A Covilhã tem a felicidade de
ter uma instituição na capital bem representativa daquela que é a cidade dos
lanifícios e universitária, das faldas da Serra da Estrela.
Muitos dos Covilhanenses,
sejam de raiz ou de coração, radicados em Lisboa ou concelhos da proximidade, ali
confraternizam semanalmente, com orgulho da sua Terra. Do outro lado, quem viaja
da Covilhã e visita esta instituição, sente a alegria no encontro de velhas
amizades que os quilómetros de distância não permitem que se encurtem estes
tempos de vivência.
E isto porque, quando nos
encontramos fora da nossa Terra por nos termos radicado noutro lugar, por
circunstâncias várias, sendo que uma das principais razões são a atividade
profissional, e, outras, a vida familiar ou a conjugação de ambas, vamos sempre
de encontro à nostalgia.
No caso inverso, também é
salutar os que, não largando o seu torrão natal, sentem uma vontade indómita para
matar saudades de amigos de longa data, colegas ou familiares, quantos deles
com décadas de ausência.
Tem a cidade laneira e
universitária da Beira Interior, porta principal para a Serra da Estrela, a felicidade
de ter na capital uma casa com o nome da Covilhã, a pouco mais de três anos
para o seu centenário. De Grémio Covilhanense como se iniciou em 1924, passou a
designar-se Casa da Covilhã em 28 de outubro de 1939.
A sua sede na Rua do
Benformoso, 150-1º tem sido, de há muito, palco de encontro de muitos Covilhanenses,
para ao redor do degustar os almoços das terças-feiras e outras datas de
eventos assinalados, surgirem as conversas de memórias dos presentes e sobre
muitos dos ausentes. Reminiscências e questões opinativas, para além do que é a
vivência atual, com a Universidade da Beira Interior, o Centro Hospitalar
Universitário da Cova da Beira, o novo Teatro Municipal, Museus e novas obras, ainda
as memórias da Escola Industrial e do Liceu, da antiga Biblioteca Municipal,
das gentes covilhanenses de hoje e de outrora e das publicações que existem na
Cidade, recebidas com agrado na Casa da Covilhã, antídoto ao esquecimento quando
os patrícios pretendem que seja dado a conhecer o que se passa nesta
instituição covilhanense na Capital.
Algumas que defendem o
Interior e se revoltam do ostracismo a que o mesmo é votado, esquecem-se que
estão a fazer o mesmo à Casa da Covilhã.
Não há almoços que não sejam
com produtos oriundos da Covilhã, não há recordações importantes que não sejam
da Covilhã e ali são expostas.
A cultura é um vetor que
define também esta nossa Casa em Lisboa, com eventos como o fado, à realização
de réplicas de feiras ancestrais da Covilhã, como a de S. Miguel, ao amor aos
livros, com o convite de autores covilhanenses para apresentação das suas
obras, ao acarinhar do Sporting da Covilhã, e a tudo o que, de alguma forma,
tenha o sentir da Terra que é da Gente das nossas Gentes.
Neste cambiante de opiniões,
de atividades programadas e a programar, ainda que, de quando em vez, como em
qualquer ação dinâmica, possam surgir ventos e marés, há sempre a alma do
Covilhanense a gritar mais alto para que o barco prossiga por águas navegáveis.
Depois de há uns tempos atrás
a Casa da Covilhã ter passado por um período menos bom, por escassez de braços
para prosseguir com as árduas tarefas de manter uma Casa acolhedora, nas
últimas décadas covilhanenses da rija têmpera de Viriato pegaram na mesma e
ei-la aí, de vento em popa, a dar alegria a quem a visita, com a permanência de
casa repleta, ou muito perto disso, às terças-feiras para os almoços convívio.
Estivemos lá no dia 9 de
novembro. Éramos ao todo 47 elementos, que, por coincidência correspondiam, em
número, aos 47 fundadores da Casa da Covilhã em 1924. Para além do almoço,
sorteiro de um livro com o autor covilhanense presente, e também do jovem
covilhanense Manuel Ramos, de 19 anos, que esperamos possa vir a ser
selecionado para participar nos Jogos Olímpicos de Pequim, na modalidade de
esqui alpino. Do comboio para lá foram alguns produtos da Covilhã que no mesmo
dia puderem ser cozinhados e consumidos.
É de louvar a Direção atual,
liderado pelo Manuel Vaz Rodrigues, e também a médica fadista covilhanense,
Daniela Runa, como outros entusiastas covilhanenses, o António Chorão, o Zé
Ascensão Rodrigues, o Elói, o Pedro Freire, e a alma das gentes que se deslocam
da Covilhã – o delegado regional João Romano – que não deixam ficar por mãos
alheias um trabalho de excelência, independentemente da grave pandemia Covid 19
que nos tem assolado.
Não queremos terminar sem felicitar
a equipa do Jornal fórum Covilhã pelo
seu 10º aniversário, num trabalho conseguido em prol da liberdade de
informação, num pluralismo de ideias, direcionados para o bom jornalismo.
Sendo esta a última crónica
deste ano, desejamos aos prezados Leitores, Familiares e Amigos, sem esquecer
todos os Obreiros deste Jornal, um Santo Natal e um Feliz Ano Novo.
(In "Jornal Fórum Covilhã", de 15-12-2021)
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