Não, não se trata de falar do
filme romântico e histórico com este título, de 1939, um dos mais conhecidos da
história do cinema. Amor e ódio foi o que envolveu uma das principais
personagens – Scarlett O’Hara, jovem mulher duramente atingida pela guerra,
numa relação com um charmoso aventureiro. Quanto ao filme ficamos por aqui.
Do meu artigo de 4 de maio, sobre
“Amigos em Castelo Branco”, houve reflexos interessantes que chegaram até mim.
São reminiscências dum passado que o vento levou.
Voltei à carga com dois desses
amigos – o João José Dias Tomás e o Luís Vicente Barroso, residentes em Castelo
Branco, mas que na minha intromissão telefónica foi encontrar o Luís na sua
aldeia, na Fonte Longa, para me darem notícias sobre pessoas e instituições com
quem eu contatava nas décadas de 70 e 80 do século passado. Foi de certo modo
confrangedor verificar que muitos deles já partiram ainda cedo, como o Joaquim
Sobreira, de Cebolais de Cima, que foi motorista da edilidade albicastrense e
tocava acordéon; e o Jorge Manuel Torrado Valente, ligado aos automóveis.
Ainda no meu tempo ativo havia perdido,
precocemente, um antigo Colega e amigo, o albicastrense José Beato Ferreira.
Neste dia em que escrevo estas
linhas, e rebusco informações doutrora, com o sol a brilhar mais alto sobre a
montanha, e o calor a fazer-nos sonhar com oc caminhos idílicos do nosso País,
recordo as grandes temperaturas na cidade albicastrense, que dificultava andar
a pé, mas a força de uma atividade profissional assim nos obrigava.
Afinal, a empresa J. Valente
& Irmãos, Comércio e Indústria, S.A. ainda existe, e no mesmo local. Dela
recordo o sócio Ricardo Valente, que faleceu de acidente automóvel, no regresso
da Covilhã, onde tinham um stand Ford. Seu filho, economista, Dr. Luís Filipe
Valente, com quem tratei vários assuntos ligados à minha atividade
profissional, incluindo quando se encontrava a estudar na Bélgica, também já
partiu. Desconheço o paradeiro de seu irmão, Nuno Valente.
Artur Valente estava ligado à
venda dos automóveis, sendo que, no lugar do falecido Ricardo Valente, assumiu
as funções de gestão, Rafael Valente. Esta família dos Valentes era grande, e,
por isso, ali conheci um idoso, simpático, Isidro Valente, e também o Dr.
Manuel Valente que, nalgumas conversas me dizia, sorridentemente, face a tantos
funcionários que por ali passaram: “Aqui foi e é uma autêntica escola de vida”.
Algumas vezes acontecia, quando
eu já estava de regresso à Covilhã, ter de voltar para trás, porque o Eng.º
José Maria Valente necessitava de segurar tantas arrobas de cortiça abadia e outras
tantas de nacional. São memórias que perduram.
Surgiria então uma grande empresa
de iogurtes, em 1979 – a “Iophil – Produtora de Iogurtes, S.A.”, criada pela
família Gomes Filipe, na altura retornados da antiga colónia de Moçambique, mas
naturais da aldeia de Paradanta, freguesia de São Vicente da Beira, no concelho
de Castelo Branco. Esta foi a primeira empresa a instalar-se na primitiva zona
industrial de Castelo Branco, quando tudo aquilo não passava de um enorme
descampado nos arredores da cidade. Por curiosidade, houve anos depois outra
grande empresa de Castelo Branco – a Centauro – à qual fiz referência na minha
anterior crónica, que partiu também de um retornado de Angola.
Foi com um grande espírito
empreendedor, dedicação e empenho dos seus fundadores, e a simpatia do
administrador Luís Filipe Gomes, que conseguiram pôr de pé a empresa Iophil e
fazê-la crescer. Chegou a atingir, em poucos anos, mais de uma centena de
postos de trabalho. A marca Iophil começou a singrar no mercado nacional. Em
1989, a Danone adquiriu 70% do capital da Iophil, chegando aos 85% em 1991. Ampliou
a fábrica em Castelo Branco, com o lançamento de novos produtos para, em 1994
atingir a liderança do mercado nacional de produtos lácteos. Em 2013 a Danone
vendeu a sua atividade industrial da fábrica de Castelo Branco à empresa
americana Schreiber Foods.
Ainda como Iophil, a empresa teve
uma grande atividade recreativa, para além do apoio financeiro que a própria
Iophil/Danone deu ao longo dos anos no patrocínio a equipas desportivas da
cidade e também ao Sporting Clube da Covilhã.
João de Jesus Nunes
(In “Reconquista”, de 13-07-2023)
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