Não está no espírito deste
periódico tomar partido na defesa ou repúdio por qualquer força política, insurgir-se
na religião que qualquer um professe, ou no seu sentimentalismo desportivo.
Isto não coloca fora deste
contexto o pluralismo de opinião, numa vertente de bom senso, não podendo, de
forma alguma, ferir a suscetibilidade do cidadão comum.
Este texto, redigido antes de 1
de outubro, irá sair no Combatente da
Estrela já depois do ato eleitoral para as autárquicas consumado.
Espera-se, assim, que o vencedor
das eleições, para os vários órgãos autárquicos, venha defender acerrimamente o
nosso concelho, colocando-se, sem peias, ao serviço dos covilhanenses, quer de
raiz quer de coração, que escolheram esta terra para viver.
Compreendemos que não é fácil
resolver contendas, depois de lutas intestinas, sem haver a tolerância que se
deve impor, ainda que muitas vezes custa optar por ela face a arestas que ainda
é preciso limar devido a escárnios e humilhações que houve, mormente pela via
das redes sociais, chegando-se ao ponto de ofensas escusadas, e ao caricato de
encontramos uma linguagem desprovida de discernimento, onde até os erros
ortográficos, mormente no Facebook, são de bradar aos céus. Por aqui muitas
vezes se avalia como vai a cultura de certas pessoas bem-falantes.
Independente de pontos de vista
diferentes, como é normal em democracia, queremos que o vencedor destas
eleições venha a servir a Covilhã e seu Concelho, e que as oposições que venham
integrar-se na edilidade, se unam nos esforços por uma Covilhã mais próspera e
se eliminem aqueles traços de desunião, verdadeiramente perniciosos à vida do
Município, o que quer dizer, em flagrante delito com os interesses de todos
nós, munícipes.
É do Evangelho cristão aquela
frase de Jesus Cristo, segundo São João, capítulo 8, versículos 1 a 11, sobre a
mulher adúltera: “Aquele que não tiver pecado atire a primeira pedra”.
Portanto, esperemos que a nova
Câmara e as Juntas e Uniões de Freguesia do Concelho se unam num esforço para o
bem comum e se eliminem as guerrilhas até então existentes nalguns casos, como
já atrás referimos, mas não é demais repetir.
Todos são úteis – eleitos e
oposição –, respeitando os pontos de vista de cada um na defesa do coletivo e
não do individual.
Vem tão a propósito a introdução
no ensino, pelo governo português, da disciplina Cidadania e Desenvolvimento,
no âmbito da Estratégia Nacional para a Igualdade. Foi uma medida que este ano,
na fase piloto, vai abranger 235 escolas, mas no próximo ano letivo pretende-se
que seja alargada aos restantes estabelecimentos de ensino.
A Covilhã foi uma das cidades
escolhidas para esta fase piloto, através da Escola Quinta das Palmeiras, já
vista como “um exemplo”, pelo que, na manhã do dia 15 de setembro, estiveram
neste estabelecimento de ensino, na cerimónia de apresentação, os governantes
Eduardo Cabrita, ministro Adjunto; Tiago Brandão Rodrigues, Ministro da
Educação; e Catarina Marcelino, secretária de Estado para a Cidadania e
Igualdade; assim como o secretário de Estado da Educação, João Costa. Quiseram
assim “mostrar a importância de implementar uma estratégia que promova uma
sociedade mais justa, mais inclusiva e que rejeite a segregação e as
desigualdades de género”.
Bom, nesta fase inicial, a
disciplina começa a ser lecionada nos anos iniciais de cada ciclo de ensino, ou
sejam, o 1.º, o 5º, o 7º e o 10º ano dos estabelecimentos de ensino que
integram o Projeto de Autonomia e flexibilidade curricular. No caso do concelho
da Covilhã, o Agrupamento Pêro da Covilhã, a Escola Campos Melo e a Escola
Quinta das Palmeiras.
Segundo o governante Eduardo
Cabrita, a área da educação é decisiva, pela capacidade para chegar a todos,
“garantindo que a igualdade de oportunidades se desenvolve desde os primeiros
níveis de escolaridade”.
E Catarina Marcelino
manifestou-se no reforço da necessidade de nas escolas se passar para lá das
matérias tradicionalmente formais, para se evoluir para uma sociedade mais
democrática.
E assim serão tratados assuntos
como a igualdade do género, a interculturalidade, o desenvolvimento
sustentável, a educação ambiental e a saúde irão ser abordados em todos os
graus de ensino; bem como a participação democrática, literacia financeira e
educação para o consumo, sexualidade, media e segurança rodoviária. Num outro
grupo instituído remete para o empreendedorismo, mundo do trabalho, segurança,
defesa e paz, assim como bem-estar animal ou voluntariado.
A disciplina Cidadania e
Desenvolvimento é obrigatória.
Pretende-se assim apostar num
ensino de qualidade, visando também uma igualdade de oportunidades no plano
territorial. Considerar assim que o Interior, onde nos inserimos, não é um
espaço de assistencialismo nem de fatalismo, mas sim, segundo o Ministro da
Educação, “um espaço de excelência e de oportunidades”.
Assim esperemos que a Covilhã
possa sentir os benefícios da introdução da “Cidadania e Desenvolvimento”, no
nosso Ensino.
(In "O Combatente da Estrela", n.º 108, outubro/2017)
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