14 de dezembro de 2024

CAMINHAMOS PARA O FINAL DE 2024 ENTRE DECISÕES, CONFUSÕES E ILUSÕES


 Mais uma etapa das nossas vidas se vai cumprindo e, felizmente, ainda nos podemos contar entre os vivos. O que ocorreu no início deste ano, embora algo que teve o seu prelúdio, é vasto, e tudo o que foi semeado, entre caminhos pedregosos ou em terras férteis, agora encontra seu Ómega.

A invasão da Ucrânia pela Rússia continua tendo-se iniciado em 24 de fevereiro de 2022. Nesse dia, a Rússia lançou uma ofensiva militar em larga escala contra a Ucrânia, após meses de tensões crescentes e uma escalada de movimentações militares ao longo da fronteira. A invasão foi precedida por anos de conflito na região de Donbass, onde separatistas pró-Rússia, apoiados pelo Kremelin, lutavam contra o governo ucraniano desde 2014, após a anexação da Crimeia pela Rússia. A invasão causou grandes crises humanitárias, destruição em várias cidades e milhões de deslocados, além de ampla reação internacional, com sanções económicas contra a Rússia e apoio militar e humanitário à Ucrânia.

O conflito entre Israel e o Hamas, o grupo militante que controla a Faixa de Gaza, escalou quando, em 7 de outubro de 2023, o Hamas lançou um ataque surpresa contra Israel, resultando em centenas de vítimas israelitas e a tomada de reféns. O ataque que incluiu disparos de foguetes e invasões em várias cidades israelitas, marcou uma das ações mais significativas e violentas nos últimos anos e aumentou a tensão já existente na região. Israel reagiu ao ataque com uma série de operações militares contra alvos do Hamas em Gaza, com a intensificação do conflito resultando em centenas de mortos e feridos de ambos os lados. A tomada de reféns israelitas pelo Hamas complicou ainda mais a situação, com negociações internacionais e esforços de mediação visando a libertação dos reféns e uma eventual trégua. Mantém-se ainda ativo. 

As catástrofes no planeta provenientes das alterações climáticas têm sido cada vez mais acentuadas e devastadoras. A Austrália tem enfrentado eventos climáticos extremos significativos em 2024, com incêndios, ondas de calor e tempestades intensificadas por mudanças climáticas. Um relatório do Bureau de Meteorologia e CSIRO destacou que os oceanos australianos estão aquecendo rapidamente, influenciando padrões meteorológicos, como chuvas intensas, e aumento do nível do mar, o que causa danos em áreas costeiras e urbanas suscetíveis de inundações. Além disso, a seca e a redução de chuvas no sudeste e sudoeste australianos elevam o risco de incêndios e comprometem o armazenamento de água em várias regiões, afetando a agricultura e o abastecimento urbano. Este aumento na frequência e severidade de eventos meteorológicos preocupa especialistas, que alertam para um futuro com mais extremos se as emissões de gases de efeito estufa não forem reduzidas. Esses fatores contribuem para um ambiente de desafios constantes para infraestruturas, biodiversidade e segurança humana em todo o país.

As cheias em Valência, que começaram em 29 de outubro de 2024, foram provocadas por fortes tempestades e uma queda repentina de temperatura conhecida como gota fria, resultando em precipitações intensas e devastadoras. Foram mais de 200 vítimas mortais e muitos desaparecidos, tanto na região autónoma da Comunidade Valenciana, no leste de Espanha, assim como na região de Castela La Mancha, numa zona vizinha.  As inundações destruíram infraestruturas, deixaram moradores sem eletricidade e interromperam serviço de transporte. Foi um evento climático descrito como o mais severo do século. 

Temos agora a COP 29. São 30 anos de avisos, promessas e cimeiras. As cimeiras das Nações Unidas sobre o clima já se realizaram 28 vezes, mas emissões de gases com efeito de estufa continuam a aumentar e o ano passado foi o mais quente já registado, com 2024 a caminho de ser o primeiro a ultrapassar +1,5ºC em relação à era pré-industrial. Esta é a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2024 ou Conferência das Partes da UNFCCC, mais comumente conhecida como COP29, sendo a 29ª Conferência sobre Mudanças Climáticas. É realizada em Baku, Azerbaijão, de 11 a 22 de novembro de 2024. É certo que a sombra da eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, disposto a negar as alterações climáticas e refazer uma economia baseada em combustíveis fósseis e no protecionismo, paira sobre a conferência. Isto já aconteceu no COP22, em Marraquexe, em 2016, quando Donald Trump foi eleito Presidente pela primeira vez.

Entretanto, a eleição de Donald Trump para um novo mandato pode trazer várias preocupações tanto nos Estados Unidos quanto internacionalmente. Aqui estão alguns dos principais perigos apontados pelos analistas: 1-Relações Internacionais: A vitória de Trump pode afetar as relações dos EUA com a União Europeia, especialmente em questões de comércio e segurança. Trump tem criticado repetidamente o bloco europeu e ameaçado acabar com os laços atuais ente a UE e os EUA. 2 - Ajuda à Ucrânia: Há preocupações de que Trump possa reduzir ou cortar o fornecimento de armas e assistência financeira à Ucrânia, o que poderia enfraquecer a resistência ucraniana contra a invasão russa. 3 – Isolacionismo: Trump defende uma política de isolacionismo, o que significa que os EUA poderiam reduzir o seu envolvimento em alianças internacionais como a NATO, deixando os aliados europeus mais vulneráveis. 4 – Impunidade e Justiça: A eleição de Trump, mesmo após ser condenado em processos judiciais, levanta questões sobre a impunidade e pode servir de alerta para outros países sobre a importância de manter a integridade do sistema judicial. 5 – Impacto Económico: A vitória de Trump pode causar incertezas económicas, afetando mercados financeiros e setores específicos como energias renováveis e farmacêuticas, enquanto setores como criptomoedas e petróleo se podem beneficiar.

Voltamo-nos agora para o nosso País e também as coisas não estão famosas. O atual governo de Portugal liderado por Luis Montenegro, tomou posse em 2 de abril de 2024. É o XXIV Governo Constitucional de Portugal e foi nomeado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, com base nos resultados das eleições legislativas de 2024. É uma coligação liderada pela Aliança Democrática (AD), que inclui o Partido Social Democrata (PSD), o Centro Democrático e Social-Partido Popular (CDS-PP) e o Partido Popular Monárquico (PPM).

Os distúrbios em Lisboa começaram na madrugada de segunda-feira, 22 de outubro de 2024, após a morte de Odair Moniz que foi baleado pela PSP na Cova da Moura. Desde então houve várias noites consecutiva de tumultos em diferentes bairros da Grande Lisboa. A ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, envolveu-se num imbróglio em afirmações sobre o direito à greve na polícia, fazendo depois marcha atrás após “infelicidade”. 

O problema maior está com a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, com alegados casos de 11 vítimas mortais associadas aos atrasos no atendimento de emergência médica, face à greve dos técnicos do INEM. 

Mas para não ser tudo mau, no dia 11 de novembro, dia de São Martinho, começou a nova edição da Web Summit Lisboa, 16ª., com cerca de 2750 startups presentes e dezenas de oradores na FIL, no Parque das Nações. O tema deste ano é “Onde o futuro vai nascer” e terá como foco temas como a Inteligência Artificial, as alterações climáticas, entre outros.

Sobre a Covilhã quero referir alguns aniversários que se comemoram. Este espaço foi, excecionalmente, alongado em final de ano: os 50 anos que assinalam o Teatro das Beiras neste percurso cultural; os 70 anos do CCD Oriental de São Martinho; o centenário da Casa da Covilhã em Lisboa; e os 125 anos da fundação da Conferência de São Vicente de Paulo da Paróquia de Santa Maria.

Como este é o último número deste ano, formulo os melhores votos de um Feliz Natal aos prezados Camaradas Antigos Combatentes deste Núcleo e suas Famílias, e a todos os Associados, Leitores e Obreiros deste Jornal, assim como um Novo Ano repleto das maiores venturas.


João de Jesus Nunes

jjnunes6200@gmail.com

(In “O Combatente da Estrela”, nº. 137, DEZ/2024)


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