Tal como Miguel Torga, Fernando Namora ou António Lobo Antunes, que foram médicos e tiveram a sua notoriedade na escrita, com obras de grande relevo, também outros, de atividades não clínicas, se enobreceram com a mesma. Não só a arte de saber escrever e a eloquência são suficientes para trazer aos amigos da leitura aquelas páginas que nos fazem deliciar no tempo. Por detrás está sempre um grande trabalho de pesquisa, no respeito pelas regras autorais, num banhado interesse pela causa que se quer absorver para transpor da porta para o público. Porque, no óbvio, ninguém escreve exclusivamente para si ou para meter na gaveta. E, por vezes, nem sempre a inspiração surge quando se pretende, mormente naquela idade em que se abeira o déficit cognitivo, ainda que temporário. Por isso, não é fácil escrever como alguns pensam, mas para o escritor é atraente como íman.
Depois de me embrenhar nas
interessantes recolhas, quais telenovelas que possuo em recortes de todos os
semanários desta Região, e por via das suas publicações no Facebook (muito
importantes para o conhecimento de quem pensava que o que se ouvia falar não
passava de palavras vãs), e de ter lido, numa avidez, o livro “Estórias de Um
Arquivo Judicial – A Grande Devassa – 1820 – 1920” não podia deixar de
manifestar a minha grande admiração e respeito, como sempre o tenho feito
pessoalmente, pela coragem do lousanense, mas covilhanense pelo coração, José
Avelino Gonçalves, Juiz Presidente da Comarca de Castelo Branco.
Quem tem acompanhado as
interessantes estórias judiciais, de há um século (algumas de que ouvíamos
falar) de figuras da Covilhã e Região, que jaziam no pó dos sótãos dos
Tribunais, mormente o da Covilhã, publicadas pelo Dr. José Avelino Gonçalves,
nos semanários da região, conforme já referi, não pode ficar indiferente ao
conhecimento de que ficamos detentores ou mais esclarecidos nalgumas dúvidas.
Um segundo volume está em
preparação e será tão bem, ou mais, acolhido que o primeiro, tal o interesse
manifestado pelo seu trabalho de excelência.
É pena que o Dr. Avelino
Gonçalves vá terminar a sua comissão de serviço de Juiz Presidente da Comarca
de Castelo Branco em 31 de dezembro e regressar ao Tribunal da Relação de
Coimbra, onde pertence. No entanto, como covilhanense pelo coração, em cuja
Cidade viveu muitos anos e lhe nasceram as filhas, uma das quais, a Cláudia, arquiteta,
foi a ilustradora da interessante obra já aludida, ficará na amizade de muita
gente que a simpatia e singeleza do seu trato deixou em todos.
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