A caminho do equinócio da primavera, a ocorrer às 21 h e 24 m do dia 20 de março, segundo consta no Borda d’Água, ocorreu-me plagiar o título do programa semanal na RTP, entre 1969 e 1975, do prof. Vitorino Nemésio. Durante cerca de meia hora, em horário nobre, os portugueses, encantados, deixavam o prof. abrir-lhes as fronteiras da cultura e do conhecimento.
Dou o título “SE BEM ME LEMBRO II”, porquanto,
em 24 de janeiro de 2008, no Notícias da Covilhã, foi publicada uma
minha crónica, também com este título, da qual respigo, por envolver o final do
meu serviço militar obrigatório, o que segue:
“Em 1971 já eu estava farto de
tropa obrigatória e chegava o finalmente. O adeus ao Regimento de Infantaria da
Guarda. Num sopro de alegria, vai de fintar a hierarquia militar. Um segredo
aos três colaboradores diretos, para marcar o meu último serviço na unidade
militar: os dois Soldados, da Guarda, e o 1.º Cabo, de Lamego, saíram para a
rua, em pontos estratégicos, com as botas engraxadas e os distintivos do
fardamento a brilhar. Nos locais combinados (O Caçador, Cine-Teatro e Café do
Bonfim), o meu ordenança, do Tortosendo, ficava surpreso quando lhe pedia para
anotar os números mecanográficos dos ditos cujos: ‘O que é que vai fazer aos
gajos?’. Sem saber do que se passava, só ficou dissipado das suas interrogações
quando saiu a ordem de serviço: ‘Foram louvados os soldados fulano e
sicrano, e o 1º cabo beltrano, por terem sido abordados pela ronda desta
Unidade, devidamente ataviados, numa apresentação que se evidenciavam dos
demais militares desta Unidade, sendo um exemplo a seguir’. No final, dos
três militares, um ‘Felicidade meu Furriel’”.
Na minha vida profissional,
aquando duma reunião de dois dias em Coimbra, nos primórdios após a Revolução
do 25 de Abril, encontrava-me no hotel, à noite, quando deparo com uma pequena
revista deixada no quarto, onde surgia em forma interrogatória, sugerindo
concordância, e com muita esperança, o surgimento duma moeda única europeia – o
ECU. Pensei cá para os meus botões: “Devem andar malucos”. O que é certo e
verdade é que, na evolução dos tempos, esta unidade monetária europeia, criada
em 13 de março de 1979, correspondente à média ponderada de 12 moedas da então
Comunidade Europeia, utilizada inicialmente apenas em transações comerciais e
financeiras, foi substituída pelo EURO em 1 de janeiro de 1999. Foram sete as
moedas da Europa que foram aposentadas por causa do euro (Marco alemão, Franco
francês, Florim Neerlandês, Dracma Grega, Lira italiana, Peseta espanhola e o
Escudo português). Bom, muito haveria a falar, se até já existem as
criptomoedas, ou seja, qualquer forma de moeda que existe digital ou
virtualmente e usa a criptografia para a realização de transações. Fundada em
2009, o Bitcoin foi a primeira criptomoeda e continua a ser a mais negociada.
E agora é o ChatGPT, um programa
informático acessível a toda a gente, e com a apetência dos jovens pelo mundo
das tecnologias onde já há muitos milhões por esse mundo fora a utilizá-lo.
Desenvolvido por uma empresa do multimilionário Elon Musk, o ChatGPT é o último
de uma série de programas informáticos, com capacidade para dar respostas
claras e bem informadas a todo o tipo de perguntas. Não é um simples motor de
busca. O programa tem acesso aos milhões de textos publicados na Internet e
consegue elaborar textos que respondem a todo o género de questões.
Mas não vou alongar-me mais no
mundo evolutivo, onde a tecnologia e a inteligência artificial se impõem.
Portugal é um pequeno país com
uma população equivalente à de muitas cidades do mundo. No entanto, é sempre
difícil atrair pessoas para fora dos grandes centros urbanos. E quando se fala
no interior, então é de coçar a cabeça. Ao longo da história sempre se destacou
o êxodo rural à procura de uma vida melhor, sobretudo a partir da década de 50.
“Se outrora Portugal era um país essencialmente agrícola, hoje é uma nação de
serviços”, conforme refere Rosália Amorim, in Público. “Os baixos rendimentos, mas também a fraca
saúde e educação, fizeram com que muitos se deslocassem para as urbes. E nada
mudou durante o século XXI”. E “A dureza dos números da desertificação prova que
às autarquias não basta construírem gimnodesportivos, repuxos e rotundas. O
interior ainda não deu o salto qualitativo que o torne realmente atrativo e que
lhe dê a capacidade de segurar os mais jovens, talentosos e letrados. Mais
empregos, melhor saúde e educação, precisam-se.”
Entretanto, na Covilhã podemos
contar com uma das melhores universidades do país e do mundo – a Universidade
da Beira Interior (UBI) e uma excelente unidade hospitalar – o Centro
Hospitalar Universitário Cova da Beira (CHUCB).
Por último, há que salientar a
apresentação do livro “Macau – Um homem dois
olhares – Razões de uma Descolonização exemplar”, pelo seu autor, o Presidente
da Liga dos Combatentes, Tenente-General Chito Rodrigues, ocorrido no dia 13 de
janeiro na Biblioteca Municipal de Castelo Branco. Refira-se que o TG Joaquim
Chito Rodrigues é albicastrense e antigo aluno do Liceu Nacional Nuno Álvares,
onde foi colega do poeta António Salvado, que fez algumas considerações sobre o
livro. Dos semanários albicastrenses “Reconquista” (R) e “Gazeta do Interior” (GI)
extraio alguns registos: “Militar que ajudou a abrir caminho a uma
descolonização exemplar. Macau – Chito Rodrigues desempenhou funções no
território entre 1975 e 1978 e diz que é o exemplo ‘da forma portuguesa de
estar no mundo’. Em Macau, Joaquim Chito Rodrigues, o militar natural de
Castelo Branco, então à beira dos 40 anos, chegou ao território cerca de um mês
depois de Portugal reconhecer o governo da República Popular da China.
Desempenhou aqui as funções de chefe do Estado-Maior do Comando do Chefe,
comandante das Forças de Segurança, mas também Governador de Macau em
exercício. Em 1999, vinte e três anos depois de a bandeira portuguesa ter sido
arriada, Chito Rodrigues olha para Macau como um exemplo ‘da forma portuguesa de estar
no mundo’. ” (R). A carreira do general Chito Rodrigues é de originalidade
única. Foi o melhor aluno da Academia Militar. A sua carreira foi também
marcada por vários teatros de guerra nos territórios portugueses. Mas, a
personalidade do General Chito Rodrigues reveste-se ainda mais de variadas
facetas, pois foi diplomata, enquanto adido militar em várias embaixadas,
doutorou-se numa universidade brasileira, foi articulista de ideias, bem como
escritor, e preside à Liga dos Combatentes; foi poeta, tendo um livro
publicado; e também é campeão olímpico de esgrima. Muito próximo do general
Rocha Vieira, o general Chito Rodrigues assistiu a todas as peripécias que
envolveram ao ato de entrega do território de Macau” (GI).
João de Jesus Nunes
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