Começo por me referir ao editorial de Joaquim Chito Rodrigues,
Tenente-general e Presidente da Liga dos Combatentes, na última revista
“Combatente”, de que é o seu diretor, edição 404 de junho de 2023. No seu
historial sobre as missões de paz em tempo de guerra, regista a data consagrada
de 29 de maio do ano em curso, na homenagem “aos que ao serviço da ONU, da UE e
da OTAN se sacrificaram e sacrificam para que a Paz no mundo procure ser uma
realidade”. Três fatores se destacam neste contexto da sua intervenção: “Dia
dos Combatentes das Forças Armadas e das Forças de Segurança, em forças
nacionais destacadas, ao serviço da Paz. Ano em que celebramos o 75º.
Aniversário da primeira Operação de Paz da ONU, em 1948, na guerra israelo-árabe
e o 35º aniversário da atribuição do Prémio Nobel da Paz à ONU”.
A ONU, surgida após a segunda guerra mundial, tem hoje 128 países
interessados nesta missão, cerca de 123.000 pessoas servindo nesta causa e um
orçamento que ronda os sete mil milhões de dólares.
Também não podia deixar de me referir ao grandioso evento que se realizou
em Portugal, de 1 a 6 de agosto – As Jornadas Mundiais da Juventude – com dois
locais em destaque: Parque Eduardo VII (Missa de Abertura, Festa de Receção ao
Papa Francisco e Via Sacra) e o Parque Tejo (Vigília e Missa de Envio),
contando com 1,5 milhão de pessoas, jamais visto em Portugal, e irrepetível,
segundo as palavras do Presidente de República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Depois de muito do que se falou sobre os abusos sexuais no seio da
Igreja, das controvérsias relativamente às opções da vivência entre pessoas do
mesmo sexo, e outras que dispenso de enumerar, algumas francamente injustas,
outras nem tanto, na minha opinião, surge o discurso do Papa Francisco, para
aquela multidão de jovens, e não só, de todo o Mundo, numa intervenção perante
500 mil pessoas, afirmando com grande vigor que a Igreja tem lugar para
“todos”, sem exceção. E pediu a cada jovem que seja o protagonista da sua vida.
Foi um discurso marcado por um grande improviso e desvios em relação ao
texto que tinha sido preparado – e marcado por uma frase: “Igreja de todos,
todos, todos!”. Voltou assim a defender uma Igreja de braços abertos.
O Papa Francisco apareceu rejuvenescido e revigorado pelo contágio de
entusiasmo dos jovens que, juntamente com os seus pastores e educadores,
chegaram a Portugal vindos de todas as partes do mundo.
Interessante a parte do jornal digital Vatican News que passo a
reportar: “Num tempo em que todos comentam e ninguém escuta, numa época em que
tantos procuram aparentar o que não são, não há mensagem mais atraente e
revolucionária: Alguém nos ama assim como somos, perdoa-nos sempre, está ali à
espera de braços abertos, vai à nossa frente disposto a nos cobrir de
misericórdia. É a lógica nada humana e inteiramente divina que aprendemos com o
episódio do Evangelho de Zaqueu, o pecador publicano mal visto por todos na
cidade de Jericó que, curioso em relação ao profeta nazareno, sobe para um
sicómoro e meio escondido entre as folhas o espera passar. Mas Jesus a olhar
primeiro para ele, ama-o primeiro, se auto convida para ir a sua casa,
independentemente dos comentários escandalizados dos presentes. Na Igreja há
lugar para todos, assim como houve lugar para o publicano Zaqueu que teve o
privilégio de receber o Nazareno na sua própria casa, à sua mesa.
Gosto de contar este episódio, pois já por
duas vezes estive em Jericó.
Pegando neste tema, ocorre-me um assunto no
seio dos Antigos Combatentes, que reputo de injusto e que já apresentei no
Jornal “O Combatente da Estrela”, nº. 129, de dezembro de 2022, sob o título
“Do Meu Ponto de Vista”. Refere-se à injustiça, na minha opinião, resultante da
alteração inserida no Estatuto do Antigo Combatente em que deixaram de ser
considerados nesta situação os militares que prestaram serviço fora da Guiné,
Angola e Moçambique, salvo raras exceções.
Também, como o Papa Francisco, eu aqui exorto
a que todos os que se consideram lesados insistam na reivindicação: “Todos,
todos, todos!”.
João de Jesus Nunes
(In “O Combatente da Estrela”, 132, OUT/2023)
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