19 de outubro de 2023

PETAS DE ALGUNS DOS NOSSOS POLÍTICOS

 


Não penso no tempo que remanesce da minha vivência neste planeta, não obstante reconhecer já ter atingido, ou estar próximo, da média de duração da nossa existência.

Apesar de terem sido cumpridas as obrigações profissionais que abraçámos, com mais ou menos fulgor, jamais conseguimos parar de fazer algo mais (na generalidade dos casos), quer em atividades de solidariedade social ou no âmbito da cultura, quer mesmo nos pequenos trabalhos agrícolas, em espaços dos próprios ou de familiares e amigos. Quer ainda na religiosidade ou no associativismo. Há assim variadíssimas situações, num ambiente de gratidão à Vida.

Outra gratificante forma de continuidade dum desejável tempo longevo (que aberração esta da longevidade na Terra, em relação à Eternidade) é o que se dedica aos filhos e aos netos, que poderão ser os portadores do nosso espelho a sorrir pela Vida, para quem as oportunidades lhes surgiram.

Pois é, de manhã, ao acordar e olhar o dia que aí vem, chegamos ao ponto de ver que não há tempo para tudo o que tínhamos para fazer, e, como em generalíssimos casos, na vertente de quem já se encontra nas suas férias vitalícias, apesar da sua constatação, aceitamos mais isto e aquilo: um encontro, uma reunião, uma visita, uma videochamada. Acontece, por vezes, que, ao fim do dia, nem nos lembramos das caras com quem estivemos, não saboreámos os momentos bons ou refletimos sobre os pouco agradáveis.

Já corremos, ou ainda o fazemos, apressadamente atrás do sucesso, do trabalho, da carreira, do ter. Corremos, ainda, apressadamente para as redes sociais, para os likes, para os amigos virtuais, tornando-nos cúmplices, por vezes, duma vida cheia de nada, de tentação e perdição, que rouba o tempo.

Mas vamos aos assuntos em título, e comecemos pelos que envolvem casos mais prementes, como é o da habitação. Segundo Ana Sá Lopes, in Público, “Costa ficou entusiasmado por conseguir ‘melindrar’ o Presidente da República e foi inebriado pela sua ‘habilidade’ política que apareceu eufórico, deliciado, em ponto de rebuçado narcísico, dizendo o impensável: o Governo fartou-se de trabalhar para que os portugueses tenham habitação condigna. Afinal, os cidadãos que tentam alugar (ou comprar) uma casa nos maiores centros urbanos é que estão a ver mal   as coisas: o Governo desde 2015 não faz outra coisa do que resolver o problema da habitação, construir casas e mais umas coisas alienígenas”. O que é certo e verdade é que o problema da habitação persiste. António Costa informou que vêm aí 17 mil casas a caminho e não as 26 mil que prometeu. Segundo a aludida jornalista, sobre a habitação, Costa “prometeu o céu várias vezes desde 2015 e as pessoas (principalmente nos grandes centros urbanos) vivem no inferno”. Entretanto, o programa Mais Habitação tem várias medidas positivas. Vamos aguardar o que vai sair do OE que vai ser apresentado.

Saltamos agora para as eleições na Madeira, onde o presidente do PSD Madeira e do Governo Regional, Miguel Albuquerque, anunciou perentoriamente que se demita se não tivesse maioria absoluta. Aqui funcionou em pleno a patranha. Ganhou sem maioria absoluta, e, contrariamente ao que havia dito, não se demitiu e formou novo Governo madeirense, coligado com o PAN.

Voltamos uns anos atrás e temos aí Cavaco Silva, então como Presidente da República, a garantir que os portugueses podiam confiar no Banco Espírito Santo (BES), treze dias antes da queda deste mesmo Banco. Corria o ano de 2014. Pois é, Vitor Bento, que substituiu o líder histórico Ricardo Salgado, disse a 14 de julho desse ano, dia em que entrou em funções, que a prioridade no banco é reconquistar a confiança dos mercados e pôr fim à especulação. O Banco de Portugal já veio várias vezes a público garantir a solidez financeira do BES e o então Primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, tranquilizava também os depositantes do banco. O certo e verdade é que o banco caiu e Ricardo Salgado encontra-se ainda a contas com a justiça, para julgamento, o qual tem tentado esquivar-se por vários meios.

Encheria páginas deste quinzenário, ou de outra publicação, se fossemos mencionar muitos casos gritantes de petas políticas. Não quero, contudo, deixar de memorizar a célebre data de 2 de julho de 2013 respeitante à demissão “irrevogável” de Paulo Portas (PP) de ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros do Governo de Passos Coelho. Naquela patranhada que homens de palavra alguma vez tomariam, acabaria por se ver PP a dar uma machadada fatal no “irrevogável” da demissão.

Muito mais haveria para lembrar, mas não quero deixar de registar as contínuas petas do atual Governo perante a não eliminação das portagens na A23 e A25, com contínuos adiamentos, passando tão só por algumas reduções, deixando a Plataforma P’la Reposição das Scut na A 23 e A25 enraivecidas face ao incumprimento da palavra dada.

E por aqui ficamos. Até à próxima.

 

João de Jesus Nunes

jjnunes6200@gmail.com

(In “O Olhanense”, de 15-10-2023)

 


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