No que concerne à Cidade de
Olhão está na minha memória desde longa data pela história e pela
geografia. Vem já dos tempos da Primária, hoje Ensino Básico, quando
empinávamos os nomes dos rios e seus afluentes, das serras e seus sistemas de
montanhas (Galaico-Duriense, Lusitano-Castelhano, Toledano e Mariânico), e
também dos caminhos de ferro. Nos então exames de admissão aos liceus e escolas
industriais e comerciais, o examinador, que era sempre professor do ensino
secundário, de quando em vez, fazia a pergunta: “Diga-me lá, se quisesse ir de
comboio daqui (Covilhã), para Vila Real de Santo António, quais as linhas
ferroviárias que teria de apanhar?”. E o menino ou menina, bem vestidos, ele com fatinho novo a condizer para o exame (a
Covilhã geralmente não tinha grande problema porque era a terra dos lanifícios
e, na altura, vendiam-se muitos tecidos ao metro, para que o alfaiate se
encarregasse de o fazer à medida); e um vestido novo, que fosse bonito, que a costureira fazia com ou sem
folhos, para a menina que queria entrar no Liceu (ao tempo, o Ciclo
Preparatório era iniciado nos estabelecimentos do Ensino Secundário); lá se
voltava para o velho mapa de Portugal. Com o ponteiro que o examinador lhes
colocava na mão, iam referindo os caminhos ferroviários (por vezes de faces
coradas quando a atrapalhação surgia, noutras, com um à vontade, descontraídos,
com as linhas férreas decoradas debaixo da língua, como se de comboios já
viajassem muito). Daqui, na linha da Beira Baixa, vou até Lisboa - Santa
Apolónia (ainda não havia a do Oriente). No cais do Terreiro do Paço apanho um
barco para o Barreiro. Sigo esta linha e vou entrar na Linha do Sul: Barreiro,
Pinhal Novo, Torre da Gafanha, Casa Branca, Tunes, Faro, Olhão, Tavira, Vila Real de Santo António.
Se a Covilhã foi sempre
conhecida pela Cidade dos Lanifícios (hoje também Cidade Universitária), Olhão era a Cidade das Pescas.
Curiosamente, vi num Manual Encyclopédico para as Escolas de Instrucção Primária,
do ano 1879, que possuo na minha biblioteca, nessa altura tinha 21 Distritos
Administrativos, segundo o Diário do Governo de 16 de maio de 1877, contava
apenas com 4.429.332 habitantes, e, dizia que, junta às Províncias Ultramarinas
excedia os 6 milhões de almas. E, entre as principais povoações, desse tempo,
já passados 144 anos nos dias de hoje, referiam-se “Outras povoações há no
Algarve dignas de serem mencionadas, a saber: Albufeira, Aljezur, Castro Marim,
Loulé, Monchique, Olhão, Vila Nova
de Portimão, Vila Real de Santo António, etc.”.
Mas a Cidade de Olhão ficar-me-ia ainda carinhosamente na minha memória
quando, naquele sábado de 25 de maio de 1968, me sentei num daqueles bancos
junto ao correio, cuja foto incluo desse tempo, e escrevi num postal ilustrado
adquirido naquela estação dos CTT (ainda se encontravam abertos aos sábados e
também aos domingos da parte da manhã), à minha namorada com quem viria a
casar, perdurando até aos dias de hoje. Encontrava-me então a prestar serviço
militar no CISMI – Centro de Instrução de Sargentos Milicianos de Infantaria,
em Tavira.
Clube de Olhão – o Sporting Olhanense – Como referi no
número de 1 de novembro, uma nota importante fez vincar o meu afeto pelo clube
algarvio, depois de acompanhar todos os clubes das I, II e III Divisões Nacionais,
pelos jornais, na Biblioteca Municipal, mormente O Comércio do Porto. E foi
o último encontro entre o Sporting da Covilhã e o Sporting Olhanense, encontrando-se
ambos na então I Divisão, na época 1961/62, com o Olhanense regressado ao
convívio dos grandes e os covilhanenses a descerem de divisão depois de muitas
contrariedades havidas, nomeadamente com as arbitragens, que na simpatia dos
homens de Olhão reforçou o meu apreço pelos algarvios.
Jornal O Olhanense – Jamais
pensaria vir a colaborar há mais de um quarto de século com este periódico de
grande prestígio. Não conhecia o quinzenário, tendo ele surgido fruto das
minhas pesquisas para a publicação do então meu segundo livro (de quatro) sobre
o Sporting da Covilhã. Foi um então amigo, já falecido, Augusto Ramos Teixeira,
que me informou, depois de o ter questionado, numa altura em que ele me
indicava alguns antigos atletas que passaram pelo Olhanense e se transferiram
para o Sporting da Covilhã. Vim então a entrar em contatos frequentes com o diretor
do jornal da altura, Herculano Valente, que nunca conheci pessoalmente, como
acontece com o atual diretor, amigo Mário Proença. As únicas personalidades do
Olhanense que conheci pessoalmente foram o anterior diretor, Isidoro Silva
Sousa, então presidente da direção do Olhanense, assim como a esposa, num
jantar convite das comemorações do clube serrano, e, de igual modo, Manuel
Cajuda. Ainda vim a conhecer num encontro de futebol, na Covilhã, entre os dois
Clubes, para o campeonato Nacional da II Divisão, o Sr. Júlio Favinha.
Quando pensava terminar a
minha colaborar com este periódico, após o falecimento de Herculano Valente,
mão amiga do atual diretor, incentivou-me a continuar e não é que, com ele,
este periódico tornou-se um jornal de referência, desconhecendo a sua posição a
nível nacional, mas, nos seus 60 anos de vida fica bem à frente de muitos
outros, nomeadamente desta região beirã, certamente com mais apoios que o
quinzenário O Olhanense, a viver horas difíceis.
Sobre o último número, quero
informar que do suplemento “A Voz de
Olhão”, o texto “O Mendigo”, de Mário Proença, serviu para uma reflexão
numa reunião da Conferência de São Vicente de Paulo – Paróquia de Nossa Senhora
da Conceição da Covilhã, com muito agrado.
Já a crónica de João Peres, “Assim
vai este mundo doentio – Crónica ao sabor da caneta...” está espetacular.
Parabéns a ambos.
Deixo, para vossa apreciação, os periódicos regionais da Beira Interior, numa
comparação com o quinzenário O Olhanense, a saber:
- Correio de Unhais – Unhais da
Serra
Periódico mensal. ANO XXXIV,
Nº. 348 – Outubro 2023 - 16 páginas
Tem editorial e 8 crónicas,
correspondente a 9 autores diferentes.
- Jornal Fórum Covilhã
Periódico semanal – ANO XI,
Nº. 585 – 18-10-2023 – 24 páginas
Tem editorial e 5 crónicas,
correspondente a 6 autores diferentes, para além de variadíssima informação e
reportagens.
- notícias da Covilhã – gratuito
Periódico semanal, renascido
do anterior e mais antigo semanário da Beira Interior, mas que nada tem a ver
com o anterior, a não ser o aproveitamento da sua antiguidade. ANO 110 – Nº.
5294 – 19-10-2023 – 24 páginas
Tem editorial e 3 crónicas, de
4 autores.
- Jornal do Fundão
Periódico semanal – ANO 77 –
Nº. 4027 – 19-10-2023 – 24 páginas
Tem editorial e 2 crónicas, de
2 autores
- A Guarda
Periódico semanal – ANO 119 –
Nº. 5905 – 19-10-2023 – 20 páginas
Neste número não teve
editorial mas sim 3 crónicas de três autores diferentes.
- Gazeta do Interior – Castelo
Branco
Periódico semanal – ANO XXXIV
– Nº 1814 – 18-10-2023 – 16 páginas
Tem editorial mais 3 crónicas
de autores diferentes.
- Reconquista – Castelo Branco
Periódico semanal – Edição
4049 – ANO 77 – 19-10-2023 – 32 páginas
Tem editorial mais 4 crónicas,
de 5 autores
- O Olhanense
Periódico quinzenal, fundado
em 1963 (60 anos) – Nº 1307 – 15-10-2023 – 28 páginas
Tem editorial e 12 crónicas de 10 autores
João de Jesus Nunes
(In “O Olhanense”, de 01-12-2023)
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