Oficialmente, a data comemorativa para a independência do
Brasil é de 7 de setembro de 1822. Foi neste dia que ocorreu o evento conhecido
como o Grito do Ipiranga, nas margens do riacho Ipiranga, atualmente na
cidade de São Paulo.
Em 12 de outubro de 1822, o
príncipe herdeiro de Portugal foi aclamado D. Pedro I, Imperador do Brasil,
sendo coroado e consagrado no 1º de dezembro desse ano. O país passou então a
ser conhecido como o Império do Brasil.
Entretanto, em Portugal, chegaria
a governar cumulativamente, com a designação de D. Pedro IV.
Recordemos que a partir de 15 de
julho de 1799, o então Príncipe do Brasil (pai deste D. Pedro), D. João Maria
de Bragança (mais tarde D. João VI), tornou-se príncipe-regente de Portugal,
pois sua mãe, a rainha D. Maria I, foi declarada louca pelos médicos. Os
acontecimentos na Europa, onde Napoleão Bonaparte se afirmava, sucederam-se
cada vez mais repentinamente.
Numa retrospetiva muito alongada,
direcionada para o ano da descoberta do Brasil, no redondo 1500, muitas
estórias da história brasileira se passaram até aos dias de hoje, entre tristes
e ledas madrugadas, e entre ventos e marés que viriam a acontecer neste grande
país do hemisfério sul do Planeta.
Não escondo o prazer da narrativa
daquele verão de 1500, na visão do Paraíso, que João Paulo Oliveira e Costa nos
traz no seu livro Episódios da Monarquia Portuguesa, em que uma pequena
caravela entrou no Tejo sem despertar a curiosidade dos espiões que enxameavam
por Lisboa. Tampouco a administração régia deixou testemunho da chegada de
Gaspar de Lemos a Lisboa depois de ter participado na descoberta da Terra de
Vera Cruz. Só volvidos alguns meses quando os navios sobreviventes da armada da
Pedro Álvares Cabral regressaram da Índia, se soube do achamento de novas
terras no Sudoeste do mar Oceano.
Pela pena do navegador Pero Vaz
de Caminha, um dos escrivães da armada, o rei de Portugal – D. Manuel I –
“pudera espreitar o Paraíso: uma terra de temperatura amena e de clima benigno,
vegetação luxuriante e animais estranhos, que era habitada por gente nua que
parecia viver na inocência de Adão e Eva. Andam nus sem nenhuma cobertura; nem
estimam nenhuma cousa cobrir, nem mostrar suas vergonhas, e estão acerca disso
com tanta inocência como têm em mostrar o rosto”
E Pero Vaz de Caminha “ia mais
longe ao testemunhar que a inocência daquela gente era contagiável, pois
andavam entre eles três ou quatro moças bem moças e bem gentis, com cabelos
muito pretos compridos pelas espáduas, e suas vergonhas (a púbis) tão altas e
tão cerradinhas, e tão limpas das cabeleiras que nós de muito as bem olharmos
não tínhamos nenhuma vergonha”. E aquela gente inocente tinha assistido
sossegadamente à celebração da missa, pelo que o escrivão Caminha estava
convicto que deixando eles ali dois degredados, el-rei devia enviar clérigo nos
próximos navios “para os batizar porque já então terão mais conhecimento da
nossa Fé que dous degredados”.
Segundo Renato Epifânio,
presidente do Movimento Internacional Lusófono e professor universitário,
“podemos dizer que Portugal não descobriu o Brasil – pela simples mas
suficiente razão de que o Brasil não existia antes de os portugueses lá terem
chegado. Muito mais do que isso devemos dizer que Portugal criou o Brasil – no
plano linguístico, cultural e civilizacional –, naturalmente que com o
contributo das comunidades indígenas e de todas as outras comunidades que,
século após século, fizeram do Brasil o seu país. Custa pois, duzentos anos
após a independência do Brasil, ouvir ainda algumas vozes a não reconhecerem a
matriz lusófona deste imenso país. Sendo que, duzentos anos após a sua
independência, a responsabilidade pelo estado do Brasil é, toda ela, dos
brasileiros”.
No próximo dia 2 de outubro, esperemos
que, mais uma vez, se vá virar uma nova página da história do Brasil, com as
eleições presidenciais, onde vão estar onze candidatos, cujas sondagens mais
recentes apontam a disputa entre Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da
Silva (PT).
João
de Jesus Nunes
(In “O Olhanense”, de 01-10-2022)
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