11 de dezembro de 2020

CONTE-NOS A SUA HISTÓRIA - JOSÉ REIS CARIANO

 

Natural de Malpique, freguesia de Caria do concelho de Belmonte, o seu nascimento ocorreu no dia 2 de setembro de 1933.

Tendo vivido a sua infância antes da II Grande Guerra, o mesmo já não iria acontecer com a sua adolescência que passaria por esse malfadado tempo. Embora tivesse a indústria laneira ali perto, na Covilhã, com os seus altos e baixos duma industrialização ainda pouco adiantada, seria com seu pai, na agricultura, que ocuparia os seus primeiros tempos até aquela juventude que o chamaria a cumprir o serviço militar.


Assim, foi incorporado no Batalhão de Caçadores 2, na Covilhã, em 1954, altura em que nessa altura se atingia a maioridade, então aos 21 anos.

Surgiriam, entretanto, convites para Companhias de Caçadores Especiais. Reis Cariano acabaria por fazer concurso para Furriel, em cuja categoria seria promovido em fevereiro de 1960. Estas Companhias foram formadas no Batalhão de Caçadores 5, em Campolide, sendo que, em abril de 1960, foram para o Centro de Operações Especiais de Lamego.

Tendo regressado ao Batalhão de Caçadores 5, com recrutas para os juramentos de bandeira nos dias 3 e 4 de junho, viria a embarcar para Angola no dia 6 de junho de 1960. A sua Companhia – Companhia de Caçadores Especiais – foi para o Norte de Angola, localizada no Toto, fazendo aquela área de Ambrizete, Tomboco, Bessa Monteiro, Noqui (que fica na fronteira com a República Democrática do Congo), na margem esquerda do Rio Zaire.

No Toto esteve cerca de 15 meses; daqui foi para Malange e, com o seu pelotão, durante um mês, esteva em Mussende. Era então já Furriel do Quadro Permanente.   

Regressou a Portugal em agosto de 1962, depois de, na sua missão situada nos primeiros tempos da guerra colonial, várias vezes ter sido atacado, principalmente em emboscadas. Entretanto, a seu pedido, foi colocado na 1ª Companhia Disciplinar em Penamacor, onde esteve até 1965.

A partir daqui, foi mobilizado para Moçambique, tendo sido colocado numa Companhia de Caçadores em Inhambane, que por sinal era uma Companhia de Caçadores de indígenas. Passados 4 dias, saiu da Companhia com o seu pelotão e foi colocado em Vilanculus, onde fizeram patrulhamentos a diversas populações, tendo aqui estado durante seis meses, regressando a Inhambane, onde cumpriu o resto da Comissão. Regressou então a Portugal em fevereiro de 1967, sendo colocado na Guarda, no Regimento de Infantaria nº. 12 (RI 12), com o posto de 2.º Sargento do Quadro Permanente.

Surgiria nova mobilização para Moçambique, desta feita em agosto de 1967, indo formar batalhão no antigo Regimento da Amadora. Depois de formado embarcou para Moçambique no dia 4 de janeiro de 1968, sendo o batalhão colocado em Mocimboa da Praia, no Norte de Moçambique. Aqui esteve 18 meses. Entretanto o batalhão foi deslocado para Montepoez, regressando a Portugal em fevereiro de 1970.        

Foi colocado novamente no RI 12 onde esteve até agosto de 1971. Neste ano voltou a ser mobilizado, agora para Angola, sendo colocado numa Companhia em Aldeia Viçosa – Quitexe, onde esteve cerca de 15 meses, então já como 1.º Sargento do Q.P. Passados 15 meses regressou a Luanda onde fizeram a Comissão Liquidatária da Companhia, sendo colocado, para completar a Comissão, na chefia dos Serviços Religiosos do Exército. Regressou a Portugal em setembro de 1973, sendo colocado, a seu pedido, na Companhia Disciplinar de Penamacor, onde esteve cerca de quatro meses, sendo transferido novamente para o RI 12, na Guarda, onde esteve até agosto de 1975. Nesta data, embora já depois do 25 de Abril de 1974, mas ainda antes da independência de Angola, foi novamente mobilizado para Angola, indo formar batalhão a Évora, tendo embarcado no dia 6 de setembro de 1975 e sido colocado numa Companhia dum batalhão que já lá se encontrava.

Regressou de Angola no dia 6 de novembro de 1975, cinco dias antes da independência, tendo ficado em Lisboa, no Batalhão de Caçadores 5 a fazer a Comissão Liquidatária da Companhia, onde esteve até fevereiro de 1976. A seu pedido, foi novamente para a Companhia Disciplinar de Penamacor, onde esteve durante oito meses, indo novamente para o RI 12, na Guarda.

Em 1978 foi para a Amadora, para a Academia Militar, para frequentar o Curso para Sargento-Chefe, findo o qual regressou ao RI 12. Em agosto de 1980 foi colocado no Batalhão de Caçadores 6, em Castelo Branco. Em agosto de 1982 foi transferido para o Batalhão de Apoio de Serviço da Brigada Independente, em Santa Margarida, já com o posto de Sargento-Chefe. Em agosto de 1984, já como Sargento-Mor, foi convidado para ir para o gabinete do Ministro da Defesa, Prof. Mota Pinto. Passou, entretanto, à situação de reserva em junho de 1986.

Durante todo o período por que passou, quer em Angola quer em Moçambique, teve momentos de ter baixas nas forças que comandava, mas, no fundo, saldou-se por regressar são e salvo e sem outros problemas de maior. Sempre foi um pouco cauteloso pelo que não se metia em aventuras que lhe ocasionassem perigo, nos períodos de descanso.

É casado e tem uma filha, advogada em Lisboa, tendo-se radicado na Covilhã.

(In "O Combatente da Estrela", Nº. 121 - Dezembro 2020)

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