Os tempos que correm, a caminho do Natal, não se encontram famosos. Nada
mesmo! Jamais alguns de nós ainda viventes passou por esta situação. Faz
recordar os tempos dos nossos Combatentes, ausentes em terras ultramarinas de
então. Havia a esperança de passados uns meses surgir o abraço dos entes
queridos que se deixaram forçosamente na Metrópole. E umas mensagens via RTP e
Emissora Nacional serviam para um pequeno lenitivo de verem os seus envergando
a farda, com vida, ou ouvirem as suas vozes. Que, de doenças, também havia por
aquelas paragens o paludismo. E outras
mais. Medo também existia que a qualquer momento pudesse surgir o inimigo. Traiçoeiramente,
quando menos se contava, no surgir do rebentamento de uma mina, numa emboscada,
e em tantas situações por muitos dos nossos Combatentes já narradas. Mas a que
os senhores da Governação do País de então tentavam olvidar. Enquanto calejavam
no rabo os efeitos do sedentarismo nas suas secretárias, já outros
compatriotas, onde o humanismo para eles, governantes, era palavra vã, sentiam
os efeitos perniciosos que, talvez a falta de uma vírgula num ofício que para
retificação voltava para trás, deixava por terra, na sua morosidade de vir um
helicóptero, o ferido que haveria de sofrer as consequências nefastas para toda
a vida.
Se nessas famigeradas décadas de
início de 60 e meados de 70 tudo se passou numa guerra em que se conhecia o
inimigo, o mesmo não acontece nos dias de hoje, em que o inimigo é invisível, e
nem a balística consegue encontrar uma solução. Os beijos e abraços tão
queridos dos familiares e amigos, possíveis em tempos bélicos aquando dos militares
regressados, são agora uma palavra de ordem pelas forças sanitárias no seu
afastamento para tentar debelar este inimigo invisível, em que não há armamento
adaptado para o solucionar.
É indubitável que epidemias, pestes e pandemias sempre houve desde a
Antiguidade, e na sua maioria ainda não se extinguiram na sua globalidade, com
adaptação, das procuras de cura, aos tempos no âmbito dos seus conhecimentos e
dos que foram adquirindo.
Se as duas anteriores Guerras Mundiais se encontraram nas mãos dos Homens,
como tantas outras da História, o mesmo já não acontece com esta Pandemia, uma
autêntica Guerra Mundial com foros de um único inimigo, invisível e minúsculo, que
nem as forças em Exército Comum conseguem debelar.
Há que ter consciência, pois, dos deveres que competem a todos nós,
cidadãos deste Planeta, para assumirmos o manejar das mesmas armas, de todos
sobejamente conhecidas, e não darmos o corpo às balas, atrevida e
irresponsavelmente, como vemos muitos por essas ruas das cidades, vilas e
aldeias. O atrevimento do não cumprimento das regras sanitárias, geralmente
paga-se caro, e fazem pagar de idêntica moeda o seu semelhante mais próximo.
O Mundo, não obstante esta tragédia virulenta que o tem abalado, já antes
vivia os temores e indignação pela forma como, à face da Terra, surgiu no
comando dos destinos do país que ainda é considerada a maior força mundial, um
homem sem escrúpulos, qual Nero, a lançar uma sementeira de ódio, narcisismo,
incompetência, mentira sem escrúpulos e arrogância suprema.
Felizmente que se o que estava em causa era antes uma oposição entre a
verdade e a mentira, entre a democracia e a autocracia, entre a apologia dos
direitos humanos e a sua corrupção, uma disputa entre cooperação multilateral e
a extinção da ordem global das últimas décadas, o agora derrotado Donald Trump
que revelou do princípio até ao fim um desdém absoluto por esse código de
valores, saiu de cena.
O Mundo ficou aliviado!
Teremos, pelo menos, que mais não seja, neste Natal, Joe Biden, que
embora receba uma América com um somatório tremendo de crises, numa tarefa
hercúlea que se adivinha, a ter que reverter muito do que o seu antecessor fez
duma forma perniciosa para o Mundo.
Conforme disse um juiz do Supremo Tribunal dos EUA, num caso apreciado em
1919, sobre liberdade de expressão, é “causar pânico ao gritar fogo, sem haver
fogo, num teatro cheio”. Foram estas as circunstâncias, a América “em que Trump
atacou os fundamentos da democracia, a paz social e a própria união ao
descredibilizar os votos que não o favoreceram, os estados e cidades que não
votaram nele, o seu opositor e o partido democrata, nomeando-os como
fraudulentos, como responsáveis por lhe roubar a eleição, como inimigos. Isso é
ou não gritar fogo num teatro cheio?”.
Na esperança que possamos ver dissipar-se, ou pelo menos atenuar-se, esta
pandemia que nos assola, vão os votos de um Feliz Natal de 2020, dentro do que
nos for possível, e que o ano 2021 possa ser o fim desta pandemia, votos estes
para todos os Combatentes, e não Combatentes, Dirigentes, Associados, Leitores
e Amigos, no âmbito deste Núcleo, e suas Famílias, para que possam ver aquela
Luz que todos desejamos – PAZ NA TERRA AOS HOMENS DE BOA VONTADE!
(In "O Combatente da Estrela", nº 121 - Dezembro 2020)
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