17 de novembro de 2011

MALOGRADA GLÓRIA DO SPORTING DA COVILHÃ – FRANCISCO MANTEIGUEIRO

Francisco Pinto Manteigueiro

Foi a sepultar na sua terra natal, no dia de S. Martinho, o covilhanense Francisco Pinto Manteigueiro, de 78 anos, velha glória do Sporting Clube da Covilhã (SCC).
Acometido de doença, há já algum tempo, em Elvas, onde vivia há vinte e cindo anos, veio a deixar de ter a sua presença amiga, entre nós. Era encontrado, várias vezes, nos eventos da colectividade serrana, e mormente tendo como origem as boas memórias da sua passagem pelo clube serrano. Representou o mesmo durante muitos anos, duma forma quão alegre como aguerrida, deixando marcas vincadas do seu real valor de atleta de excelência.


Iniciou-se no futebol num clube da então FNAT (hoje Inatel) – o extinto Estrela de S. Pedro, da Covilhã.

Em 1951 inscreveu-se nos juniores do SCC, tendo efectuado um único jogo. Dando de imediato nas vistas, no ano seguinte jogou logo na primeira equipa.

Com vinte anos ganhou um lugar na equipa principal do SCC, então na Primeira Divisão Nacional, emparceirando com atletas de renome, nomeadamente os irmãos Cavem (o Domiciano iria para o Benfica), Cabrita, Carlos Ferreira, Simony, Martin, Nicolau e Lanzinha.

E, assim, nas épocas áureas do SCC na I Divisão Nacional, desde 1953/54 a 1961/62, não deixou de ser escolhido para integrar as equipas principais, inclusive, participou na Final da Taça de Portugal, com o Benfica, em 02-06-1957, sendo um dos esteios da sua equipa.

Depois, seria ainda Campeão Nacional da II Divisão Nacional, na época 1957/58, e uma das suas pedras basilares, a par de Cabrita, Suarez, Rita, e outros.

Marcou 16 golos durante a I Divisão, não obstante ter grandes goleadores como seus parceiros, nomeadamente Simonyi. Domiciano Cavem e Suarez, mas, já na fase derradeira do SCC na I Divisão Nacional, Francisco Manteigueiro ainda ajudaria a sua equipa com golos, sendo o melhor marcador, com seis, na época 1960/61.

Veio depois a dar um grande contributo na II Divisão Nacional, jogando então com colegas mais novos, a quem terá incutido a sua garra e o seu exemplo, nomeadamente ao grande goleador, durante vários anos, do clube serrano – Fazenda.

Para além da final da Taça de Portugal, já referida, integrou quase todas as equipas nos jogos da Taça, desde a época de 1954/55 a 1969/70, tendo marcado alguns golos, como o do empate, a uma bola, contra o F C Porto, no Estádio Santos Pinto, no dia 27 de Março de 1960.

Foi pretendido pelos chamados clubes grandes do futebol nacional, com os quais não chegaria a acordo. Chegou a ser-lhe prometida a internacionalização pelo seleccionador Dr. Tavares da Silva, que, entretanto, falecera.

Terminou a sua carreira de atleta, sempre ao serviço do SCC, em 1972, após 21 anos de envergar a sua camisola, pela qual sempre teve grande amor.

Manteigueiro é o último, de pé curvado

A sua acção teve papel influente no comportamento da equipa. E, com todo este grande empenhamento, duma carreira brilhante, onde conheceu bons e maus momentos com a única camisola verde-branca, não teve qualquer festa de homenagem, depois de muitos anos de bons serviços, logo após terminar a carreira, ao contrário do que aconteceu com alguns dos seus colegas.

Mas, não obstante este injusto esquecimento, Francisco Manteigueiro ainda serviu o SCC como treinador e dirigente, em vários mandatos, sempre de semblante alegre, como lhe era peculiar.

Viria ainda a treinar o Desportivo de Castelo Branco, o Belmonte, Teixosense, Benfica e Castelo Branco, Benfica do Tortosendo, Unhais da Serra e Associação Desportiva da Guarda.

Esteve também envolvido na vida autárquica e associativa, onde sempre granjeou muitos amigos..

Manteigueiro e Marcelino numa festa da APAE de homenagem

Manteigueiro e Lanzinha numa homenagem do SCC

O seu funeral, apesar de sentido pelos seus bons amigos e alguns colegas do futebol serrano, que marcaram presença – Pires, Lanzinha, Fazenda e Prata – e também duma voz do Brasil, que ocasionalmente foi objecto de um telefonema, durante o velório – Vitoriano Suarez Montero –merecia que tivesse mais covilhanenses, e por que não a edilidade covilhanense, para além de mais dirigentes antigos e actuais do clube serrano, sendo que alguns estiveram presentes e colocaram sobre a sua urna a bandeira do seu clube de sempre – o Sporting Clube da Covilhã.

( In “Tribuna Desportiva” de 15.11.2011, e no “Notícias da Covilhã” e “Jornal do Fundão” de 17.11.2011)

2 comentários:

Unknown disse...

Embora com algum atraso, não posso deixar de endereçar condolências pela partida deste senhor. Jamais o vi actuar mas recordo-me bem do seu nome como fazendo parte das equipas do SCC durante muitos anos. Aproveito para saudar a pessoa que escreveu a notícia, pois não fora a sua acção e o desaparecimento de Manteigueiro ter-me-ia passado despercebida. Obrigado e um abraço.

Unknown disse...

Embora com algum atraso, não posso deixar de endereçar condolências pela partida deste senhor. Jamais o vi actuar mas recordo-me bem do seu nome como fazendo parte das equipas do SCC durante muitos anos. Aproveito para saudar a pessoa que escreveu a notícia, pois não fora a sua acção e o desaparecimento de Manteigueiro ter-me-ia passado despercebida. Obrigado e um abraço.