6 de março de 2020

UM PEDACINHO DA COVILHÃ A CAMINHO DO CENTENÁRIO


Quero em primeiro lugar agradecer o convite que o Senhor Presidente da Direção me fez para aqui falar um pouco sobre a Casa da Covilhã.
O que é que eu vou dizer, tendo em conta o pouco espaço de tempo de que já disponho?
Foi assim que, de alguma perplexidade surgida no meu pensamento, logo a mesma se desfez e,
num relance, achei por bem dar o título a esta minha palesta, assim:

UM PEDACINHO DA COVILHÃ A CAMINHO DO CENTENÁRIO
Vou ser breve.
Entrei pela primeira vez nesta Casa em 1973 numa altura em que por aqui andei uns dias, em formação na Seguradora cuja delegação eu geria na Covilhã.
Apenas me recordo de ter estado junto ao balcão-bar, e de ter encontrado algumas pessoas que não conhecia para além do velho António Isaac. O homem do bar disse-me que era do Fundão. Estranhei o edifício sujo e arruinado, nessa altura, com alguns ébrios à mistura.
Passei assim longos tempos sem visitar esta Casa, mais pela indisponibilidade de permanecer tempo suficiente em Lisboa, cujas horas necessárias não me abundavam, ou então era a permanência exclusiva em questões profissionais.
No entanto a minha curiosidade era sempre conhecer quem presidia à Casa da Covilhã, e, pelas notícias que na oportunidade eram veiculados nos semanários da região beirã, sobre o que se passava nesta Casa, confesso, com raridade, insuflavam-me algo de vontade em ver o seu novo rosto.
Mais tarde, as notas da imprensa regional que ligeiramente davam registo de a Casa da Covilhã acolher várias personalidades, ou eventos, enchiam-me de curiosidade.
Recordo-me de na presidência do falecido Abel Ribeiro Cunha, aqui foi recebida a equipa e dirigentes do SCC, que havia subido à I Divisão Nacional, em 1985, aquando da meia final da Taça de Portugal que veio disputar a Lisboa com o Benfica;  e também Jorge Vieira, antigo internacional e ídolo do SCP, então seu sócio n.º 1, e que esteve na fundação do SCC.
Na Covilhã algumas vezes interpelava o Clementino Xavier como corriam as coisas aqui pela Casa da Covilhã.
O século XXI traria algum período de turbulência a esta Casa, ficando fechada, sem qualquer tipo de atividade, entre 2006 e 2010. No entanto, um grupo de covilhanenses radicados em Lisboa, com vontade indómita em fazer renascer esta instituição, ao redor de um almoço mensal que ainda hoje mantêm, reativou a Casa da Covilhã.
Para se poder manter este barco a flutuar em águas tranquilas foi necessário o surgimento de dirigentes tenazes, suando a camisola com o nome da sua Terra, e é desta feita que esta instituição tem atingido os seus objetivos através de iniciativas de caráter cultural e recreativo e dando a conhecer a gastronomia da nossa região, atividades que me escuso de salientar por já serem sobejamente conhecidas, devidamente divulgadas não só pela Casa da Covilhã, mormente através das redes sociais, como também pela imprensa regional, mas, contrariando um pouco o que acabo de dizer, seria grave esquecer as noites de fado, nesta Casa, e a recriação da Feira de S. Miguel que proporciona uma das maiores concentrações de Covilhanenses em Lisboa. Nunca se viu tanta gente da nossa gente a vir agora aqui apresentar as suas obras literárias, as suas poesias, e a sua arte. É obra!
Se eu, como inicialmente referi, entrei pela primeira vez nesta Casa, há quase meio século, pois bem, esta Instituição vai agora a caminho do Centenário. Entre ventos e marés, ela vai desenhando o seu percurso com a bandeira desfraldada da Covilhã, com notoriedade, e é assim que o caminho se faz caminhando.
Efetivamente, chegámos à conclusão de que são 96 primaveras! Pudera, se o Boletim da Casa da Covilhã de 1949 assinalava as Bodas de Prata, obviamente que a sua génese já vem de 5 de janeiro de 1924 e não 1929, ainda que tenha sido “autorizada a sociedade de recreio Grémio Covilhanense” neste último ano. Igualmente José Mendes dos Santos, no seu livro “Breve História Cronológica da Covilhã”, refere a sua fundação a junho de 1924.
Depois da Rua da Mouraria, 24,1º, passaria para o Largo do Caldas, nº 8, e em 1 de junho de 1940, neste nº 150-1º B, na Rua do Benformoso. Assim também me referi no Boletim Informativo n.º 1, online, de dezembro de 2014, da Casa da Covilhã, sob o título “Ressurgimento”.
“No dia 18 de junho de 1949, na Sessão Solene comemorativa da passagem do 25º. Aniversário foi inaugurada, festivamente, mais uma Estante da nossa Biblioteca”, referia-se assim o Boletim da Casa da Covilhã já mencionado.
Deixo aqui um apelo para que façam mais um esforço no sentido de organizarem a Biblioteca, onde existem muitos autores Covilhanenses.
Pois bem, queremos continuar a entrar na porta 150 desta Casa, no âmbito da nossa “Beiranidade” já que ficámos fartos de saber que o 10 é do Downing Street, lá para outras bandas a transvazar a Europa.
Parabéns à Casa da Covilhã – a nossa Casa na capital –, e também a todos os seus obreiros, com realce para esta sua dinâmica Direção.
Obrigado.

(Minha palestra na Casa da Covilhã, no dia 15-02-2020)

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