21 de julho de 2021

ESTE ESTIO QUE COMEÇOU

 Entrámos no mês quente de verão, que, de quente, por vezes prega-nos umas partidas. Que o digam algumas noites. Alguns estudantes preparam-se para iniciarem suas férias enquanto outros se veem a braços com exames, sejam presenciais ou online. Com esta maldita pandemia, tudo se alterou, até mesmo as normas de conduta.

Se mais uma cadeira fora conseguida, para os universitários, ou a confirmação daquele Erasmus, para não dizer a conclusão dos seus cursos, isto já não é como era há uns tempos atrás, não muito longos, porque o coronavírus ainda anda saltitando por aí. E, quando menos se pensa, tudo se modifica. Como, mais uma vez, o chico-espertismo de alguns responsáveis pelas vacinações. Aqui, a diretora do Agrupamento de Centros de Saúde do Porto Oriental, já suspensa, “desobedeceu” ao plano, conforme referiu o coordenador da task force, com a vacinação de jovens de 18 anos, numa fase em que o auto agendamento está disponível apenas para maiores de 35 anos. Não sendo Portugal uma república das bananas, há que punir os infratores não esquecendo os primeiros que foram objeto desse atrevimento e de que a comunicação social deu ênfase na devida altura.

O precedente mês de junho foi o dia dos Santos Populares, que o bicho mau pretendeu lhes retirar toda a popularidade, não conseguindo ser concretizada no seu pleno. No Porto, do silêncio dos martelos às enchentes de foliões, a noite de São João viveu-se com poucas restrições. “De um lado, a tristeza dos comerciantes da zona de diversão das Fontaínhas, obrigados a fechar às 18 horas, do outro, o crescente movimento que tomou conta das esplanadas na Ribeira e na Cordoaria em vários ajuntamentos”. Tal como sucedeu com os tripeiros também um pouco por todo o país houve aqueles desenfiados como se dizia na tropa. E, vai daí, toca a abusar, onde as regras de distanciamento e sanitárias não tinham regra.

Depois, tivemos o governo e o presidente da República a duas vozes. Se por um lado há o dramatismo, como o momento “crítico”, “grave” e “complexo” – os casos vão “continuar a aumentar”, por outro quem ouve Marcelo vai pelo lado da esperança. O que é certo e verdade é que com a variante Delta da peste dos nossos dias, foi dado um passo atrás nalgumas zonas do país, nomeadamente Lisboa e Vale do Tejo, onde se verifica a maior permanência do novo coronavírus. Entretanto a boa notícia é que quem já tem o certificado digital vai ter luz verde para andar pelo país sem restrições.                                   

Em Portugal, com o fulgor possível do Campeonato Europeu de Futebol, não vai haver aquele período da silly season, pois continuarão também as conversas sobre a responsabilidade política de uma delação grave pelas bandas do município alfacinha. É que já estamos habituados ao caricato de atuações duma forma tão de hilariante quão de angústia. Para que serviu tanto empenho nos trabalhos da proteção de dados individuais de todos nós? Foram assinaturas e mais assinaturas de declarações de aceitação e conhecimento por essas variadíssimas instituições fora. Dá para pensar.

A Seleção de Portugal, aquela de todos nós, também nos pregou uma partida, tal como o tempo. Quando esperávamos continuar na efervescência do entusiasmo pela Seleção das Quinas, surgiu-nos aquele balde de água fria em cima do banho de entusiasmo e lá saltámos fora. Paciência, fria tem que ser agora a cabeça e passar novamente a olhar em frente para podermos voltar ao quente entusiasmo das próximas jornadas do Mundial.

Vamos esperar por melhores dias mas, convençam-se, quem tem ouvidos para ouvir e olhos para ver, que se não houver respeito pelo cumprimentos das regras estabelecidas para este tempo pandémico, tantas e tantas vezes badaladas, não sairemos da cepa torta, porque a situação normal da vida não está já por aí, ela regressa à situação do medo, e a normalização está mais que tardia.

 (In "Notícias da Covilhã", de 22-07-2021)

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