Memórias da minha vida
profissional por terras do distrito da Guarda são muitas. Amizades geradas foram
mais. Algumas ainda perduram. Nostalgia por aqueles que já partiram.
Mais de sete décadas e meia ainda
a caminhar neste planeta, enquanto Deus o permitir, prometi recordar algumas facetas
daquelas amizades dos anos de 70 e 80 do século passado, se o semanário “A
Guarda” assim anuir, a fim de satisfazer a vontade de alguns interessados.
São pedaços de algumas páginas contextualizadas
dos meus livros “O DOCUMENTO ANTIGO – Uma Outra Forma de Ver os Seguros”, que
se encontra em todas as Bibliotecas Municipais do Distrito, ou da última obra:
“DA MONTANHA AO VALE – As Viagens de um Grupo de Tertulianos”.
No famigerado tempo do PREC
regressava a casa, já altas horas da noite, após uma longa viagem comercial por
terras do distrito, quando o Lelo, do Banco Borges & Irmão, da Covilhã, foi
alvejado pela GNR por ter desobedecido às ordens de parar, na E.N. 18, à
Senhora do Carmo (Teixoso). Ficou paralítico. Faleceu há anos.
Era o regresso dos nossos
militares destacados no Ultramar. Até retomarem as suas anteriores atividades
profissionais, ou conseguirem um novo emprego, convidei alguns amigos a
acompanhar-me nas minhas viagens comerciais.
Caria, Casteleiro, Santo Estêvão
e Sabugal. Com uma paragem em Vila Boa para visitarmos o empresário amigo
Arménio Gonçalves, depressa chegámos ao Souto para almoçarmos. No Zé Nabeiro vai
de pedirmos a canja de cornos. A empresa Refrigerantes Cristalina, Lda, dos
irmãos Oliveira, ainda existia nesse tempo. Aí trabalhei no escritório no ano
1972, oriundo de funcionário da edilidade covilhanense, e aí vivi um ano. No
mesmo âmbito aí permaneciam os conterrâneos Humberto Cruz e Teresa Dias. Foi a
vivência num contraste entre a aldeia e a cidade. Fez-me recordar “A Cidade e
as Serras”, de Eça de Queirós.
Já no Sabugal, na empresa de
camionagem Vª. Monteiro & Irmão, Lda, uma paragem comercial obrigatória,
bem acolhidos pelo Sr. Alcino Monteiro, então sócio-gerente da empresa, onde
não faltava a simpatia dos amigos Raul Cunha e Luís Rasteiro, seus excelentes
colaboradores.
Passagem breve pela oficina auto
de António José Natário, no Sabugal.
Agora, no Banco Português do
Atlântico, no Sabugal, cabia a vez ao subgerente, covilhanense João Manuel
Petrucci, que tinha uma casa para residir por conta do Banco, na Rua das Tílias.
Entra um cliente no Banco e
pergunta a um funcionário, em voz alta: “Ó Sr. Zé, já lá estão os caídos?”
- “Sim, já lá estão os caídos”.
Esperámos que o cliente saísse;
na despedida, perguntámos ao subgerente: “Ó Petrucci, o que é isso dos caídos”?
Responde-nos, sorridente: “É o
crédito dos juros na conta dele...”
E, assim, ficamos a saber o que
eram os caídos, e sorrimos a caminho da Covilhã.
João de Jesus Nunes
(In “A
Guarda”, de 13-04-2023)
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