Corria
o dia 16 de novembro de 1941, em plena II Grande Guerra, quando nasceu o
covilhanense, nosso entrevistado para este número do CE. Pessoa dotada duma
extraordinária simpatia, amigo do seu amigo, que reúne no companheirismo muitos
em seu redor.
Se
ao ver a luz do dia, pela primeira vez, existiam fortes nuvens bélicas no Mundo
de então, o seu destino, como tantos milhares de portugueses, seria o de se ver
também obrigado a participar, longe da sua Terra, numa guerra subversiva, como
então se designava, nos já longínquos anos de sessenta do século XX, para as
bandas do continente africano.
Depois
de, na tranquilidade desafogada, mesmo em tempo de racionamento, viver com os
pais na Quinta Nova, no Refúgio, onde trabalhava na agricultura, feita a
instrução primária, rumou, como tantos outros, para prolongar os estudos na
Escola Industrial e Comercial Campos Melo. Aqui, volvidos três anos ficaria
precocemente sem o pai, pelo que decidiu concluí-los no período noturno já que
a quinta, com trabalhadores, necessitava então do seu apoio, assim como sua
irmã e a mãe.
Tendo
sido chamado para o serviço militar, cuja inspeção foi aos 19 anos, tentou
ainda ser considerado “amparo de mãe”, a fim de se libertar daquela obrigação
militar, o que não lhe foi concedida. Chegou mesmo a omitir as habilitações
escolares, mas em vão.
É
então incorporado no RI 10 em Aveiro no dia 14 de agosto de 1962, um ano após o
início da chamada Guerra do Ultramar.
Como
o mesmo reporta, “nessa altura do início da guerra colonial não havia condições
logísticas decentes”. E conta algumas partes interessantes quão também de
horripilantes que, face à sua extensão, não cabem nesta página mas que é
interessante ouvir-lhe contar.
De
Cabinda ainda se deslocou para Tando Zinze, Prata, Pangamongo, Miconje, Caio
Guembo, Malembo, Tchinzaze, Belize.
O
dia mais marcante para o nosso entrevistado foi no dia 6 de dezembro de 1965 em
que duas minas anticarro mataram 11 camaradas de uma Companhia que estava adida
ao seu Batalhão.
Depois
deste “resumo muito breve” – como nos conta José Alberto Azevedo, de muitas
estórias “da história que tem do Ultramar”, embarcou em Luanda em 24 de março
de 1966 chegando a Lisboa em 6 de abril, seguindo para Tomar, e daqui para a
Covilhã, onde finalmente chegou no dia 8 de abril de 1966.
Passou então a exercer a sua
atividade profissional de debuxo na indústria de lanifícios, na Covilhã, onde
se aposentou.
(In “O Combatente da Estrela”, nº 126
– ABR/2022)
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