – a
única estilista na lista das 100 pessoas mais importantes do século XX. Segundo
a revista Time. A princesa Diana – relembrada pelas causas humanitárias a que
se dedicou. J. K. Rowling – destacou-se na escrita, com os livros de Harry
Potter. Madonna – revolucionou a música POP. Malala – com papel de relevo no
ativismo. Marie Curie – cientista e física polaca. A primeira mulher a receber
um prémio Nobel. Madre Teresa de Calcutá – Santa de Calcutá e fundadora das
Missionárias da Caridade. É dela: “Sei que o meu trabalho é uma gota no oceano,
mas sem ele, o oceano seria menor”.
A nível nacional: Rainha Santa
Isabel – ficou na história por ajudar os pobres e pela lenda do “Milagre das
Rosas”. Carolina Beatriz Ângelo – a primeira Mulher a votar e a consagrar esse
direito ao sexo feminino. Amália Rodrigues – a eterna rainha do fado português
que levou a tradição da nação pelo mundo inteiro. Florbela Espanca – grande
poetisa portuguesa. Lourdes Pintassilgo – a primeira e única Mulher a assumir o
cargo de primeira-ministra de Portugal, quando nenhuma outra Mulher o tinha sido.
Maria José Estanco – a primeira Mulher portuguesa a assumir o cargo de
arquiteta.
(In "Notícias da Covilhã", de 12-03-2020)
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