16 de agosto de 2020

FÉRIAS COM MEDO

 

Independentemente dos receios que acometem a maioria dos portugueses, face a este tempo pandémico, há necessidades que se sobrepõem aos medos de contágios, e outros males que possam advir. O que não era habitual. Uns são mais afoitos que outros. Os jovens são talvez os mais transgressores das regras que um estado desta natureza impõe.

Em tempos normais estaríamos naquele período da silly season. Atualmente, a comunicação social inunda-nos com as notícias que chegam de várias fontes dos recantos planetários, no âmbito da pandemia que a todos assola, democraticamente.

Não sendo o meu forte o poder de síntese, achei interessante o que na data em que redijo este texto (30 de julho) acabo de ler na interessante crónica de Miguel Esteves Cardoso, no Público: “Avança a causa de não usar poucas palavras quando se pode usar muitas. E para quê usar curtas se há compridas?”; “Há”, por exemplo, pode substituir por “existe a possibilidade”, ou “encontram-se à nossa disposição”. “Hoje em dia é preciso dizer que há muitas palavras compridas que são úteis e que não podem ser convertidas em palavras pequenas sem perdas de significado”.

Alguns periódicos regionais entram num breve período de férias. É o tempo de retemperar forças. Quantas vezes acontece que entre banhos no mar, no rio ou na piscina, vêm-se juntar banhos de novas inspirações para o papel ou o online que os leitores gostam de ver nos seus jornais.

Também nos cabe procurar um pouco de descanso, fora do local habitual, e, como tal, regressaremos a este espaço em setembro.

Quando escrevo a última crónica deste julho quente, sinto-me envolvido numa indignação face ao que vou lendo na comunicação social, sobre a regulação bancária em Portugal. “Tribunal de Contas arrasa papel de Carlos Costa no BES e Banif”. Supervisor a decidir resolução de supervisionados revela conflito de interesses que lesa contribuintes, diz o órgão fiscalizador, que fala em mais risco. A falta de independência, instrumentos insuficientes e conflito de interesses parecem ter existido. Não são assim brandas as conclusões do Tribunal de Contas à atuação do regulador nos processos de resolução do BES e do Banif, com aquele órgão de fiscalização a considerar que a mistura de águas no Banco de Portugal lesou o país e os contribuintes. Recorde-se que coube a Carlos Costa decidir as intervenções nos bancos que o mesmo supervisionava.

Enfim, e continuamos com a novela do Novo Banco. Este que foi dividido ao meio, naqueles famigerados tempos em que a regulação também não funcionou: o Banco Mau e o Novo Banco. Ao que nos vamos apercebendo, neste país de brandos costumes, o Novo Banco está a transformar-se num “Mau Novo Banco”.

Neste ano dominado por um problema comum no Planeta e na Europa, é no Velho Continente que estamos inseridos e que aqui Portugal tem de procurar a necessária ajuda (e tem-no feito sem descanso) para a solução dos problemas que nos afeta. As notícias esperadas resultantes do mal que a todos atingiu, são evidentes, como a pandemia está a abalar os números do emprego em Portugal, apagando metade do emprego criado nos governos de António Costa.

O desemprego oficial esteve escondido, dizem notícias de hoje, mas o desconfinamento começa a revelar a triste realidade. Desapareceram 181 mil empregos ao todo, desde março.

No entanto, em “Notícias ao Minuto”, de 30 de julho, refere que o clima económico continua a recuperar mas fica a dúvida sobre a confiança dos consumidores. Segundo o Instituto Nacional de Estatística o indicador de clima económico manteve a trajetória de recuperação entre maio e julho. Entretanto, os indicadores de confiança recuperaram em todos os setores, com destaque para a Indústria Transformadora.

O que é certo e verdade é que a pobreza veio ter com muito mais gente; como pessoas que foram atingidas pela avalanche não esperada da pandemia. Que o digam quem trabalha afincadamente nas Conferências de São Vicente de Paulo e organismos que constituem um movimento de cidadania, na Covilhã, para dar lugar à possibilidade de assistência aos mais necessitados, face aos condicionalismos atuais.

(In Jornal fórum Covilhã, de 12/08/2020)

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